A onda de lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Vale em Brumadinho (MG) começou a perder força e, na tarde do domingo (27), se movimenta a uma velocidade de menos de um quilômetro por hora, em direção à Hidrelétrica de Retiro Baixo, a 286 quilômetros do local do desastre. O reservatório de Retiro Baixo é considerado estratégico pelos técnicos do governo, para impedir que os rejeitos de minério contaminem o Rio São Francisco, provocando um desastre ambiental ainda mais elevado que o registrado na chamada “zona vermelha” de destruição.
A informação foi passada pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que convocou a diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA) para uma reunião de emergência na manhã deste domingo. Segundo Canuto, a previsão é de que a lama chegue a Bom Retiro entre os dias 2 e 6 de fevereiro. O ministro disse que o governo federal trabalha com uma probabilidade baixa de que a onda de lama contamine o Rio São Francisco. “A probabilidade é reduzida, mas tem. Não está descartado“, disse Gustavo Canuto.
Canuto se reuniu por três horas com técnicos e especialistas da ANA em Brasília. Ele disse que a agência instalou 47 pontos de coleta no Rio Paraopeba, na região de Brumadinho, para avaliar a qualidade da água. O resultado da análise deve sair na próxima quarta-feira. Caso a contaminação seja constatada nesses pontos, o abastecimento de água pode ficar comprometido para uma população de 3 milhões de pessoas que vivem em municípios mineiros.
Na tarde da última sexta-feira (25), a barragem da Vale em Brumadinho se rompeu deixando um lastro de destruição pelo caminho, provocando, até o momento, a morte de 37 pessoas e deixando 287 desaparecidas. A exemplo do ocorrido com o Rio Doce, em Mariana, a água do Rio Paraopeba foi contaminada pelos rejeitos de minério, que podem, inclusive, chegar ao Rio São Francisco.
Ameaça de novo rompimento de barragem
O ministro ainda explicou que o motivo do acionamento das sirenes, na madrugada deste domingo, em Brumadinho, aconteceu em função da elevação do nível da água na barragem 6 da Vale. Segundo o ministro, o aparelho de drenagem do reservatório foi prejudicado pelo rompimento da barragem 1. Por isso, com a chuva, o nível subiu rapidamente, e a população teve que evacuar a cidade. Como medida emergencial, uma segunda bomba foi instalada para ajudar na drenagem da água.
“Houve um comprometimento do dreno da barragem. Mas a barragem não corre risco de rompimento, sai da situação 2 de risco para a situação 1. Também não houve um princípio de rompimento. Houve um aumento do nível. Colocaram uma segunda bomba para a drenagem”, finalizou o ministro.
Por: Jornal O Globo
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