sexta-feira, julho 19, 2019

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco elabora relatório que aborda a situação estrutural da obra de transposição

Obra da transposição em Salgueiro no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio

Relatório elaborado pelo Comitê da Bacia do Rio São Francisco — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio


Um relatório feito pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) aponta desperdícios nas obras de transposição do Rio São Francisco. Depois de 12 anos, os trabalhos ainda não foram concluídos. Na Zona Rural de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, o canal não foi construído e água ainda passa por uma caminho de terra.

As vilas produtivas rurais, criadas para abrigar cerca de 5 mil pessoas, que tiveram que deixar as terras por causa da obra, também não funcionam como foi prometido. "A gente morava no que era nosso, tínhamos as nossas casas próprias, e fomos retirados pra vim morar aqui no intuito de um bom lugar, com posto médico funcionando, escolas, estradas, transporte escolar, e nada disso funciona, continua a mesma coisa, o mesmo descaso de antigamente”, conta o agricultor Damião dos Santos.

Também no Eixo Norte, estruturas tiveram que ser reconstruídas. É o caso do canal que se rompeu em agosto do ano passado, e causou um desperdício enorme de água. O paredão do reservatório de negreiros, em Salgueiro, está passando por reparos por causa de um vazamento que tirou 35 famílias de casa, às pressas. O risco era de rompimento. Nove meses se passaram desde o incidente e o serviço ainda não acabou.

"Eles estão realizando os reparos. Dizem que tem até o prazo aí pela integração, que é pra colocar água agora em junho, mas diz que essa vai ser feita em três etapas, agora aí o período de quanto tempo vai ser feita essas etapas eu não sei te dizer”, relata a agricultora Maria Auxiliadora de Vasconcelos.

Os trechos da transposição que já apresentaram problemas e aqueles que ainda não foram concluídos são citados no relatório do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O documento aponta outros erros da execução da obra e possíveis dificuldades na gestão e na distribuição de água. O relatório foi elaborado por um hidrólogo com acompanhamento de integrantes do Comitê analisou a evolução histórica e as operações propostas pela transposição da Bacia do Rio São Francisco com objetivo de combater a seca nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

O Projeto para Integração do Rio São Francisco é uma obra inacabada tanto do ponto de vista físico como institucional, embora o Governo Federal costume agir como se ela já estivesse concluído. O relatório também diz que o projeto foi superdimensionado, feito para receber volume de água, muito superiores dos que devem escoar nos canais. O documento afirma que seria necessária a conjunção de cheia excepcional na bacia do São Francisco e de fortes nas bacias receptoras para que a estrutura recebesse grandes montantes de água, sem correrem prejuízos. Dos quatro estados que devem ser beneficiados pela transposição, apenas o Ceará estaria preparado para receber e gerenciar a distribuição de água.

O comitê recomenda uma revisão do projeto. “ No sentido de apresentar propostas viáveis não somente para a efetividade da distribuição de água, através dos canais da transposição, mas, principalmente, para que a revitalização de toda a bacia hidrográfica e seus afluentes, seja eficiente".

O Ministério da Integração informou em nota que os dois eixos de transposição e a transferência de água do Projeto de Integração do Rio São Francisco já estão em pré-operação e que nesta fase é necessário fazer ajustes e verificação de equipamentos hidromecânicos e que é natural que ocorra interrupções temporárias em algumas estruturas. O Ministério diz também que todos os serviços serão concluídos no segundo semestre deste ano. Ainda segundo o ministério, há dois anos, o eixo leste, regiões de Pernambuco e da Paraíba, com mais de um milhão de moradores são beneficiados.

Por G1 Petrolina

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