segunda-feira, julho 08, 2019

IGH de Petrolândia completa 3 anos e comemora com palestra de Edson Mendes, música de João Pernambuco e teatro Telma Rodrigues

Criado em 9 de Julho de 2016, o Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia reuniu diretores, apoiadores e amigos de Petrolândia para uma comemoração dos seus três anos de vida e também homenageou o município de Petrolândia que completa 110 anos.

O encontro foi realizado no dia 5 de Junho no Centro Cultural Hildebrando de Menezes, no auditório Cecídio Rubens, antigo político de Petrolândia, de que foi vice-prefeito, muito querido no município com uma programação de elevado nível e dentro dos princípios que norteiam a criação e a vida deste Instituto que primam em preservar a história e a memória deste município centenário e da região no seu entorno.

De Paulo Afonso ali estavam o presidente da Academia de Letras, professor e escritor Antônio Galdino da Silva, o presidente do IGH Paulo Afonso, historiador e escritor João de Sousa Lima e a professora e geógrafa Marta Tavares, Secretária do IGH Paulo Afonso...

A comemoração dos três anos de criação do IGH de Petrolândia foi fiel aos seus princípios: falar sobre a história deste município e isso aconteceu através de uma palestra realizada pelo pauloafonsino/petrolandense Edson Mendes, das músicas trazidas por Francis Rubens, Sandro Menezes, do canto e da dança de Renata Heli e do teatro Telma Rodrigues, de Jatobá, fundado por Eva Wilma e Antonio Pankararu, que falou das dores dos petrolandenses ao verem sua história, seus valores culturais, as marcas dos seus ancestrais sumirem nas águas da Barragem de Itaparica, que transformaram a centenária antiga Jatobá, a Petrolândia, a cidade de Pedro, em homenagem ao Imperador D. Pedro II, em uma cidade submersa... De vez quando, no tempo das poucas águas, a bela igreja se ergue como um monumento em protesto à destruição da história em nome do progresso...

Edson Mendes, membro da ALPA e do IGH de Paulo Afonso, agora também do IGH de Petrolândia e de outras instituições culturais do Recife e do Brasil não encurtou as palavras para homenagear a terra que o acolheu por quatro anos quando ali trabalhou como gerente pioneiro do Banco do Brasil e onde também dirigiu o time do Independente Futebol Clube de quem lembra de alguns jogadores, um deles um zagueirão chamado Assis Ramalho.

Ao voltar a Petrolândia, a convite da ex-colega do Banco do Brasil, hoje presidente do IGH Petrolândia para fazer a palestra no 3º aniversário dessa instituição, Edson Mendes teve a agradável surpresa de ser entrevistado pelo ex-zagueiro do seu Independente Futebol Clube, Assis Ramalho hoje um dos blogueiros mais conhecidos de Petrolândia e ele estava lá no auditório Cecídio Rubens, gravando tudo... (Veja: www.assisramalho.com.br).


Em sua palestra com o título No Coração do Brasil ou História de Petrolândia – Petrolândia 110 anos – Apontamentos para uma história do Brasil, Edson Mendes levou a todos para uma fantástica viagem às origens desta região ribeirinha do rio São Francisco que seria o grande caminho das águas, o rio da integração nacional, a ligação das terras sertanejas com as serras e planícies do sul e sudeste do Brasil.

Guiados por Edson Mendes os conterrâneos e parentes de Cecídio Rubens e os convidados de Paula Rubens, puderam viajar pelos séculos, desde os primórdios do Brasil, nos tempos das capitanias hereditárias, pelos caminhos percorridos por Agamenon Magalhães, D. Pedro II, Delmiro Gouveia, Hildebrando de Menezes. Todos chegaram à Estrada de Ferro Paulo Afonso e percorreram as terras alagoanas de Mata Grande quando ela se chamava Paulo Afonso e depois foram às usinas hidrelétricas, da Paulo Afonso de hoje, na Bahia para dali, num pulo, se chegar às terras do Povoado Juá...

E tudo ao som das canções de João Pernambuco, Catulo da Paixão Cearense (que era maranhense) e no balanço do xaxado, tido com o ritmo dos cangaceiros de Lampião, eternizado nas canções de Luiz Gonzaga, que ali, no auditório Cecídio Rubens foi ritmado pelos violões de Francis Rubens e Sandro Menezes, e o canto e a dança de Renata Heli.


E Edson Mendes, que foi chamado de filho da região, se declarou neto ou descendente de ancestrais que há séculos tiveram suas raízes nessas terras sertanejas, “o coração do Brasil, esse mesmo coração do Brasil que abriga todas essas grandezas”.


Foi uma tarde admirável de lembranças e encontros. Lembranças, relíquias, que o IGH Petrolândia procura resgatar o que o progresso e a ganância de muitos ainda não conseguiram destruir.


Conhecendo um pouco mais o IGH Petrolândia

Em sintético relatório apresentado na abertura da programação, a presidente do IGH PETROLÂNDIA, Paula Francinete Rubens de Menezes informou que esta instituição “é uma organização voltada para o estudo e pesquisa da História e Geografia de Petrolândia, de modo a oferecer, de forma gratuita, ao poder público, estudantes, professores e ao publico em geral, uma fonte confiável de conhecimento sobre o município, além de garantir a preservação de documentos relacionados à história da região e do Brasil e tem como objetivo preservar a memória e promover estudos para o desenvolvimento e difusão do conhecimento da História, Geografia e ciências a fins, especialmente do município de Petrolândia, assim como atuar em defesa do meio ambiente, da cultura e o seu patrimônio.”

