sexta-feira, março 08, 2019

Entre defesa da Previdência e ataques à imprensa, Bolsonaro anuncia fim de lombadas eletrônicas no país


O presidente Jair Bolsonaro retomou as transmissões ao vivo em sua página no Facebook, expediente utilizado com frequência durante a campanha eleitoral, na noite desta quinta-feira (7). Foi sua primeira manifestação após a repercussão negativa da declaração dada em um evento militar, no Rio de Janeiro, em que afirmou que "democracia só existe se as Forças Armadas quiserem" e também após publicação de vídeo obsceno.

Após se justificar, defendeu brevemente a reforma da Previdência, atacou a imprensa por reportagem que ele considera contra o governo e afirmou ainda que o país não terá mais lombadas eletrônicas em suas vias.

— Há uma quantidade enorme (de lombadas eletrônicas) no Brasil. É quase impossível viajar sem receber multa. E a gente sabe, ou desconfia, que o objetivo não é reduzir acidente — disse.

Segundo ele, os equipamentos que estão em funcionamento serão mantidos até o final dos contratos. Também afirmou que não será permitido às concessionárias de rodovias utilizarem valores que deveriam, por contrato, serem direcionados à manutenção para a instalação de lombadas.

O presidente também informou que o projeto já anunciado para aumentar o período de validade da carteira de motorista de cinco para 10 anos está em fase final de elaboração, no Ministério da Infraestrutura.

Ao comentar a declaração sobre democracia e o papel das Forças Armadas, Bolsonaro recorreu ao principal conselheiro de seu governo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que esteve ao seu lado no vídeo transmitido do Palácio do Planalto. Ele questionou o militar se sua fala "estaria em um caminho errado" e obteve essa resposta.

— Não, claro que não. Não tem nada de polêmico. Ao contrário, foram palavras ditas de improviso (...) colocadas para aqueles que amam a sua pátria, que vivem diariamente a manutenção da democracia e liberdade — asseverou Heleno.

O general citou os casos de Cuba e Venezuela, que possuem regimes classificados como ditaduras e encontram nas Forças Armadas o esteio para sua manutenção.

Ao retomar a palavra, Bolsonaro iniciou sua defesa da reforma da Previdência, afirmando que os militares serão incluídos nas modificações, mas "respeitando as especificidades" do serviço. Ele afirmou que o principal objetivo é combater privilégios e, apesar da soberania do Parlamento, espera que a reforma “não seja muito desidratada”.
Críticas à imprensa

A reportagem que aponta aumento de 16% no uso do cartão corporativo de servidores ligados à Presidência nos dois primeiros meses de governo, em relação aos primeiros bimestres dos últimos quatro anos, divulgada pelo jornal Estado de São Paulo, foi criticada pelo general Augusto Heleno.
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Segundo ele, o aumento ocorreu devido ao período da posse presidencial e a necessidade de preparar a cerimônia no Palácio do Planalto.

— No global (envolvendo cartões usados em ministérios), baixou 28%. A imprensa pegou aquela parte negativa e divulgou — completou Bolsonaro.

A transmissão, que ainda contou com a presença do porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, foi encerrada com uma mensagem às brasileiras. Ao mandar um abraço à mãe, Dona Olinda, fez alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira (8).

Ele não comentou as críticas feitas pelo oposição e por aliados devido à postagem de um vídeo obsceno em sua conta no Twitter na segunda-feira (4) de Carnaval.

Por Zero Hora

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