Por: Fernando Batista
Você, leitor, pode até se perguntar como um homem teria a grande pretensa de escrever sobre mulheres se não faz a mínima noção de como é ser mulher?
Particularmente o faço, uma vez que estou convencido de que o preconceito contra a mulher, a misoginia, é de longe o mais sólido, o mais histórico, o mais arraigado e o mais definidor de todos os preconceitos da espécie humana.
Urge refletir não apenas sobre a mulher, mas principalmente sobre a desgraça que é o machismo e o que ele causa. Certa feita, li um “post” em um perfil no facebook que dizia: “Segurem suas cabritas que o meu bode ta solto”. A legenda fazia referência a uma criança do sexo masculino. Pasmem! O perfil era da mãe, sim, de uma mulher. O que me levou, de pronto, a uma grave e triste realidade: o machismo pode também ser coisa de mulher.
Cocei os dedos como que quisesse escrever: “Querida mãe, seu filho não é um bode, as coleguinhas dele não são cabritas. Ensine seu “pequeno” a ser homem, antes de ser macho. Macho é definição para animais e, a julgar pela aparência, ele é bem humano. Certamente teria arrumado um problema, ou, na melhor das hipóteses, [perdido] uma amiga.
Ser macho, creio, relaciona-se a qualquer animal do sexo masculino. Ser homem está relacionado bem mais a caráter, conduta, comportamento, índole, personalidade.
Simone de Beauvoir (escritora, filósofa existencialista) diz que a feminilidade como a conhecemos é uma construção social, isto é, a subordinação de mulheres a homens, não representa um estado natural e imutável, mas é resultado de forças sociais. No entanto, a mulher precisa se libertar do ideal caricato que foi imposto pela sociedade. Por exemplo, achar que todas as tarefas do lar devem ser realizadas, obrigatoriamente, pelas esposas, tais como dar banho na criança, trocar fraldas, lavar a louça e todos os outros afazeres e responsabilidades, como que fossem destinadas exclusivamente às mães [mulheres].
Não sendo suficiente, a sociedade impõe a cultura do corpo perfeito, das “misses” como padrão feminino a ser seguido. Esses paradigmas são uma visão arbitrária e opressiva às mulheres, simplesmente com o fundamento de uma exploração comercial que busca orgasmos pífios de consumo imediato.
Faz-me lembrar o famoso episódio conhecido como Bra-burning ou “a queima dos sutiãs”, um protesto no ano de 1968, onde mulheres americanas protestaram contra um concurso que elegia a americana mais bonitinha daquela época. A queima de fato não aconteceu, mas a atitude foi incendiária. Oxalá, todas as mulheres tivessem essa força incendiária que alumiasse as mentes para que nenhuma delas sejam subalternas a caprichos e concepções sexistas, jamais.
Fernando Nivaldo
Blog de Assis Ramalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.