Em carta datada de 2 de Janeiro de 2019, encaminhada ao Prefeito de Paulo Afonso Luiz de Deus, o Diretor de Gestão Corporativa da Chesf, Adriano Soares da Costa, anunciou uma série de restrições de serviços hoje realizados pelo Hospital Nair Alves de Souza, criado pela Chesf no início de suas obras, em 1949 e mantido por esta hidrelétrica.
Inicialmente, o HNAS se destinava a atendimento aos empregados da empresa e à população carente da região. A ausência de outro hospital na região fez com que o HNAS passasse a receber pacientes de cerca de 25 municípios de quatro estados do Nordeste – Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco, uma vez que o Hospital é da Chesf, empresa de economia mista com mais de 99% de suas ações sendo do governo federal.
Há muitos anos, dezenas, que a Chesf, “por ser uma empresa que cuida apenas da geração, transmissão e comercialização de energia elétrica”, conforme decisão do governo de Fernando Collor de Mello e mantida e ampliada pelo governo de Fernando Henrique e seguintes e com isso a hidrelétrica do São Francisco passou a se desfazer de atividades antes mantidas com excepcional nível de qualidade como as escolas, o Colégio Paulo Afonso, considerado modelo no Nordeste, clubes sociais, zoológico e outras. E há muito tempo que a Chesf tenta se desfazer do Hospital.
As medidas anunciadas pelo diretor da Chesf representa a privação do atendimento a pessoas carentes de toda uma região onde vivem mais de 500 mil pessoas e só o município de Paulo Afonso são cerca de 130 mil. Ou seja: em tudo de atendimento médico já caótico na região a Chesf está assinando o atestado de óbito de muitas pessoas.
Ao que tudo indica, a medida do atual diretor interino da Chesf, ainda mantido de governos anteriores, é uma retaliação a débito da Prefeitura com a empresa estatal e, segundo o vice-prefeito de Paulo Afonso e o ex-prefeito Anilton Bastos, esse débito foi originário justamente porque o HNAS recebe pacientes de todos esses estados – Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco e por isso, a Prefeitura de Paulo Afonso, proibida pelo SUS de fazer pactuação de saúde com outros estados recorreu ao governo da Bahia que fez essa pactuação, uma vez que a Bahia pode fazer isso, com o Estado de Alagoas. Consta que a Chesf recusou esse acordo e cobrou da Prefeitura na justiça.
Por seu turno, nessa briga por finanças, a Prefeitura de Paulo Afonso alega, através do seu procurador Igor Montalvão que a Chesf deve valor que, inicialmente foi informado que somavam mais de 25 milhões e logo foi corrigido para mais de 55 milhões.
Pelo teor dessa conversa sobre valores, percebe-se que a vida humana deixa de ter sentido, foi para um balcão de negócios, como uma medida da Chesf para forçar o pagamento da Prefeitura pelo que ela diz ser credora.
O assunto se espalhou pelas redes sociais, pelas emissoras de rádios, pelos jornais e ganhou o mundo a partir de uma feliz iniciativa do radialista Giuliano Ribeiro ao abrir os canais da Rádio Angiquinho para falar sobre o assunto e criar um grupo que agora se chama S.O.S. Hospital Nair e tem mobilizado muita gente.
Vereadores e prefeitos e deputados votados na região têm se manifestado. A Câmara de Vereadores de Paulo Afonso, através do seu presidente Pedro Macário Neto vai realizar uma sessão conjunta com a participação de outros vereadores, prefeitos, deputados, dirigentes de partidos políticos porque a causa se transformou não apenas numa mera cobrança de débitos mas na luta pelo direito à vida que é responsabilidade dos governos constituídos nesta República.
A união de todos por esta causa é fundamental. Parabéns a Aníbal Jr. que criou essa arte. Parabéns a Jorgão Lima que criou uma bela música. A cada um que se une, de fato, pela defesa da vida!
O foco precisa mesmo ser apartidário para evitar que alguns políticos irresponsáveis tirem proveito da miséria e da dor do povo já tão sofrido em benefício próprio, como já tem feito alguns que atribuem essa ação da Chesf ao governo Bolsonaro que, no dia 02 de Janeiro ainda estava empossando o ministro das Minas e Energia e ainda não mexeu nas diretorias das estatais, o que, segundo o presidente do PSL em Paulo Afonso, Roosevelt, em entrevista na Rádio Angiquinho e depois ao jornal Folha Sertaneja, isso só deve acontecer depois da posse dos deputados e senadores, no início de Fevereiro.
O que se pode ver nesse ato é o pouco respeito da atual diretoria da Chesf para com esta região que foi, sim, beneficiada pelas grandes obras da hidrelétrica mas cuja população também ainda hoje amarga pela destruição de suas terras produtivas, de sua cultura, da história centenária de seus ancestrais, com a inundação provovada pelas grandes barragens, como disse o Prefeito de Glória, David Cavalcanti, que ainda hoje tem que administrar essa situação em seu território, como também aconteceu em dezenas de outros municípios dos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Ora, se o Hospital Nair Alves de Souza tem sido um peso tão grande para a Chesf que é uma empresa federal, porque o governo federal, nesses anos todos, não agilizou o processo de transformar o HNAS em Hospital Universitário, ligado à UNIVASF sobre o que existe farta documentação e foram realizadas muitas viagens e não se chegou a lugar nenhum?
Porque a Chesf não cumpriu no tempo acordado, o Termo de Compromisso 01/2015, um documento de 7 páginas que traz a assinatura do presidente da Chesf e do Diretor Administrativo da Chesf, do governador da Bahia e seu Secretário de Saúde, do reitor da UNIVASF, do prefeito de Paulo Afonso e ainda teve como testemunhas os deputados federais Jorge Solla e Mário Negromonte Jr., ambos da Bahia?
Informa o vice-prefeito de Paulo Afonso, Flávio Henrique, que na época era o Procurador Geral do município de Paulo Afonso, que tem a informação que esse Termo de Compromisso “foi renovado em meados de julho de 2018, com a participação e a chancela do Ministério Público Federal, além da Prefeitura de Paulo Afonso, UNIVASF, Estado da Bahia e CHESF”.
Estas pessoas de toda a região, especialmente os moradores de Paulo Afonso, que procuram assistência médicas, especialmente de emergência no Hospital da Chesf, são ainda funcionários aposentados da Chesf e seus dependentes e descendentes que se doaram, deram seu suor e o seu trabalho, muitos morreram na escavação dos túneis, na luta pelo fechamento do rio, nas linhas de transmissão que cobrem todo o Nordeste com mais de 20 mil quilômetros de extensão para que a Chesf fosse a grande, a maior empresa do Nordeste, orgulho dos seus chesfianos pioneiros.
Foram esses “cassacos”, sertanejos que fizeram da Chesf a maior empresa do Nordeste e a partir da “luz Paulo Afonso” o Nordeste começou a contar um novo capítulo de sua história que se divide facilmente em duas partes: o Nordeste ANTES e DEPOIS da Chesf.
Estes senhores, de paletó e gravata, dos gabinetes com ar condicionado e gordos salários, precisam respeitar estes sertanejos que, eles sim, com seu trabalho promoveram a redenção do Nordeste e o mínimo que merecem é respeito e as condições para que mantenham os seus últimos dias de vida com o mínimo de recursos para a sua saúde. E, até isso, a grande e poderosa Chesf, está lhes tirando.
Todos à luta. O jornal Folha Sertaneja está nesta luta pelo bem da região de Paulo Afonso.
Por: Folha Sertaneja Online
Via Portal PA4
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.