Muitas pessoas acompanham chegada de Lula ao velório do neto do ex-presidente, em São Bernardo do Campo — Foto: Letícia Macedo/G1
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã deste sábado (2), do velório e da cerimônia de cremação do neto, Arthur Lula da Silva, de 7 anos, que morreu vítima de meningite meningocócica. Escoltado, o ex-presidente chegou ao cemitério de São Bernardo do Campo (SP) pouco depois das 11h e saiu às 12h58.
Ao deixar o local, Lula acenou para simpatizantes. Depois, entrou em uma viatura do comboio policial. O helicóptero que levará o presidente Lula até o aeroporto de Congonhas decolou às 13h21 do heliponto da Volkswagen. Ao todo, 275 policiais militares participaram da operação de escolta.
Preso em Curitiba por condenação em 2ª instância na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente recebeu autorização da Justiça Federal para viajar e ir à despedida do neto. A íntegra da decisão, tomada na noite desta sexta-feira (1º), não foi divulgada.
Resumo
Arthur, neto de Lula, morreu por volta do meio-dia de sexta-feira
No mesmo dia, o ex-presidente pediu e obteve autorização para sair da prisão, em Curitiba, e ir ao velório em São Bernardo do Campo (SP)
Neste sábado (2), o avião levando Lula decolou de Curitiba às 7h19 e pousou às 8h31 em Congonhas
Por volta das 10h20, o ex-presidente pegou um helicóptero para ir a São Bernardo do Campo. De um heliponto, ele seguiu em carro escoltado ao cemitério~
Lula chegou ao local pouco depois das 11h e foi aplaudido por militantes que o aguardavam
Lula saiu do cemitério às 12h58. Às 13h20, Lula já havia embarcado em um helicóptero da PM na Volkswagen.
O velório reuniu petistas e amigos de Lula, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos derrotados nas eleições presidenciais de 2018, e os ex-ministros Benedita da Silva, Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha.
Ao deixar a cerimônia, Fernando Haddad (PT-SP) afirmou que Lula está "sentindo como avô e como pai do pai (de Arthur)". Questionado sobre a situação de saúde do ex-presidente, Haddad afirmou que é preciso "acompanhar" a saúde de Lula após o episódio. "Não podemos subestimar diante de uma dor tão tremenda", afirmou.
Segundo relato de um ex-deputado que estava no local, Lula falou durante a cerimônia de cremação, afirmou que provaria sua inocência e disse que o neto foi vítima de bullying na escola. Amigos da família que participaram da cerimônia disseram que, assim que o caixão desceu na cerimônia de cremação, agentes da Polícia Federal já estavam ao lado do ex-presidente para retirá-lo da sala.
"Ele era filho único do casal. Era um menino danado. Sorridente. Lembro dele gargalhando", disse a mulher de um ex-deputado do PT, que não quis se identificar. "Ele era aquele menino que, quando estava com outras crianças, logo estava organizando as brincadeiras", lembrou um ex-deputado que também não quis ser identificado.
Velório
O corpo de Arthur começou a ser velado por volta de 22h desta sexta, no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, e seguia ao longo deste sábado. A cremação estava prevista para o meio-dia.
Muito emocionados, os pais de Arthur passaram a manhã ao lado do caixão. Objetos pessoais do menino foram colocados perto dele. A sala estava repleta de coroas de flores.
Por volta de 9h, o movimento havia se intensificado na sala do velório. Por orientação da Polícia Federal, apenas familiares puderam ficar lá dentro. O policiamento era grande do lado de fora.
Com comboio da Polícia Federal, Lula chegou ao cemitério por volta das 11h. Ele foi recebido com aplausos por pessoas que aguardavam do lado de fora. Abatido, ele deixou o carro, acenou para os militantes e entrou na sala. Do lado de fora, as pessoas rezaram um "Pai Nosso" e gritaram "Lula livre".
Amigos e políticos
Antes mesmo da chegada do ex-presidente, amigos dele e políticos já estavam no local. Entre eles, estão a ex-presidente Dilma Rousseff, o governador da Bahia, Rui Costa, o ex-ministro Fernando Haddad (PT), candidato derrotado no 2º turno das eleições presidenciais de 2018, e os ex-ministros Benedita da Silva, Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha.
