quarta-feira, maio 08, 2019

Reitores de Pernambuco convocam para Dia D sobre importância das universidades, marcado para o dia 21 deste mês

Reitores se reuniram para articular medidas que chamem a atenção da população sobre a importância das universidades - Foto: Kleyvson Santos/Folha de Pernambuco

Reitores de cinco universidades de Pernambuco convocam a comunidade acadêmica e a sociedade em geral para um Dia D de mobilização contra os cortes nos orçamentos das instituições federais anunciados pelo Ministério da Educação no último dia (30). O ato, marcado para o dia 21 deste mês, tem como objetivo alertar a população sobre a importância das universidades para o País.

O anúncio foi feito pela reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Maria José de Sena, que realizou, na manhã desta quarta-feira (8), uma reunião na sede da instituição, no bairro de Dois Irmãos, Zona Norte do Recife. Também participaram do encontro os reitores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anísio Brasileiro; Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Julianeli Tolentino de Lima; Universidade de Pernambuco (UPE), Pedro Falcão; e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), padre Pedro Rubens; além do secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, Frederico Amâncio.

Somente na UFRPE, que possui 17 mil alunos entre ensino médio, graduação e pós-graduação, o corte anual é de R$ 27,94 milhões de acordo com a reitora. Ainda segundo Maria José de Sena, a universidade tinha R$ 90,46 milhões para receber este ano, mas, com os cortes, as atividades não deverão durar até novembro deste ano. “Nós já vivenciávamos uma situação de contingenciamento nas universidades. Não há mais de onde cortar. Essa redução orçamentária praticamente inviabiliza o funcionamento das universidades. A sociedade precisa compreender a gravidade desse cenário”, relatou.

Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o bloqueio foi de R$ 55,8 milhões. De acordo com o reitor, Anísio Brasileiro, a situação da universidade é "dramática". “Do corte de R$ 55,8 milhões, R$ 50 milhões eram para custeio de manutenção com energia, água, segurança e limpeza, já os R$ 5,8 milhões eram para equipamentos e obras. O corte inviabiliza, a partir do mês de setembro, o funcionamento da instituição”, afirmou. “Nós teremos todas as nossas atividades acadêmicas comprometidas, como as pesquisas, os laboratórios integrados ao Hospital das Clínicas ou áreas ligadas à prestação do serviço à população que vão ser fortemente impactadas”, relatou Anísio.

De acordo com o secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, Frederico Amâncio, a preocupação é que o contingenciamento orçamentário afete a educação em todo o País. “De imediato, esse corte está afetando fortemente as universidades federais, mas também já temos notícias sobre restrição de recursos que afetam a educação básica”, afirmou.

Na reunião, foram discutidas estratégias de ações conjuntas para o fortalecimento da educação pública e a defesa das universidades federais em Pernambuco. Entre elas, a ida às ruas no Dia D para a sensibilização da sociedade sobre a importância das universidades federais através da exibição dos resultados de pesquisa e projetos de extensão e a organização de eventos com a popularização da ciência em espaços públicos. Outros pontos discutidos foram o fortalecimento da articulação interinstitucional e o engajamento das comunidades universitárias.

A estudante do 5º período de Biologia da UFRPE Carla Lins lamenta os cortes e afirma que ela e os colegas serão bastante afetados. "Prejudica de muitas formas porque precisamos de muitas verbas", diz. "Muitos estudantes fazem pesquisa e precisamos de uma verba destinada para comprar várias coisas para dar continuidade. É uma coisa bem assustadora e complicada", afirma.

Mobilização
Através de uma mobilização realizada nas redes sociais, estudantes da UFPE, UFRPE e Univasf irão às ruas neste sábado (11) para mostrar à população algumas pesquisas e projetos desenvolvidos nas universidades. O movimento, iniciado pelo Instagram com contas que mencionam ironicamente a palavra “balbúrdia”, em referência ao termo utilizado pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre o corte de verbas das universidades, mostram projetos de extensão realizados por alunos e a importância deles para o País.

Ao todo, o bloqueio de verba soma em todo Brasil cerca de R$ 2,2 bilhões. A ação ocorre nas cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife; e em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata. Na segunda-feira (6), estudantes da UFPE se reuniram no Centro de Educação, no campus Recife, em uma assembleia geral para se unirem contra o corte de verbas e discutirem sobre uma possível paralisação da educação.

Por: Isabelle Barbosa, Fabio Nóbrega e Samantha Oliveira/ Folha dePE

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