Bolsonaro afirma que ele é quem manda, desautoriza vice, descarta constituinte e diz que 'não existe' autogolpe.
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Fernando Haddad
Renata Vasconcellos: Candidato Haddad, boa noite, parabéns pela chegada ao segundo turno em segundo lugar. Antes de mais nada, nós gostaríamos que o senhor aproveitasse esse momento para uma saudação aos eleitores numa mensagem de dois minutos. A gente vai ter uma tolerância de 15 segundos.
Fernando Haddad: Renata, Bonner, é uma grande satisfação estar com vocês nesta noite. Telespectador, cidadão, cidadã brasileiros. É uma grande satisfação estar no segundo turno com o seu apoio. É uma honra poder participar de um segundo turno de uma eleição presidencial, situação em que nós vamos poder confrontar apenas dois projetos. Vai ficar muito mais claro para você a natureza de cada um dos projetos. Nós, do lado da social democracia, do estado de bem-estar social, que garante o direito do cidadão, que garante o direito do trabalhador, que cumpre a Constituição de 1988, que ampliou as possibilidades e as oportunidades. Um projeto que visa gerar empregos e oportunidades educacionais. Conforme eu tenho dito ao longo dessa campanha - eu que tenho apenas 20 dias de campanha e consegui atingir 29% dos votos, mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras confiaram no nosso projeto —, eu tenho dito que uma pessoa tem que acordar e ter para onde ir. É como eu aprendi com meu pai. E isso exige do poder público oportunidades de emprego e de educação. É carteira de trabalho assinada em uma mão e um livro na outra. Espírito desarmado em virtude do desejo de promover desenvolvimento com inclusão social. Nós não podemos pensar em outra natureza de desenvolvimento. O desenvolvimento para poucos não é desenvolvimento. A economia pode até crescer, mas ela não vai se estabelecer. O verdadeiro crescimento que nos interessa é aquele que é compartilhado com todos os brasileiros, sobretudo com os mais vulneráveis. É esse projeto de Brasil que nós queremos defender nesse segundo turno, e o faremos com muita responsabilidade e com muito respeito a você, eleitor, eleitora.
Renata Vasconcellos: Candidato, o seu programa de governo prevê a convocação de uma Assembleia Constituinte para mudar a Constituição brasileira, a chamada Constituição Cidadã, que é o que garante a nossa democracia e que acabou de completar apenas 30 anos. Juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma Constituinte, não há previsão para isso. Só há previsão de reforma por uma emenda constitucional, e que precisa da aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas não podem mudar cláusulas pétreas - essas não podem ser alteradas de jeito nenhum. Um outro ponto é que 10 dias atrás o ex-presidente do PT José Dirceu disse ao jornal espanhol “El País” que não acreditava numa vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, e declarou o seguinte, abre aspas: “Dentro do país é uma questão de tempo para gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição”. Fecha aspas. O que o senhor diria aos seus críticos que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?
Fernando Haddad: Bom, em primeiro lugar, sobre a primeira pergunta, nós revimos o nosso posicionamento. Nós vamos fazer as reformas devidas por emenda constitucional. Quais delas? Em primeiro lugar, a reforma tributária. No Brasil, quem sustenta o Estado é o pobre, infelizmente. Quem paga mais imposto, proporcionalmente à sua renda, é o pobre. E os muito ricos não pagam absolutamente nada, pagam uma proporção muito pequena da sua renda. Essa reforma tributária será feita por emenda constitucional, que prevê, inclusive, a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. Uma proposta defendida por nós desde janeiro de 2018 e que contempla o nosso plano de governo. Segunda reforma importante é a reforma bancária. Não é possível continuar convivendo com essa concentração de bancos, com as taxas de juros que eles cobram do empresário que quer produzir e do consumidor que quer comprar no crediário. Se nós fizermos com que o juro baixe, o lucro do empresário sendo maior que o juro, as pessoas vão voltar a investir e vão voltar a contratar. E se nós diminuirmos os impostos da classe média e dos mais pobres, eles voltarão ao mercado de consumo e exigirão dos empresários que contratem força de trabalho para produzir mais. Essas duas medidas são essenciais para a retomada do crescimento, e vão ter que ser feitas por emenda constitucional. A terceira emenda constitucional importante é o fim do congelamento de gastos que afetou drasticamente o investimento. Sobre a segunda pergunta, o ex-ministro não participa da minha campanha, não participará do meu governo e eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar.
