O presente artigo pretende, antes de qualquer coisa, trazer à baila questões relevantes acerca da atual situação política do País, sem as quais não poderíamos continuar esta abordagem.
Sem semelhança com nenhum outro momento [ao menos para os que nasceram no periodo pós-ditadura], este atual cenário da nossa Nação, acaba trazendo para os de “mente sã”, uma reflexão: o homem tornou-se inimigo do próprio homem”. Para justificar, pois, suas escolhas, desenvolvem uma reflexão sobre a violência que caracteriza seus comportamentos nessa condição.
Não estou vestindo roupagem nem adereços partidários. Estou no uso mais límpido possível de minha lucidez e bom senso. No mais, sou cidadão e isso me basta e incentiva dentro dos direitos a mim ofertados na Constituição Federal à lançar um olhar sobre a realidade atual. Em tempos de democracia, o cenário é de instabilidade profunda na economia e na política, sem falar na instabilidade e flacidez de caráter [que está mole igual gelatina] tanto dos políticos quanto, equiparavelmente, de muitos eleitores.
Parece ter se instaurado na sociedade uma espécie de patologia, uma enfermidade, uma espécie de tumor social: trata-se da intransigência, que se expressa nas atitudes de preconceito, intolerância, fanatismo, racismo, indiferença, legalismo e moralismo, matando na raiz toda possibilidade de encontros humanizadores, sobretudo com os “diferentes”. O intransigente tem uma visão atrofiada, a partir do lugar e da posição social ou religiosa que ocupam, os leva a um enfrentamento com outros por razões ideológicas, políticas ou religiosas, em lugar de compreender a perspectiva do outro e as verdades latentes que há em todo ser humano.
De uma parte, estamos “nós”, que nos encontramos na verdade e somos merecedores de atenção e cuidado, de respeito e inclusive admiração; de outra, se encontram “os outros”, aqueles que estão forçosamente equivocados porque pertencem a um grupo que pensa, sente e age de maneira diferente. Só resta eliminá-los ou afastá-los da presença para que não “contaminem” o ambiente com idéias e atitudes subversivas. Em outras palavras, o que transparece é isto: “nós” temos a verdade, “eles” estão no erro.
O princípio da diversidade nos diz que no outro há verdade e que esta verdade deve ser reconhecida e entendida. Considerado sob o enfoque do ouvir sem preconceitos, do conhecer a diferença e da tolerância à verdade presente no outro, a “diversidade reconciliadora” supõe o diálogo fundado no respeito.
A intolerância é uma expressão de atrofia que tem graves consequências na vida social e no desenvolvimento dos povos. É a incapacidade de aceitar os outros em razão de suas idéias e/ou ideais, convicções ou crenças. É uma grave debilidade que torna impossível a coesão e a correta interação entre pessoas e grupos humanos.
Finalmente, sem alteridade regenerante caímos no confinamento de uma ideologia segregadora, de um legalismo estéril, de uma doutrina impositiva. A diferença promove a unidade lúcida e criativa; por isso é valor a ser preservado e a ser desenvolvido. É potencial a ser ativado.
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