A marca dos tiros, nos veículos onde os reféns estavam, mostram como o confronto foi violento (Foto: Antonio Rodrigues)
Detalhes da investigação que já monitorava a quadrilha há cerca de quatro meses não foram revelados, segundo o secretário, uma vez que essa apuração é comandada pela Polícia Civil do Estado de Sergipe. “Não temos autorização para repassar dados sobre a investigação que é conduzida naquele Estado. O que a gente pode antecipar é que boa parte dos criminosos, dos que foram presos e mortos já identificados, são pessoas com diversos antecedentes criminais, por outros roubos, tráfico, inclusive com outros roubos a banco na Bahia e em Sergipe mesmo”, disse.
Segundo André Costa, a investigação repassada à Polícia cearense não apontava o uso de reféns por parte dos criminosos, por isso não era de conhecimento da operação no Estado a presença das famílias sequestradas. “Nada foi repassado em relação a reféns. As informações da investigação vieram de Sergipe e nada foi tratado a cerca da existência de reféns”, reforça.
Para o gestor, a dinâmica do fato ainda não estabelecida impede uma conclusão sobre a conduta realizada pelos policiais, reafirmando a necessidade de aguardar o fim da investigação e dos trabalhos periciais para esse resultado.
Assistência
Ainda segundo o secretário de segurança, o Governo do Estado prestará assistência à família das vítimas através da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Direitos Humanos. “A gente lamenta muito o ocorrido. Sentimos muito por essas perdas, de pessoas inocentes. Todos nós policiais, somos também pais, filhos, irmãos, amigos, e a gente sabe como é a perda de pessoas queridas”, diz André Costa.
Também neste domingo (9), o governador do Ceará, Camilo Santana, anunciou a criação de um grupo especial de investigação para a operação policial realizada na última sexta-feira (7). Em sua página do Facebook, o chefe do executivo estadual garantiu uma operação rigorosa e isenta.
A comissão, segundo o governador, será formada em conjunto à Delegacia Regional de Brejo Santo, à Delegacia Municipal de Milagres, e receberá apoio da Delegacia de Roubos e Furtos e do Departamento de Polícia do Interior Sul. Ainda segundo Camilo Santana, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) abriu investigação preliminar para apurar o ocorrido.
“Reforço que, desde o momento do fato, minha determinação tem sido de investigação rigorosa e isenta, para que toda a ação e suas responsabilidades sejam devidamente apuradas. Nenhuma ação da Polícia cearense é feita com a intenção deliberada de tirar vidas, muito menos de vítimas inocentes, que devem sempre ser protegidas em primeiro lugar. Reitero minha solidariedade às famílias das vítimas. Este momento nos coloca um dever ainda maior de proteger vidas e fortalecer a paz”, disse o governador em post na sua página do Facebook.
A operação até o momento resultou em oito suspeitos presos em flagrante. Outras 24 pessoas foram ouvidas, destaca o governador. “As armas dos suspeitos e dos policiais envolvidos na ação foram recolhidas pela Polícia Civil para serem periciadas”, afirma Camilo Santana.
No último sábado (8), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) lançou nota lamentando as mortes ocorridas em Milagres, destacando o acompanhamento das investigações por parte da Promotoria de Justiça da Comarca do município. “O procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, designará um grupo de promotores para monitorar os desdobramentos deste caso a fim de esclarecer todas as informações e garantir a apuração completa de todos os fatos relacionados às trágicas mortes das pessoas inocentes”, disse o MPCE, em nota.
Por: Diário do Nordeste
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