"O balanço que temos é de 66 pessoas mortas e 76 feridos", afirmou Fayad em entrevista coletiva no Palácio Nacional, na Cidade do México, ao lado do presidente Andrés Manuel López Obrador.
"É uma tragédia que nos dói muito, estamos aqui para oferecer todo o apoio, ajuda aos moradores, às pessoas afetadas, às vítimas", disse o presidente Andrés Manuel López Obrador aos jornalistas enquanto visitava a área do desastre.
Ele acrescentou que esta tragédia não muda sua estratégia contra o roubo de combustível e demonstra "infelizmente a necessidade de mantê-la". "Continuaremos a erradicar essa prática", enfatizou.
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O incêndio foi extinto pouco antes da meia-noite de sábado (19), e o Ministério Público está à espera que os bombeiros tenham acesso ao centro do desastre para verificar se há mais mortos ou feridos, informou Omar Fayad, governador do estado de Hidalgo, onde o incidente ocorreu. "O que sabemos é que havia o vazamento e uma atividade clandestina que já estava sendo atendida pelas autoridades competentes", acrescentou Fayad.
Imagens da TV local mostraram dezenas de pessoas roubando o combustível, que jorrava do duto. Horas depois, no início da noite, foram gravadas as primeiras imagens do incêndio, com pessoas fugindo apavoradas e pedindo socorro aos gritos.
Fayad informou que unidades dos bombeiros e ambulâncias da estatal de petróleo Pemex e dos governos estadual e federal foram enviadas para socorrer as vítimas. "Infelizmente vi a explosão, e fui ajudar as pessoas", conta Fernando García, 47 anos e morador da área. "Eu tive que juntar pedaços de pessoas mortas", acrescentou.
No local, cercado por plantações, elementos do exército e da polícia isolaram a área, enquanto unidades de bombeiros trabalhavam entre colunas de fumaça. Garcia critica que o exército não tenha impedido as pessoas que estavam se aproximando quando o combustível começou a vazar. "Tudo isso teria sido evitado se o exército, quando chegou, tivesse expulsado todas as pessoas", lamentou.
Queimaduras visíveis
O incêndio se originou em torno de um vazamento de gás que atraiu dezenas de moradores da região para roubar combustível. "Muitas pessoas vieram com seus garrafões por causa da escassez de gasolina, que agora que não há", afirmou Martín Trejo, outro morador de 55 anos, que atribui o que aconteceu à estratégia nacional para evitar o roubo, que inclui o fechamento de importantes oleodutos.
Imagens de TV também mostraram as pessoas fugindo, apavoradas, após a explosão, e algumas saíam de meio da fumaça praticamente nuas, com as queimaduras visíveis.
"A explosão em Tlahuelilpan, Hidalgo, resultou da manipulação de uma retirada clandestina de combustível no oleoduto Tuxpan-Tula. Este acidente não afeta o fornecimento de gasolina na Cidade do México", informou a petroleira estatal Petróleos Mexicanos (Pemex).
Esse gasoduto é um dos principais alvos dos saqueadores, explicou o diretor da Pemex, Octavio Romero. A empresa também informou sobre outro incêndio por roubo de combustível em uma área deserta do estado de Querétaro (centro), sem risco para a população.
Ofensiva contra o "huachicol"
O acidente ocorre no momento em que o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador executa uma estratégia nacional contra o roubo de combustível, delito que tem gerado perdas anuais de 3 bilhões de dólares ao país, segundo dados oficiais.
O plano contra o roubo de combustível, popularmente conhecido como "huachicol", é a primeira grande ofensiva contra o crime de López Obrador desde que assumiu o cargo, em 1º de dezembro.
O fechamento de dutos foi paliado pela distribuição em navios-tanque, um sistema que causou escassez de combustível em vários dos 32 estados que compõem o México.
Fila quilométricas foram registradas em áreas onde falta combustível, embora na capital tenha sido regularizada. Analistas econômicos alertaram que essa escassez provoca uma queda na produtividade que afetará a economia.
O banco Citibanamex, um dos maiores do país, estimou na quarta-feira em 39 bilhões de pesos (2,054 bilhões de dólares) a perda bruta do PIB atribuída à escassez de combustível, "supondo que as condições voltem ao normal nos próximos dias", afirmou.
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