“É urgente e necessário que os candidatos no pleito atual se manifestem publicamente contra tais ataques e os desencorajem. O silêncio diante da violência praticada por seus apoiadores configura conivência com ataques à liberdade de expressão”, argumenta a Abraji.
Foram registradas 64 ocorrências de assédio em meios digitais contra jornalistas no contexto eleitoral, além de 59 vítimas de atentados físicos.
“Um país que não compreende a diferença entre crítica ao trabalho jornalístico e violência contra profissionais da imprensa coloca a democracia e a si próprio em grave risco”, disse a Abraji em nota de repúdio.
Um dos últimos casos, divulgado no portal da entidade, envolve uma repórter da Rádio Bandeirantes, agredida verbalmente e com uma cabeçada por um manifestante em ato de apoio ao candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).
Segundo a Abraji, a jornalista entrevistava uma capitã da Polícia Militar (PM) sobre a preferência da corporação em fazer proteção apenas dos manifestantes em uma das faixas da Paulista, quando o homem se aproximou e começou a ofendê-la, aos gritos.
A repórter pegou o celular para registrar a agressão e afirmou que faria um boletim de ocorrência contra o homem, que, em seguida, lhe deu uma cabeçada.
Ataques online
Os ataques acontecem também na internet. Repórteres têm os perfil inundados por xingamentos e até mesmo por ameaças.
“Ofensas, assédio e ameaças a jornalistas com o objetivo de silenciá-los são sintomas de desprezo pela democracia. É urgente e necessário que os candidatos no pleito atual se manifestem publicamente contra tais ataques e os desencorajem. O silêncio diante da violência praticada por seus apoiadores configura conivência com ataques à liberdade de expressão”, argumenta a Abraji.
Um estudo feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) mostra que - entre 18 de setembro e 2 de outubro - 945,3 mil postagens no Twitter abordaram a cobertura da imprensa em relação às eleições.
Ao longo do período analisado, a Abraji se manifestou em três ocasiões contra agressões online cometidas contra jornalistas.
No dia 25 de setembro, uma repórter da Folha de São Paulo foi alvo após publicação da reportagem “Ex-mulher afirmou ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro, diz Itamaraty”.
Três dias depois, a associação repudiou os ataques aos jornalistas responsáveis pela reportagem “O outro Bolsonaro”, capa da revista Veja e a uma repórter do The Intercept Brasil.
Agência Brasil
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