A avalanche de preconceitos foi rebatida seja com milhares de mensagens com informações, valorização da cultura, demonstrações de carinho e também uma boa dose de ironia: “Fuso horário é uma loucura, né? No Nordeste é 2018 e no resto do país ainda é 1964”, postou Bruno Cavalcanti.
No fim da noite deste domingo (7), a palavra “Nordeste” estava na primeira posição dos temas mais comentados do Twitter. O motivo, mais uma vez, estava na distribuição geográfica dos votos no país. A região foi decisiva para evitar a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no 1º turno. O ex-capitão não venceu em nenhum estado nordestino - o que gerou uma avalanche de comentários antagônicos nas redes sociais. Revolta, agressões e preconceitos foram direcionados por defensores de Bolsonaro contra os eleitores da região. Mas estes foram enfrentados também mensagens de agradecimento e orgulho.
“Esses nordestinos têm que se fuder mesmo. Esses cabeçudos. Depois reclama da miséria e pobreza e não sabe o motivo”, escreveu Kauã Vicctor. “O nordestino é pra se fuder mesmo. Tem que viver de esmola e assistencialismo. Um monte de vagabundo que não quer trabalhar”, tuitou Ricardo que se apresenta como nordestino e veste uma camisa do Ceará na sua foto de perfil. Na mesma linha segue a mensagem de David Monteiro: “O nordestino tem que morrer de fome mesmo. Não aprende, tem que se fuder, comer biscoito de barro mesmo”.
Além do preconceito explícito, também foram vários relatos de análises que justificavam o resultado da votação por dependência financeira e “troca por alguma coisa básica”, como postou o jornalista esportivo Rica Perrone: “O Nordeste não é vilão. É vítima. Por ser uma região mais pobre e menos desenvolvida, lá estão os mais fáceis alvos de para manipular pessoas em troca de alguma coisa básica. Pode ter certeza que eles queriam ter mais estudo, mais condições e precisar menos "vender" voto.” O texto teve mais de 1.500 compartilhamentos, mas também gerou uma série de comentários derrubando a argumentação do jornalista.
Mas, desta vez, a avalanche de preconceitos foi rebatida seja com milhares de mensagens com informações, valorização da cultura, demonstrações de carinho e também uma boa dose de ironia: “Fuso horário é uma loucura, né? No Nordeste é 2018 e no resto do país ainda é 1964”, postou Bruno Cavalcanti. “Nós não aceitamos suas piadas. Entendemos o sofrimento do nosso povo através da história. E nós não esquecemos dela. Vamos continuar na luta pela igualdade e justiça. O Nordeste foi negligenciado por muito tempo. Eles nos rejeitam e dizem que somos culpados”, escreveu Miguel.
Com mais de cem mensagens relacionados por minuto, o Nordeste foi colocado no fogo cruzado da polarização política que vem se agravando no país nos últimos. Importante lembrar que várias pessoas foram condenadas judicialmente por agressões postadas nas redes sociais após a divulgação do resultado da eleição no 2º turno de 2014.
Diário de Pernambuco
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