Paula Rubens também disse que “a diretoria do IGH PETROLÂNDIA é a mesma eleita quando de sua criação e está assim formada:

Paula Francinete Rubens de Menezes – Presidente

Antonio Francisco de Lima (Tony) – Vice-Presidente

Maria Lúcia Xavier Feitosa – Secretaria

Ezequiel Carlos de Oliveira – Segundo Secretário

Maria Liduina da Silva – Tesoureira”
“Nesses três anos de existência, o IGH tem realizado pesquisas junto a vários órgãos, entre eles, a UFPE, Arquivo Público Estadual, Fundação Joaquim Nabuco, Instituto Arqueológico Geográfico e Histórico de Pernambuco, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, ONG Museu da Pessoa, além dos arquivos da Prefeitura, Câmara Municipal e Sindicatos locais, que resultaram em vários trabalhos, tais como: Lançamento do Site IGH Petrolândia - Onde estão disponíveis fotos, mapas, publicações e documentos sobre a história de Petrolândia e o Resgate do Pastoril - Pesquisa que resultou na criação do GrupoPASTORIL ESPERANÇA, formado por crianças do Bairro Nova Esperança, local de população carente e desassistida por políticas públicas.” (Acesse o site: www.ighpetrolandia.org) 


Paula Rubens também apresentou projetos permanentes que o IGH Petrolândia vem desenvolvendo:

MUSEU DA PESSOA - Registro da história de moradores de Petrolândia na internet através da plataforma do site WWW.museudapessoa.net, onde relatos, fotos, áudios e vídeos são preservados, de modo que a história da cidade vai sendo contada através da história das pessoas.

MEMÓRIA NA ESCOLA - Realização de palestras e assessoria em projetos escolares que tenham por objetivo levar aos estudantes o conhecimento da história de Petrolândia.

PROJETOS em desenvolvimento:

A HISTÓRIA NA RUA - Pesquisa e registro da história de quem deu nomes às ruas, de modo a permitir o expor a história nas placas de identificação das ruas.

MEMÓRIA DO MOVIMENTO SINDICAL – Levantamento e digitalização e disponibilização em meio virtual do acervo documental e áudio visual do Pólo Sindical do Submédio São Francisco.

FAUNA E FLORA TAMBÉM TEM HISTÓRIA - Levantamento do material existente no Pólo Sindical sobre a fauna e a flora da região antes da inundação.”

Paula Rubens concluiu dizendo que com a sua iniciativa e de um grupo de pessoas preocupadas com o resgate e a preservação da história e da memória da centenária Petrolândia.

“Esperamos com isso estar contribuindo para novos estudos, produções e publicações capazes de lançar luzes sobre a história ” sui generis” da nossa cidade”.

(Acesse: www.ighpetrolandia.org)


O Grupo de Teatro Telma Rodrigues, conta um capítulo especial da história de Petrolândia, uma cidade submersa

Um grupo de senhoras de idade já avançada e de jovens, adolescentes e até crianças, criado na cidade de Jatobá, que herdou o antigo nome de Petrolândia, grupo fundado por Eva Wilma e Antonio Pankararu, chegou ao auditório Cecídio Rubens onde o IGH de Petrolândia se reunia para comemorar os seus três anos de vida.

E esse grupo veio trazer a sua mensagem que, no fundo, era também a mensagem de todos que lotavam este auditório: o sentimento de perda de valores que nem o dinheiro, nem novas terras para plantio, nem casas e cidade novinha pagam. Como a saudade da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, cenário de tantas promessas e orações de gratidão, de tantos casamentos e que, de vez em quando, nos tempos das poucas águas, ressurge, imponente, como um grito contra o progresso desenfreado e a ganância dos homens. (foto: www.assisramalho.com.br)


Petrolândia, a cidade de Pedro, nomeada para homenagear o Imperador D. Pedro II, hoje, também no mês de julho, completa 110 anos e toda essa história, as marcas dos familiares desses que hoje moram na cidade nova ou na nova Jatobá, devem ter ouvido dos seus avós o que falou o Padre Cícero do Juazeiro do Norte. Que um dia, o sertão ia virar mar...

E um dia, chegou o pessoal da Chesf dizendo que a empresa ia dar uma casa nova, um terreno pra plantar e colher, até um bocadinho de dinheiro, uma cidade novinha e que todos precisavam sair porque uma grande barragem foi feita para juntar a água do rio São Francisco e todos precisavam se mudar.

E foi muita água. 11 bilhões de metros cúbicos. Pronto. O sertão virou mar. E o mar das águas do rio São Francisco cobriu as casas, as escolas, as igrejas, as ruas, as roças, os caminhos desse sertão...

Como o trabalho do IGH de Petrolândia é o resgate da história, da memória desse lugar, é oportuno que se dedique esse espaço a esses atores e atrizes que vieram contar a história desses perdas irreparáveis... (Fotos de Antonio Vital Neto)

Por Antônio Galdino
Folha Sertaneja

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