Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, no rio Paraopeba, ainda está desligada (Foto: Retiro Baixo Energética S.A.)
A pluma de rejeitos da barragem de Brumadinho, Minas Gerais, já chegou ao reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo. A informação foi confirmada na manhã desta segunda-feira (18 de fevereiro), durante reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), da sala de situação do Rio São Francisco. A declaração foi transmitida pela equipe que gerencia a hidrelétrica citada e seu reservatório.
Diante do cenário, a empresa solicitou apoio da ANA a fim de mobilizar e orientar a população local sobre as condições de uso da água do entorno da barragem. Apesar da constatação, existe a pretensão do setor elétrico de retomar a geração de energia na hidrelétrica de Retiro Baixo. Diante da informação, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, considerou a medida ainda “prematura”, tendo em vista a inexistência de análises conclusivas.
Miranda participou da videoconferência no escritório do Comitê, em Maceió (AL) e fez um relato da visita que fez a Brumadinho e região, logo após o rompimento da barragem. “O assunto é muito sério. Estive na região logo após acontecer o fato e vi a população assustada na grande reunião de informações que promovemos em Felixlândia, no dia 4 de fevereiro. Diante disso, considero prematuro o reinício das operações de Retiro Baixo antes que um conjunto de laudos consistentes atestem a qualidade da água, principalmente em atendimento aos parâmetros químicos”, considerou.
O presidente do CBHSF informou, ainda, que os participantes da reunião no município mineiro exigiram da empresa Vale que, o mais urgentemente possível, se contrate a melhor tecnologia existente no mercado internacional para o trabalho de contenção e filtragem dos rejeitos oriundos do rompimento da barragem de Brumadinho. Com respeito, ainda, à chegada das águas do Paraopeba na calha do Rio São Francisco, Anivaldo sugeriu que a ANA e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) implantem uma pequena sala de situação, em um dos municípios do entorno do lago de Três Marias para manter diariamente informados e mobilizados as prefeituras, usuários das águas e população ribeirinha da região.
O superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, ponderou que o tema de Brumadinho, apesar de não ser o foco da reunião da sala de situação, merece uma atenção em particular. Ele não descarta a criação de um grupo semelhante, voltado exclusivamente para a questão de Brumadinho. Gondim adiantou, porém, que a agência federal produz, regularmente, relatórios sobre a situação, os quais são disponibilizados no endereço eletrônico do órgão. “Apesar desse cenário, posso informar que está praticamente descartado qualquer impacto na geração hidrelétrica da usina de Três Marias.”, declarou.
Gondim acatou sugestão do Comitê, no sentido de um acompanhamento mais frequente da evolução dos impactos causados pelo rompimento da barragem na calha do São Francisco, e convocou para a próxima segunda-feira nova reunião, desta vez com a presença de técnicos e representantes do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais (CPRM), da Vale, empresa responsável pelos danos causados em decorrência do rompimento da barragem, além dos especialistas da própria ANA, que estão cuidando do assunto.
Chuvas
A videoconferência também contou com apresentações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre as condições hidrológicas da bacia.
Conforme as apresentações, o registro de chuvas no mês de janeiro ficou abaixo do previsto para o período. Apesar disso, a precipitação foi compensada agora, em fevereiro. Com isso, o ONS definiu as premissas de operação dos reservatórios de Três Marias, em Minas Gerais, com 150 metros cúbicos por segundo (m³/s); Sobradinho, na Bahia, com 719 m³/s; e 700 m³/s em Xingó, em Alagoas.
Texto: Delane Barros/Ascom CBHSF
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