No segundo escalão, pelo menos 15 deles estão no cargo de secretário e alguns podem substituir titulares em pastas como Defesa, Cidadania e Segurança. A pasta com mais militares é a do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno. No total, são 16 cargos. Há pelo menos três generais, seis coronéis, um tenente-coronel, dois majores, dois capitães, um brigadeiro e um contra-almirante.
Áreas que não são ligadas à segurança também registram a presença de membros das Forças Armadas, seja na ativa ou na reserva. Na área do esporte, por exemplo, o secretário é o general Marco Aurélio Vieira. Na de infraestrutura, o principal programa de investimentos do governo, o PPI, terá à frente o general Maynard Marques de Santa Rosa.
Na área de radiodifusão, o responsável será o coronel da reserva Elifas Chaves Gurgel do Amaral, que responde ao astronauta Marcos Pontes, que é tenente-coronel da Força Aérea da reserva.
Já o escolhido como porta-voz do governo, que passou por turbulências na comunicação nas primeiras semanas, é o general Otávio Santana do Rêgo Barros.
Estatais, fundações e autarquias também têm militares em postos estratégicos. Na Usina de Itaipu, o cargo de diretor geral ficou com o general Joaquim Luna e Silva, que esteve à frente do ministério da Defesa sob a gestão de Michel Temer. O almirante da reserva Eduardo Bacelar Leal Ferreira foi indicado para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. Na Fundação Nacional do Índio (Funai), o presidente é o general Franklimberg de Freitas, que tomou posse quinta-feira. Ele também esteve no posto entre maio de 2017 e abril de 2018. O general já foi questionado pelo Ministério Público Federal sobre “possível apoio” da Funai a um empreendimento de mineração em terras indígenas (leia a reportagem abaixo).
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Para especialistas e pesquisadores, a estratégia de colocar militares em altos postos retrata a falta de quadros do PSL, legenda que alçou à Presidência Bolsonaro, ele próprio capitão da reserva do Exército, e cuja maior parte dos parlamentares eleitos em outubro ainda não tem experiência política.
Círculo de confiança
Para o coordenador do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ, Michel Misse, a nomeação de militares é uma forma de Bolsonaro cumprir a promessa de se afastar do fisiologismo e do “toma lá, dá cá” tradicionalmente exigido pelos partidos políticos em troca de apoio para governar.
—O mais provável é que como Bolsonaro é ex-capitão do Exército, o círculo de confiança dele naturalmente é composto de mais pessoas das Forças Armadas do que civis. Mas está claro que a escolha de políticos nesse governo tem sido menor do que nos anteriores — afirmou Misse.
Em entrevista esta semana, o vice-presidente general Hamilton Mourão disse que a ocupação de cargos por militares também deve chegar aos cargos federais dos estados. Para Mourão, o critério de escolha não é ser civil ou militar, mas ter capacidade para a função.
A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência e o Ministério da Defesa para saber a razão da ocupação dos cargos por militares, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
O Globo
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