terça-feira, junho 18, 2019

Brasil é caldeirão prestes a explodir, afirma presidente da OAB

Santa Cruz diz que povo está frustrado com Bolsonaro

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, 47, vê uma situação de perigo no Brasil. Para ele, o atraso de uma retomada mais forte do crescimento econômico pode provocar colapso e ruptura social. "O Brasil é um caldeirão prestes a explodir".

Para Santa Cruz, que participa do Conselho Estratégico da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o governo Jair Bolsonaro (PSL) perde tempo com "bobagens ideológicas e radicalizadas" e precisa "tratar do que importa, que é emprego e renda".

Filho de uma vítima da ditadura militar, o advogado foi presidente da OAB do Rio de Janeiro. Quando ocupava este cargo, pediu a cassação do mandato do então deputado Jair Bolsonaro por causa da homenagem ao coronel Brilhante Ustra, apontado como um dos maiores torturadores do regime militar, na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Acabou por assumir o comando da OAB nacional um mês depois da posse de Bolsonaro na Presidência da República. A defesa que a família Bolsonaro faz da ditadura incomoda o presidente da Ordem. "Isso para mim é imperdoável", afirma Santa Cruz.

A OAB apresentou um estudo sobre o pacote anticrime enviado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, ao Congresso. A entidade contesta propostas como a prisão após a condenação em segunda instância e mudanças no instituto da legítima defesa para agentes de segurança pública.

PAÍS À DERIVA

Santa Cruz ressalto que o governo Bolsonaro é legitimamente eleito. E, para mim, ele encarnou dois sentimentos. Um ligado à segurança pública, muito importante, principalmente nas grandes cidades do país e no Nordeste. Eu viajo muito, o país está muito assustado com a insegurança, a violência e a criminalidade, que ficam mais agudas com a crise fiscal.

E na outra ponta, uma pauta mais liberal na economia. Parte da classe média brasileira e parte das classes que ascenderam no início desse século, insatisfeitas com a qualidade dos serviços públicos, saúde e educação, a partir do momento em que se globalizaram um pouco mais e viram outros países, passaram a ter uma pauta mais liberal na economia.

Houve um acordo, digamos, conservador por um lado e liberal por outro. Às vezes, o discurso se perde do central, que deveria ser a pauta econômica, a retomada do crescimento, o desemprego, medidas que venham a destravar a burocracia estatal, medidas que incentivem a liberdade econômica, a liberdade de iniciativa. Algumas até estão sendo discutidas pelo Ministério da Fazenda e por nós advogados que entendemos desse assunto.



Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

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