Francisco Marcelo Rodrigues Bezerra, Presidente da Conab e
Maurício Antônio Lopes, Presidente da Embrapa
Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, considerado o pai da moderna agricultura brasileira, costuma dizer que “o interior do Brasil já foi conhecido como terras-de-fazer-longe, ou terras que mais serviam para aumentar distâncias que para produzir progresso”. É seu jeito de lembrar o Brasil de pouco mais de quatro décadas atrás, marcado pela imensidão inóspita da savana tropical, de solos ácidos, pobres e degradados – “um vazio a se perder no horizonte”, conforme lembra. Sem saber de que forma domar grande parte das suas terras para a agricultura, o Brasil era obrigado a comprar lá fora um terço dos alimentos de que precisava, e colocar comida na mesa custava perto de 45% da renda das nossas famílias.
Ciência e empreendedorismo mudaram radicalmente essa realidade. Tecnologias de manejo transformaram nossos solos pobres em terra fértil. A tropicalização dos cultivos, com ciclos diferenciados, nos permitiu aproveitar terras em todas as condições climáticas. Os manejos e as práticas sustentáveis que desenvolvemos se tornaram um arsenal de defesa ambiental. Com dinamismo empreendedor, os agricultores brasileiros souberam combinar esses conhecimentos e tornaram as safras do Brasil essenciais para a segurança alimentar do País e do mundo. A produção brasileira de grãos saltou cerca de 400% nos últimos 40 anos, enquanto a área efetivamente semeada aumentou apenas 40%. O resultado é que hoje a população brasileira não gasta mais do que 13% de sua renda em alimentação, e o país se tornou também um grande player de exportação mundial. A ciência e os agricultores brasileiros são reconhecidos e celebrados em todo o mundo também por isso.