Lama está em curso em direção à bacia do Paraopeba, um dos principais afluentes do rio que percorre Minas e Nordeste (Foto: Corpo de Bombeiros)
Jornal GGN - A lama da Barragem de Mina Córrego do Feijão, rompida no início da tarde desta sexta-feira (25), pode alcançar o rio São Francisco se nada for feito. O alerta é do membro da coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Jaison Andrioli.
Por telefone, ele falou ao GGN que há riscos dos rejeitos de mineração alcançarem o Rio Paraopeba, que banha o estado de Minas Gerais. O Paraopeba é um dos principais afluentes do rio São Francisco.
"Nosso temor é que, a exemplo do desastre de Mariana, onde a lama percorreu 700 quilômetros até o oceano, o desastre de Brumadinho alcance o Rio São Francisco", disse Andrioli. O São Francisco percorre cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas) e sua bacia envolve 521 municípios distribuídos em sete estados.
O Rio Paraopeba tem extensão de 510 quilômetros. Sua foz, ou seja, o final, está na represa de Três Marias, administrado pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais S.A). Portanto, uma das formas de impedir que os rejeitos químicos sigam o rumo é o bloqueio da hidrelétrica.
Vítimas
Andreoli afirma que ainda não se sabe ao certo o número de vítimas, mas o cálculo é que seja superior ao número de mortos do rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, em Mariana (MG). Na época, 20 pessoas morreram soterradas.
"A estimativa que temos, até agora, de mortos em Brumadinho, é que seja 30 pessoas, porque tinha gente almoçando em um restaurante atingido. Mas ainda é especulação", afirmou o representante da MAB. Minitos depois, a esta entrevista, o corpo de Bombeiros nunciu uma estimativa de 200 desaparecidos.
O MAB está prestando solidariedade às vítimas e foi uma das primeiras organizações a chegar no local do acidente. O grupo acredita que o novo rompimento é fruto da negligência da Vale S.A, que também respondia pela barragem de Fundão, mas no caso de Mariana, junto com a anglo-australiana BHP Billiton.
"Não temos dúvidas que o desastre de hoje é fruto de mais uma negligência da Vale que poderia ter sido evitado com medidas sérias de fiscalização, isso se tivessem políticas sérias de meio ambiente, segurança de barragens", completa Andrioli.
Segundo ele, cerca de 100 barragens no estado estão em situação de risco e acusa as mineradoras de atuarem junto a representantes na Assembleia Legislativa do estado de Minas Gerais para barrar projetos de lei que aumentem a responsabilidade das companhias.
"Impunidade gera impunidade. Se tivesse havido condenação e prisão de membros da Vale no caso Mariana, o desastre não teria se repetido".
Segundo Andreoli três projetos de lei, propostos com o apoio do então governador Fernando Pimentel, estão parados na Assembleia mineira. Entre outras medidas, as organizações ambientais e de direitos humanos exigem que as mineradoras sejam forçadas a garantir a sustentabilidade social e ambiental na produção de minério.
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