O governo Jair Bolsonaro (PSL) deu sinais de reação à movimentação iniciada por Pernambuco para formar uma Frente Parlamentar em defesa do Nordeste, onde Fernando Haddad (PT) foi blindado no primeiro turno e única do país onde ganhou no segundo turno. Mesmo sem dar detalhes, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a gestão pretende formar um grupo interministerial - com seis a oito ministérios -, para tratar de questões referentes à região, que convive todos os anos com a seca. O ministro informou que a primeira reunião será na próxima sexta-feira, mas não mencionou os nomes da equipe, nem deu maiores detalhes. De antemão, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que faz oposição a Paulo Câmara (PSB), já foi chamado para se reunir com três ministros. “Todo mundo tem que descer do palanque”, afirmou o senador.
A decisão de montar uma equipe para tratar de temas nordestinos foi anunciada por Onyx Lorenzoni, depois de o governador Paulo Câmara ser o primeiro a solicitar uma audiência com Bolsonaro e dizer que deseja desarmar os palanques. Também chegou de forma simultânea à proposta feita pelo deputado federal Danilo Cabral (PSB) de formar uma frente com cerca de 200 parlamentares (deputados e senadores) para blindar a região de eventuais perseguições políticas e abrir uma porta de diálogo com o governo.
A frente precisa ter pelo menos 198 assinaturas para ser aprovada, de maneira que possa usar as instalações do Congresso Nacional, mas sem gastos extras. Existem 151 deputados federais e 27 senadores eleitos pelo Nordeste, mas Danilo ainda trabalha com a possibilidade de atrair outros simpatizantes a partir de 1º de fevereiro, quando os novos parlamentares tomam posse.
Onyx também falou sobre nova equipe interministerial em prol do Nordeste depois de Bolsonaro declarar, em entrevista ao SBT, a seguinte frase: “Espero que não venham pedir nada para mim porque eu não sou o presidente deles. O presidente (dos governadores do Nordeste) está em Curitiba”, declarou o militar reformado, fazendo uma referência ao ex-presidente Lula, que está preso e ainda é a liderança mais popular da região. Danilo acredita que houve um recuo do presidente. “O que desejamos é que essa interlocução tenha consequências, traga ações, que não seja apenas uma reação meramente retórica em função do constrangimento que o próprio presidente criou na relação o Nordeste”, disse Danilo Cabral.
A reunião com FBC
Fernando Bezerra se encontrou, na última terça-feira, com a ministra da Agricultura (Teresa Cristina), e os ministros de Desenvolvimento Regional (Gustavo Canuto) e Infraestrutura (Tarcísio Freitas). Segundo, entre os temas, foram discutidos a importância dos perímetros irrigados em Pernambuco, mas sem aprofundamento, uma vez que todos ainda estão tomando conhecimento de suas pastas. O senador citou o caso de Petrolina, que tem esses perímetros, e gera 150 mil empregos.
O senador não polemizou com a proposta de Danilo Cabral. “Acho interessante toda iniciativa de mobilização e debate”. Em relação a Paulo Câmara, contudo, Fernando Bezerra, que foi vice-líder do presidente Michel Temer (MDB), alfinetou. “Quando se fala na necessidade de descer do palanque, tem que ser recíproco”, afirmou, sem destacar nomes, mas dizendo, por exemplo, que o PSB precisa sinalizar apoio a pontos da reforma da Previdência.
“Somente Pernambuco tem um déficit de R$ 3 bilhões na Previdência. Não dá para procrastinar essa questão”, declarou o senador. FBC, como é chamado, disse que o MDB vai assumir uma posição de independência em relação ao governo Bolsonaro, mas ele frisou ter muita afinidade com as propostas da nova gestão.
Por: Diário de Pernambuco
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