A despedida do neto de Lula reúne ainda petistas como José Genoino, Gilberto Carvalho, José Mentor, José de Fillipi Jr. e o Professor Luizinho, além de Rafael Marques e José Lopes Feijóo, ex-presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os deputados Carlos Zarattini (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP) também estão presentes.
O vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) disse que foi ao local para abraçar Lula.
"Momento de extrema tristeza. Vim aqui para abraçar o presidente Lula. Ontem ainda escrevi ao presidente Jair Bolsonaro que era fundamental, sagrado, constitucional que pudesse Lula estar aqui presente no velório de seu neto Arthur. Uma pessoa tão querida", disse Suplicy.
O candidato derrotado do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, também falou com a imprensa.
"Conversei com a família, dei os pêsames. Felizmente, dessa vez houve um bom senso da Justiça e da Polícia Federal de permitir que o presidente Lula possa vir se despedir do seu neto", afirmou Boulos, referindo-se ao funeral do irmão de Lula, do qual o ex-presidente não conseguir participar devido à demora de decisão favorável do STF.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL) disse que foi preciso um momento de dor para que fosse possível vê-lo e "dar um abraço solidário".
"Da outra vez ele não pôde vir ao enterro do irmão. Foi uma decisão errada da Justiça no Paraná e tardia do STF. O momento da solidariedade à dor humana vem em primeiro lugar. Quem estava na ilegalidade era a Justiça. Isso faz parte da lei das execuções penais. É papel do Estado prover o deslocamento do ex-presidente Lula. Dessa vez eles não tiveram como barrar", disse Valente.
Ida a São Paulo
O pedido feito pela defesa de Lula para ele ir ao funeral do neto citava o artigo 120 da Lei de Execução Penal, que diz que "os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
O ex-presidente está preso em uma sala especial na Polícia Federal (PF) desde 7 de abril de 2018. Neste período, Lula recebeu a visita de Arthur em duas oportunidades.
Ainda na sexta-feira, o Ministério Público Federal deu parecer favorável à saída do ex-presidente, e a Justiça Federal autorizou a viagem, feita com escolta policial.
O avião em que Lula viajou, um Cessna Grand Caravan de prefixo PP MMS que pertence ao governo do Paraná, pousou no Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de São Paulo, às 8h31 deste sábado (2). A decolagem tinha sido às 7h19.
De Congonhas, Lula foi levado no helicóptero da PM até o heliponto da Volkswagen em São Bernardo do Campo, de onde saiu de carro. O veículo foi escoltado por ao menos 10 carros da PM e da PF, além de várias motos.
Morte do irmão de Lula
Em 29 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou Lula a sair da carceragem da PF para ir ao funeral do irmão Vavá. A decisão saiu pouco antes de o corpo de Vavá ser sepultado e, por isso, Lula não conseguiu ir ao enterro.
Na oportunidade, a autorização saiu após o pedido ser negado pela Justiça Federal, na 1ª instância pela juíza Carolina Lebbos, e na 2ª instância pelo desembargador Leandro Paulsen.
Condenações e processos
Lula cumpre pena por condenação em 2ª instância na Operação Lava Jato. Em 24 de janeiro de 2018, o ex-presidente foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex em Guarujá (SP).
Para a Justiça, Lula recebeu propina da empreiteira OAS na forma de um apartamento no Guarujá, em troca de favores na Petrobras. A defesa do ex-presidente nega.
Em 6 de fevereiro, Lula foi condenado em outra ação da Lava Jato: a juíza substituta da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, por receber propina por meio de uma reforma em um sítio em Atibaia (SP). A defesa nega e recorreu à 2ª instância, que ainda não julgou o caso.
Lula ainda é réu em outro processo da Operação Lava Jato em Curitiba, que apura se ele recebeu vantagens por meio de um apartamento e de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula. A obra não saiu do papel.
EU TE AMO MEU PRESIDENTE !,O SENHOR SEMPRE VAI SER O NOSSO MAIOR PRESIDENTE ,MESMO QUE TE MANTENHA PRESO,NÓS SABEMOS MUITO BEM PORQUE ELES TE PRENDEM ,.
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