sexta-feira, novembro 02, 2018

Caminhada de Terreiros faz ode à tolerância e liberdade de credos, em Recife


Ato religioso marca o início do Mês da Consciência Negra em Pernambuco (Fotos: Ray Evllyn)

Povos Tradicionais, de Terreiros, de Umbanda, Candomblé, de Jurema. Estes são as pertenças religiosas que fazem parte da tradicional Caminhada de Terreiros de Pernambuco, que realizou a 12ª edição, na cidade do Recife, nesta quinta-feira (01/11). Tradicionalmente, o festejo tem saída do Marco Zero da Cidade, no Bairro do Recife.

A sensação de pertencimento tomou conta da Praça, tomada por mulheres, homens, pessoas idosas e crianças, vestidos com as indumentárias características das religiões de matriz africana, ao tempo em que ostentavam a consolidação da democracia, frente ao enfrentamento da intolerância e ao preconceito. “Construir a Caminhada é manter viva a religião; é apresentar nossos costumes às pessoas que não são da mesma religião que nós, mas vêm aqui, para prestigiar, conhecer. Isso mostra que elas não têm preconceito, só curiosidade. Para nós, o enfrentamento ao preconceito está aí, também. Devemos isso à memória de tantos negros e negras que morreram lutando para o negro ter espaço na sociedade”, comenta Mãe Elza, assessora da coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e coordenadora religiosa da Caminhada.

O ato também contou com a presença de Frei Rinaldo Pereira dos Santos – Pároco da Igreja da Madre de Deus – e que foi chamado ao palco pela organização do evento. “Me sinto na obrigação de estar aqui hoje, para prestar solidariedade aos meus irmãos e irmãs, que cultuam sua fé alicerçados pelas religiões de Matriz Afro. Quero demonstrar meu respeito e apoio contra toda forma de racismo, discriminação e intolerância. Somos todos filhos do mesmo Deus e Pai. Somos todos irmãos.” Sob muitos aplausos que referendaram sua participação, o frei anunciou, ainda, que também solicitou a abertura da Paróquia do Pátio de São Pedro (ponto de encerramento da Caminhada), para apoio aos integrantes do ato.

A 12ª Caminhada de Terreiros foi realizada com apoio do Governo de Pernambuco, através da secretaria executiva de Segmentos Sociais (SESES), que compõe a pasta da SJDH, junto à Rede de Articulação da Caminhada de Terreiros e demais parceiros. A organização também elaborou um momento para homenagear nomes de referência na comunidade de Terreiros e Povos Tradicionais – alguns in memorian – para enaltecer e saudar suas participações no exercício do segmento. “Somos tantas mulheres e homens negros, com raça e vontade de se fazer presentes em nossa causa. Mas, principalmente, para enfrentar o racismo, o preconceito e mostrar que podemos ser ainda mais, juntos”, vibrou Marta Almeida – da coordenadoria de Igualdade Racial da SJDH.

Marta também chamou atenção para a necessidade de a população utilizar os instrumentos de denúncia, disponibilizados no governo Paulo Câmara. “Nós temos a Ouvidoria da Justiça e Direitos Humanos como canal para que recebamos as denúncias dos variados tipos de racismo. Através das denúncias, a população encontra espaço para acolhimento e nós nos inteiramos do que precisamos combater. É muito importante que as pessoas reconheçam que têm ferramentas para enfrentar o preconceito e tomar para si o empoderamento que tanto exaltamos.”

A Ouvidoria da SJDH registrou, no ano passado, duas denúncias relacionadas ao segmento da Igualdade Racial. Neste ano, até o mês de outubro, o registro já estava na casa das 29 reclamações.

O Mês da Consciência Negra, instituído no início da primeira gestão do governador Paulo Câmara, conta com uma diversidade de agendas alusivas à Igualdade Racial, na Capital e, também, no interior do Estado. O início das atividades será no próximo dia 8, com uma formação com gestores e gestoras da SJDH, onde a coordenadoria pretende aprofundar a pauta do enfrentamento ao preconceito, os planos para ampliação do diálogo e falar sobre os costumes e lutas. Já no dia 9, a coordenadoria terá acento na reunião do Fórum de Gestores LGBT de Pernambuco, onde irão apresentar o dossiê da violência contra a população de negros e negras LGBT.

Coordenadoria – A coordenadoria de Igualdade Racial pertence à executiva de Segmentos Sociais, que é vinculada à pasta de Justiça e Direitos Humanos. Respectivamente gerenciadas por Sérgio Moura e Pedro Eurico, o organismo foi criado pelo governador Paulo Câmara, no início de sua primeira gestão, há três anos. A proposta é fomentar políticas de igualdade racial, com base na promoção e afirmação da causa, também promovendo a interiorização destes pilares, por todo o Estado.

Serviço:
- Secretaria Executiva de Segmentos Sociais
End.: Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife
Telefone: 3182-7642
- Ouvidoria SJDH
End.: Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife
Telefone: 3182-7607 / 3182-7613



Texto: Brenda Coelho/SESES/SJDH

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