sexta-feira, março 15, 2019

Petrolândia: Lamentavelmente, mais uma tragédia abala o País! Artigo de Maria Leice Gonçalves Lopes


Por: Maria Leice Gonçalves Lopes

Lamentavelmente, mais uma tragédia abala o País!

De ontem para hoje eu já vi diversas pessoas mencionando “n” motivos que teriam levado aqueles adolescentes a cometerem tamanha atrocidade, na escola estadual de Suzano/SP.

Cada um dos motivos tem um quê de verdade.

Senão, vejamos:

Um dos assassinos seria fã da família de Bolsonaro, em cuja campanha não faltaram gestos que considero gravíssimos, a despeito de estarem estampados em fotos e vídeos. Já vi, inclusive, foto de jovens de igreja protestante repetindo o mesmo gesto, o que acho um absurdo!


Assim, não é surpresa pra ninguém que aquilo se configure em um estímulo à violência, agravado pelo fato de que Bolsonaro também seria a favor da liberação da compra de armas, e facilitar esse comércio seria uma promessa de campanha.

Não bastasse isso, viralizou uma foto em que o então candidato ensinava o mesmo gesto (o de empunhar uma arma, com o dedo prestes a disparar o gatilho) a uma criancinha de braço!

Ainda assim, ele foi eleito Presidente!

A atração por armas e a admiração por um presidente que comunga do mesmo gosto pode ter contribuído para isso, não?

Mas a barbárie poderia também ter sido motivada por jogos violentos a que estão acostumados os jovens de hoje, afirmam alguns.

A prática desses jogos - se não for controlada pelos pais - pode levar esses jovens a abrirem mão de uma vida social, vez que passam horas a fio no entretenimento, esquecendo-se, por vezes, até de dormir e deixando de cumprir suas obrigações para com o estudo e para com outros afazeres mais saudáveis, como a prática de esportes.

Mas, o que é pior, esse confinamento e isolamento a que os jogos, fatidicamente, levam essas pessoas, podem ser altamente nocivos quando os seus conteúdos forem pautados na violência.

Daí a necessidade de haver um controle por parte dos pais nesse sentido, de forma que não fiquem alheios à possibilidade de os filhos estarem vivendo e convivendo com uma violência virtual, a qual, eventual ou gradativamente, pode ser transportada para a realidade.

Não se deve permitir, em hipótese nenhuma, que haja uma banalização da violência e do desamor!

Fala-se muito também da falta de autoridade dos pais, dos professores etc. Ou seja, diz-se que hoje não é mais como antigamente, quando os filhos obedeciam aos pais.

De fato! Lembro-me bem que eu, como muitos da minha geração, fui criada com muito mais rigor do que criei os meus filhos. Só para se ter uma ideia, não obstante o meu pai nunca tenha me dado uma leve palmada, bastava que me olhasse de modo mais severo, para que eu me recolhesse no meu cantinho e não abrisse mais a boca para nada, mesmo que me julgasse com a razão! A minha mãe, idem: Tinha tanta autoridade que eu a considerava por demais poderosa! Tanto, que do alto da minha inocência, a julgava meio que imortal... Eram reflexos do respeito e da veneração que eu sentia por ela quando criança. Na verdade, mesmo adulta, eu evitava pensar que ela um dia poderia morrer... achava que nunca fraquejaria... que nunca definharia...

Pois bem, deixando as lembranças e a emoção de lado, os filhos de outrora temiam muito mais a autoridade dos pais! Esse medo e, por consequencia, o respeito, foram se diluindo nos ares dos novos tempos, quando se prioriza o diálogo e se evita bater nos filhos.

Bem ou mal, tampouco quero tomar partido quanto ao que é certo ou errado, se se deve ou não bater nos filhos. Tenho em mente que o importante da questão é que não falte educação, não falte acompanhamento nem controle por parte dos pais com relação aos seus filhos. Estes são seus dependentes não apenas financeira, mas também emocionalmente, bem como em todos os sentidos.

E isso, não apenas na infância, mas também na adolescência - fase difícil e de vital importância - em que suas personalidades ainda estão sendo formadas. Saliente-se que eles precisam de orientação, ainda que digam o contrário.

Na realidade, nós sabemos que eles querem saber muito mais do que nós, mesmo não possuindo todo o aprendizado e sabedoria que somente com a idade e o passar dos anos, conseguimos adquirir.

Contudo, nós, pais, somos responsáveis pela formação moral e religiosa dos nossos filhos e não devemos abrir mão disso! E igualmente devemos aceitar, apoiar e agradecer aos professores que também são de suma relevância nesse processo de formação, nessa fase de desenvolvimento. E enfatizo, tanto na infância quanto na adolescência!

Dessa forma, devemos estar sempre presentes e não podemos ignorar o que o nosso filho anda fazendo, quais são suas companhias, se ele ou ela está realmente indo para a escola, como se comporta lá etc. etc.

Ainda que esteja dentro de casa, na frente de um computador, o perigo pode estar ali!

Aqui está o X da questão: Veja o que ele está jogando, descubra as suas preferências, procure conhecê-lo melhor...

Isso mesmo! Tente descobrir o que ele pensa dos coleguinhas, dos professores... desde os primeiros passinhos! Isso é amor, é atenção! Nos importamos com os nossos filhos e não devemos nos furtar de deixar transparecer essa preocupação. Por que poupá-los disso? Deixem que os seus filhos se preocupem em não deixá-los preocupados, pais! Isso é bom!

E demonstrem seu amor, sim! Por que não?

Sabe-se que na adolescência eles costumam sentir vergonha da proteção dos pais, perante seus colegas. Mas para nós seria extremamente gratificante se eles percebessem que seus maiores amigos somos nós, seus pais. Assim, por exemplo, se um deles estivesse sofrendo bullying na escola, certamente ele lhe diria, não é mesmo?

Aliás, o bullying sofrido teria sido outro motivo para aquela carnificina, como ex-alunos que eram da escola, os dois rapazes.

Mas enfim! Quando acontece uma tragédia como essa, a gente se assusta! Será se estou sendo um bom pai para o meu filho? De que forma poderia protegê-lo ainda mais?

Claro que os pais daqueles rapazes nunca devem ter pensando que eles seriam capazes de uma violência daquelas! Se eles tivessem outra oportunidade, certamente iriam fazer o que muitos pais estão fazendo agora: revendo seus conceitos, sua forma de educar e buscando preparar melhor os filhos para viverem nessa selva de pedra que é o mundo hoje!

Então! Seja o que for que tenha levado isso a acontecer, que sirva de alerta para os pais! Que façam como minha mãe fazia, muito acertadamente: “se brigar na rua ou na escola, apanha quando chegar em casa!” “Se brigar com o irmão, eu boto os dois de castigo, abraçados!” Isso tudo que ela ensinava era a forma de dizer que a violência só traz guerra e destruição! E que o amor é que deve ser a tônica das nossas vidas!

Maria Leice Gonçalves Lopes,


Maria Leice Gonçalves Lopes - é advogada/ bancária e esposa do cirurgião-dentista Fábio Odilon Lopes

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