Felipe Rocha está entre as 13 pessoas que foram detidas em duas ocasiões durante as investigações e liberadas por força de habeas corpus conseguido no Superior Tribunal de Justiça. Em oitiva no Senado, ele contou que os riscos da Barragem 1 foram apresentados no Painel de Especialistas Internacionais em que estavam presentes toda a área de geotecnia operacional, além de representantes e lideranças da geotecnia corporativa.
Acrescentou que no último dia do painel, quando é feita reunião de fechamento para apresentação dos riscos e decisões, estavam presentes o diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão, Lúcio Flávio Gallon Cavalli, e o diretor de Operações do Corredor Sudeste, Silmar Magalhães Silva. Os dois foram afastados do cargo junto de outros funcionários e do presidente da Vale à época do desastre, Fábio Schvartsman, por recomendação de promotores, procuradores e delegados responsáveis pelo caso.
Os riscos foram apresentados ainda, segundo Felipe Rocha, no Subcomitê de Riscos Operacionais, chefiado pelo gerente-executivo Eduardo Montarroz e do qual era membro também o gerente-executivo de Governança de Geotecnia Corporativa, Alexandre de Paula Campanha, também preso e solto por habeas corpus. Felipe Rocha destacou que foram apresentados nesse comitê os riscos das barragens que estavam posicionadas na zona de atenção, sendo a Barragem 1 uma dessas estruturas. Depois dessa reunião, a mesma informação foi repassada ao Comitê Executivo de Riscos da Vale, do qual Alexandre Campanha também era integrante, segundo o depoimento.
O engenheiro se disse ainda incomodado com o fato de o diretor de Relações Institucionais da Vale, Luciano Siani, ter comentado em uma coletiva de imprensa que não sabia do painel de especialistas ocorrido em novembro do ano passado, embora o relatório de sustentabilidade da Vale, assinado pelo presidente, mencione que a mineradora usa o painel para tratar de barragens. “Esses pontos me fazem afirmar que os riscos da Barragem 1, apesar de não serem iminentes – eram riscos possíveis – foram apresentados tanto para a diretoria quanto para a diretoria-executiva”, ressaltou.
Duas operações comandadas pelo Ministério Público em níveis federal e estadual e Polícia Civil resultaram na prisão de 11 funcionários da Vale e dois engenheiros da consultora alemã Tüv Süd, nos meses de fevereiro e março. Todos foram soltos dias depois por habeas corpus, cujo mérito foi negado pela 7ª Câmara Criminal Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A volta imediata à penitenciária foi decretada em meados do mês passado e os investigados chegaram a se entregar para o cumprimento do restante da prisão temporária. Poucas horas depois de serem reintegrados ao sistema prisional, nova liminar do STJ liberou os 13 novamente.
Por Estado de Minas
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