Renata Vasconcellos: Candidato, o senhor tem mais 30 segundos para se despedir.
Fernando Haddad: Eu queria agradecer, Renata, Bonner, a oportunidade de reiniciar esse segundo turno na presença de vocês, podendo conversar com o eleitor, com a eleitora. E pedindo a todos que acompanhem essas três semanas. O futuro do país está em jogo, o futuro da democracia está em jogo. O futuro dos seus direitos sociais e trabalhistas está em jogo. E nós queremos, respeitosamente, pedir a sua compreensão, o seu apoio, a sua atenção, para que você vote conscientemente. Muito obrigado.
Renata Vasconcellos: Candidato Haddad, boa noite, parabéns pela chegada ao segundo turno em segundo lugar. Antes de mais nada, nós gostaríamos que o senhor aproveitasse esse momento para uma saudação aos eleitores numa mensagem de dois minutos. A gente vai ter uma tolerância de 15 segundos.
Fernando Haddad: Renata, Bonner, é uma grande satisfação estar com vocês nesta noite. Telespectador, cidadão, cidadã brasileiros. É uma grande satisfação estar no segundo turno com o seu apoio. É uma honra poder participar de um segundo turno de uma eleição presidencial, situação em que nós vamos poder confrontar apenas dois projetos. Vai ficar muito mais claro para você a natureza de cada um dos projetos. Nós, do lado da social democracia, do estado de bem-estar social, que garante o direito do cidadão, que garante o direito do trabalhador, que cumpre a Constituição de 1988, que ampliou as possibilidades e as oportunidades. Um projeto que visa gerar empregos e oportunidades educacionais. Conforme eu tenho dito ao longo dessa campanha - eu que tenho apenas 20 dias de campanha e consegui atingir 29% dos votos, mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras confiaram no nosso projeto —, eu tenho dito que uma pessoa tem que acordar e ter para onde ir. É como eu aprendi com meu pai. E isso exige do poder público oportunidades de emprego e de educação. É carteira de trabalho assinada em uma mão e um livro na outra. Espírito desarmado em virtude do desejo de promover desenvolvimento com inclusão social. Nós não podemos pensar em outra natureza de desenvolvimento. O desenvolvimento para poucos não é desenvolvimento. A economia pode até crescer, mas ela não vai se estabelecer. O verdadeiro crescimento que nos interessa é aquele que é compartilhado com todos os brasileiros, sobretudo com os mais vulneráveis. É esse projeto de Brasil que nós queremos defender nesse segundo turno, e o faremos com muita responsabilidade e com muito respeito a você, eleitor, eleitora.
Renata Vasconcellos: Candidato, o seu programa de governo prevê a convocação de uma Assembleia Constituinte para mudar a Constituição brasileira, a chamada Constituição Cidadã, que é o que garante a nossa democracia e que acabou de completar apenas 30 anos. Juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma Constituinte, não há previsão para isso. Só há previsão de reforma por uma emenda constitucional, e que precisa da aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas não podem mudar cláusulas pétreas - essas não podem ser alteradas de jeito nenhum. Um outro ponto é que 10 dias atrás o ex-presidente do PT José Dirceu disse ao jornal espanhol “El País” que não acreditava numa vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, e declarou o seguinte, abre aspas: “Dentro do país é uma questão de tempo para gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição”. Fecha aspas. O que o senhor diria aos seus críticos que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?
