domingo, fevereiro 10, 2019

"Coerente" com pensamento dos militares, desenvoltura do general causa alvoroço entre apoiadores do capitão


Com aproximadamente uma centena de membros com origem nas Forças Armadas com postos estratégicos em ministérios e estatais na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), capitão da reserva do Exército, a desenvoltura do vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), que já assumiu interinamente a presidência em várias oportunidades, ainda no primeiro mês de governo, tem despertado insatisfação na base aliada civil. A bancada evangélica é a que mais reclama das convicções e declarações de Mourão.

Temas como aborto - que deve ser decisão da mulher, segundo Mourão - e mudança da capital de Jerusalém, pontos importantes para quem fez campanha para o presidente, em nome de Deus e da família, não estão na pauta de prioridades do vice que, segundo reportagem de O Estado de S. Paulo, após ouvidas fontes do primeiro escalão das Forças Armadas, age de forma "coerente" com o pensamento dos militares, especialmente quando faz críticas à política externa e sinaliza que a prioridade do governo deve ser a agenda econômica, e não a de costumes. Em outras palavras, o "Brasil acima de tudo e de todos".

"Cala a boca, Mourão"

"Por que o Mourão, sabendo das bandeiras do Bolsonaro, não se manifestou antes da eleição? É uma coisa feia esconder suas convicções. Faltou protocolo e ética no exercício da função dele. Mourão está fazendo campanha para 2022, mas a ala conservadora não vota nele nunca", disse ao Estado o pastor Silas Malafaia, líder da igreja evangélica Vitória em Cristo e presidente do Conselho dos Pastores do Brasil. Vale lembrar que o general Hamilton Mourão foi escolhido como vice para compor a chapa com Bolsonaro às vésperas do final do prazo, após recusas de convites por aliados, como a musa do impeachment de Dilma Rousseff, Janaína Paschoal, e o evangélico Magno Malta. Ainda durante a campanha eleitoral, algumas das declarações do candidato a vice causaram polêmicas e mal-estares entre os apoiadores do capitão, além de desmentidos e esclarecimentos.

Agora, os evangélicos aguardam a recuperação do presidente eleito para solicitar a "desautorização pública" do vice-presidente. Na prática, os aliados vão a Bolsonaro pedir um "cala a boca, Mourão" e cobrar o cumprimento de promessas de campanha. A principal delas, tida como inegociável, é a mudança da Embaixada do Brasil em Israel, de Telaviv para Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, disputada como capital por israelenses e palestinos.

Enquanto o "calaboca" não é decretado, o estrategista vice-presidente distribui simpatia no Twitter - que Bolsonaro começou a seguir agora - e "coerência" com o pensamento militar, arranca elogios até de esquerdistas, e, talvez por isso, já se fala que está em curso o projeto "Mourão 2019", supostamente apoiado pela Rede Globo. Entre verdades, fake news e exageros, "segue o baile".

Redação do Blog de Assis Ramalho
Com informações de AE/DP e GaúchaZH/NSC Total

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