quinta-feira, maio 23, 2019

Afastamento de igreja evangélica pode ter motivado chacina em Paracatu


Paracatu (MG) — A cidade de Paracatu, na Região Noroeste de Minas Gerais, ainda tenta assimilar a tragédia que resultou na morte de quatro pessoas na noite de terça-feira (21/5), no Bairro Bela Vista. A Polícia Civil suspeita de que Rudson Aragão Guimarães, 39 anos, cometeu os crimes devido a um atrito com o pastor da Igreja Batista Shalom há dois meses, que resultou no seu afastamento da liderança do espaço religioso. A hipótese foi reforçada por fiéis do templo evangélico. Inicialmente, a o feminicídio contra a ex-mulher dele está descartada, segundo a delegada de Homicídios da 2ª Delegacia Regional de Paracatu, Thays Silva, responsável pelo caso.


"A motivação é o que mais nos intriga no momento, mas durante as investigações conseguiremos evoluir nesse sentido. A princípio, tudo aconteceu devido à sensação de exclusão que Rudson sentia por parte da igreja. Ele foi retirado de um cargo que ocupava na comunidade e excluído de grupo de Whatsapp da igreja. Isso gerou uma indignação grande e chegou ao ápice ontem (terça-feira), quando ele estava bastante alterado e cometeu os crimes", disse a delegada Thays Silva.

Membro da Igreja Batista Shalom, Yuri Jordão, 45 anos, diz que Rudson ocupava o cargo de intercessor na igreja. Ele auxiliava o pastor, Evandro Rama, a conduzir orações para os fiéis. Há dois meses, no entanto, após ser alertado de problemas pessoais do assassino, Evandro o retirou da função. Tentou auxiliá-lo, mas Rudson não se mostrou interessado nos conselhos do pastor. Sendo assim, Evandro o expulsou da igreja. "A partir daí, o Rudson passou proferir ofensas ao pastor nas redes sociais. Fez várias publicações o ofendendo, o que deixou o pastor muito assustado. Por alguns dias, as atitudes do Rudson cessaram, e nós achamos que tudo estava acabado. Mas aí, ontem ele se rebelou", lamentou Yuri.

A primeira vítima de Rudson foi a ex-mulher dele, Heloísa Vieira Andrade, 59. As investigações iniciais descartam que ela tenha sido morta em virtude da condição de gênero, o que caracterizaria o feminicídio. “Não havia medida protetiva contra o suspeito, incidência de violência doméstica ou discriminação à mulher, mas destacamos que a motivação exata continua em apuração”, explicou a delegada.

Rudson matou três pessoas dentro da Igreja Batista Shalom. O pastor Evandro, que era um dos seus alvos, conseguiu escapar. Revoltado com a fuga do pastor, Rudson abriu fogo contra os fiéis e matou o pai de Evandro, Antônio Rama, 67; Rosângela Albernaz, 50; e Marilene Martins de Melo Neves, 52. A tragédia poderia ter sido maior, pois outras 17 pessoas estavam na igreja e o homicida ainda tinha seis munições intactas. Policiais militares que faziam patrulhamento nas redondezas do prédio impediram o pior e alvejaram Rudson.

De acordo com o boletim médico mais recente emitido pelo Hospital Municipal de Paracatu, o assassino está internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) após ter sido submetido a cirurgia. No momento, ele se encontra clinicamente estável e respira sem a ajuda de aparelhos. O hospital não tem previsão de quando Rudson receberá alta.

Depoimento

De acordo com a Polícia Civil, Rudson Aragão foi ouvido no hospital de Paracatu, onde esteve internado, e foi imediatamente autuado em flagrante pelo crime de homicídio qualificado pelas quatro vítimas, com incidência de duas qualificadoras: motivo fútil e impossibilidade de resistência das vítimas. Já a tentativa de homicídio, com as mesmas qualificadoras com relação ao pastor, todos em continuidade delitiva.

Por Estado de Minas

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