Com aproximadamente uma centena de membros com origem nas Forças Armadas com postos estratégicos em ministérios e estatais na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), capitão da reserva do Exército, a desenvoltura do vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), que já assumiu interinamente a presidência em várias oportunidades, ainda no primeiro mês de governo, tem despertado insatisfação na base aliada civil. A bancada evangélica é a que mais reclama das convicções e declarações de Mourão.
Temas como aborto - que deve ser decisão da mulher, segundo Mourão - e mudança da capital de Jerusalém, pontos importantes para quem fez campanha para o presidente, em nome de Deus e da família, não estão na pauta de prioridades do vice que, segundo reportagem de O Estado de S. Paulo, após ouvidas fontes do primeiro escalão das Forças Armadas, age de forma "coerente" com o pensamento dos militares, especialmente quando faz críticas à política externa e sinaliza que a prioridade do governo deve ser a agenda econômica, e não a de costumes. Em outras palavras, o "Brasil acima de tudo e de todos".
"Por que o Mourão, sabendo das bandeiras do Bolsonaro, não se manifestou antes da eleição? É uma coisa feia esconder suas convicções. Faltou protocolo e ética no exercício da função dele. Mourão está fazendo campanha para 2022, mas a ala conservadora não vota nele nunca", disse ao Estado o pastor Silas Malafaia, líder da igreja evangélica Vitória em Cristo e presidente do Conselho dos Pastores do Brasil. Vale lembrar que o general Hamilton Mourão foi escolhido como vice para compor a chapa com Bolsonaro às vésperas do final do prazo, após recusas de convites por aliados, como a musa do impeachment de Dilma Rousseff, Janaína Paschoal, e o evangélico Magno Malta. Ainda durante a campanha eleitoral, algumas das declarações do candidato a vice causaram polêmicas e mal-estares entre os apoiadores do capitão, além de desmentidos e esclarecimentos.
Agora, os evangélicos aguardam a recuperação do presidente eleito para solicitar a "desautorização pública" do vice-presidente. Na prática, os aliados vão a Bolsonaro pedir um "cala a boca, Mourão" e cobrar o cumprimento de promessas de campanha. A principal delas, tida como inegociável, é a mudança da Embaixada do Brasil em Israel, de Telaviv para Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, disputada como capital por israelenses e palestinos.
Enquanto o "calaboca" não é decretado, o estrategista vice-presidente distribui simpatia no Twitter - que Bolsonaro começou a seguir agora - e "coerência" com o pensamento militar, arranca elogios até de esquerdistas, e, talvez por isso, já se fala que está em curso o projeto "Mourão 2019", supostamente apoiado pela Rede Globo. Entre verdades, fake news e exageros, "segue o baile".
Redação do Blog de Assis Ramalho
Com informações de AE/DP e GaúchaZH/NSC Total
Com informações de AE/DP e GaúchaZH/NSC Total
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