Os canavieiros e canavieiras de Pernambuco decidiram, no início da noite de quinta-feira (29), após 13 rodadas de negociação da 39ª Campanha Salarial da Categoria, decretar greve geral. O encaminhamento ocorreu porque os patrões propuseram a retirada de direitos conquistados com muita luta pelos trabalhadores, a exemplo das horas in itinere (tempo gasto pelo empregado, em transporte fornecido pelo empregador, de ida e volta até o local de trabalho), e informaram que qualquer outro avanço na pauta só ocorreria se houvesse a renúncia a esse direito.
A paralisação, que deve mobilizar cerca de 80 mil canavieiros/as do estado, acontece depois de os trabalhadores e trabalhadoras terem apresentado várias propostas de acordo aos empresários, que foram irredutíveis. “A greve foi deflagrada porque eles querem acabar com conquistas históricas de nossa categoria. A superação dos desafios existentes no Brasil precisa ocorrer de forma coletiva, e não punindo os homens e mulheres que contribuem, com a força do seu trabalho, para o desenvolvimento desse país”, afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais do Estado de Pernambuco (FETAEPE), Gilvan José Antunis.
Se houver a retirada das horas in intinere, o canavieiro terá uma perda de 20% do seu salário, sem contar que serão prejudicadas inúmeras ações trabalhistas que tramitam na Justiça do Trabalho sobre o tema. “Esse retrocesso também pode abrir brechas para que o empregador deixe o trabalhador aguardando, por horas, a chegada e saída do veículo, visto que, atualmente, algumas empresas já não cumprem o horário determinado na convenção”, destaca Gilvan.
As negociações da 39ª Campanha Salarial da Categoria, coordenadas pela FETAEPE e Sindicatos da Zona da Mata, com o apoio da FETAPE e das centrais sindicais CTB e CUT, começaram no dia 9 de outubro, inclusive com paradas para que ocorresse uma escuta da base. No dia de ontem, o diálogo chegou ao limite, e os representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras resolveram dar um basta nessa situação. “Fizemos tudo o que foi possível. Queríamos dialogar, mas não podemos aceitar nenhum direito a menos para a nossa gente”, lamenta Gilvan.
Ascom Fetape
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