Fernando Haddad: Bom, em primeiro lugar, sobre a primeira pergunta, nós revimos o nosso posicionamento. Nós vamos fazer as reformas devidas por emenda constitucional. Quais delas? Em primeiro lugar, a reforma tributária. No Brasil, quem sustenta o Estado é o pobre, infelizmente. Quem paga mais imposto, proporcionalmente à sua renda, é o pobre. E os muito ricos não pagam absolutamente nada, pagam uma proporção muito pequena da sua renda. Essa reforma tributária será feita por emenda constitucional, que prevê, inclusive, a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. Uma proposta defendida por nós desde janeiro de 2018 e que contempla o nosso plano de governo. Segunda reforma importante é a reforma bancária. Não é possível continuar convivendo com essa concentração de bancos, com as taxas de juros que eles cobram do empresário que quer produzir e do consumidor que quer comprar no crediário. Se nós fizermos com que o juro baixe, o lucro do empresário sendo maior que o juro, as pessoas vão voltar a investir e vão voltar a contratar. E se nós diminuirmos os impostos da classe média e dos mais pobres, eles voltarão ao mercado de consumo e exigirão dos empresários que contratem força de trabalho para produzir mais. Essas duas medidas são essenciais para a retomada do crescimento, e vão ter que ser feitas por emenda constitucional. A terceira emenda constitucional importante é o fim do congelamento de gastos que afetou drasticamente o investimento. Sobre a segunda pergunta, o ex-ministro não participa da minha campanha, não participará do meu governo e eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar.
Renata Vasconcellos: Candidato, o senhor tem mais 30 segundos para se despedir.
Fernando Haddad: Eu queria agradecer, Renata, Bonner, a oportunidade de reiniciar esse segundo turno na presença de vocês, podendo conversar com o eleitor, com a eleitora. E pedindo a todos que acompanhem essas três semanas. O futuro do país está em jogo, o futuro da democracia está em jogo. O futuro dos seus direitos sociais e trabalhistas está em jogo. E nós queremos, respeitosamente, pedir a sua compreensão, o seu apoio, a sua atenção, para que você vote conscientemente. Muito obrigado.
Jair Bolsonaro
William Bonner: Agora então é a vez do candidato Jair Bolsonaro, pelo nosso sorteiro. Candidato Bolsonaro, boa noite, parabéns pela chegada ao segundo turno em primeiro lugar. O senhor, por favor, também pode começar com a sua mensagem de dois minutos para os eleitores e, claro, os mesmo 15 segundos de tolerância, por favor.
Jair Bolsonaro: Boa noite, Bonner. Boa noite, Renata. Boa noite, brasileiros. Primeiro, meu muito obrigado aos quase 50 milhões de pessoas que acreditaram em mim no último domingo. O nosso compromisso, a nossa plataforma, a nossa bandeira, baseia-se em João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Meu muito obrigado as lideranças evangélicas, ao homem do campo, quer seja do agronegócio, quer seja da agricultura familiar, obrigado caminhoneiros, obrigado policiais civis e militares, integrantes das Forças Armadas, obrigado família brasileira, que tanto clama para que seus valores sejam respeitados e, mais ainda, que a inocência da criança em sala de aula esteja acima de tudo. Então, meu muito obrigado, em especial, a região Nordeste que, apesar de eu ter perdido lá, nunca alguém que fez oposição do PT teve uma votação tão expressiva como eu tive. Obviamente, não tive mais por fake news, mentiras. Nós não pretendemos acabar com o Bolsa Família, muito pelo contrário, devemos combater as fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter um dinheiro um pouco maior. Homens e mulheres do Bolsa Família, fiquem tranquilos. Não pretendemos criar ou aumentar o Imposto de Renda, a cobrança de Imposto de Renda. Mentira. A proposta do nosso economista Paulo Guedes é quem ganha até cinco mínimos não descontará Imposto de Renda. E, acima disso, uma tabela de 20% para todos. Não pretendemos recriar a CPMF. Eu fui um dos que votou contra a CPMF no passado. Queremos um Brasil aberto ao negócio com o mundo todo, fazer parceria com o mundo todo. Jogar pesado na questão da insegurança pública. Fazer com que as mulheres se sintam protegidas no Brasil. Dessa forma é que nós pretendemos governar o país e dessa forma nós pretendemos construir o futuro da nossa pátria maravilhosa.
William Bonner: Candidato, no mês passado, durante uma palestra, o seu vice, o general Hamilton Mourão, disse que a Constituição brasileira de 1988 foi um erro. A chamada Constituição Cidadã, como a Renata acabou de dizer há pouco, que é aquela que garante a nossa democracia e que completou recentemente só 30 anos. O general Mourão disse que a elaboração de uma Constituição nova, eu vou abrir aspas para as palavras dele, a elaboração de uma Constituição nova “não precisa ser feita por eleitos pelo povo”. Isso poderia ser feito por um conselho de notáveis, nas palavras usadas pelo seu vice, e apenas referendada, depois, pelos eleitores. De novo, nós temos que dizer, juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma Constituinte, não há uma previsão para isso. Existe uma previsão de reforma por emenda constitucional, que precisa de aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas, o senhor sabe, não podem mudar, as chamadas cláusulas pétreas - essas não podem ser alteradas de jeito nenhum, como a Renata também já disse aqui. Bom, também em setembro, numa entrevista à Globonews, o general Mourão admitiu a possibilidade de o presidente da República perpetrar o chamado autogolpe. O que o senhor diria aos seus críticos que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?
Jair Bolsonaro: Ele é general, eu sou o capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova Constituinte até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe? Não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe. Se estamos disputando as eleições é porque nós acreditamos no voto popular. E seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. Quem nos auxiliará, sim, o general Augusto Mourão. E ele... Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice. Nós queremos demonstrar com isso que precisamos, sim, ter um governo com autoridade e sem autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular. E tenho certeza que uma vez eleito, o que falta um pouco ainda ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política. E ele rapidamente se adequará à realidade brasileira e à função tão importante que é a dele. General Augusto Mourão, agradeço a sua participação, mas nesses dois momentos ele foi infeliz. Deu uma canelada. Mas repito: o presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido.
William Bonner: Candidato, o senhor ainda teria 30 segundos para complementar a sua resposta. O senhor abre mão deles?
Jair Bolsonaro: Eu posso... Não. Eu posso complementar. Quando você fala em Constituição, uma Constituinte, não podemos admitir isso. Até porque não teríamos autoridade para tal. Vamos manter e sermos escravos da nossa Constituição. Algumas propostas pontuais, sim, poderemos propor. Como, por exemplo, a redução da nossa maioridade penal, que o povo quer e deseja.
William Bonner: Candidato, então, agora, o senhor tem mais 30 segundos para se despedir dos eleitores.
Jair Bolsonaro: Vamos pacificar e unir o povo brasileiro. Sob a bandeira verde e amarela, sob o nosso hino nacional, juntando todos que foi dividido no passado pela esquerda. Dessa forma, podemos mais que sonhar. Temos a certeza que faremos um Brasil diferente do que foi feito até o momento. Não aceitaremos o “toma-lá da-cá” e nem imposição partidária para escolher o nosso time de ministros. Será um time, aí sim, de notáveis, competentes, e com autoridade para buscar o que é melhor para o Brasil e não para agremiações político-partidárias.
William Bonner: Candidato Jair Bolsonaro, muito obrigado também ao senhor pela participação no Jornal Nacional.
Jair Bolsonaro: Boa noite, Bonner. Boa noite, Renata. Boa noite, brasileiros. Primeiro, meu muito obrigado aos quase 50 milhões de pessoas que acreditaram em mim no último domingo. O nosso compromisso, a nossa plataforma, a nossa bandeira, baseia-se em João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Meu muito obrigado as lideranças evangélicas, ao homem do campo, quer seja do agronegócio, quer seja da agricultura familiar, obrigado caminhoneiros, obrigado policiais civis e militares, integrantes das Forças Armadas, obrigado família brasileira, que tanto clama para que seus valores sejam respeitados e, mais ainda, que a inocência da criança em sala de aula esteja acima de tudo. Então, meu muito obrigado, em especial, a região Nordeste que, apesar de eu ter perdido lá, nunca alguém que fez oposição do PT teve uma votação tão expressiva como eu tive. Obviamente, não tive mais por fake news, mentiras. Nós não pretendemos acabar com o Bolsa Família, muito pelo contrário, devemos combater as fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter um dinheiro um pouco maior. Homens e mulheres do Bolsa Família, fiquem tranquilos. Não pretendemos criar ou aumentar o Imposto de Renda, a cobrança de Imposto de Renda. Mentira. A proposta do nosso economista Paulo Guedes é quem ganha até cinco mínimos não descontará Imposto de Renda. E, acima disso, uma tabela de 20% para todos. Não pretendemos recriar a CPMF. Eu fui um dos que votou contra a CPMF no passado. Queremos um Brasil aberto ao negócio com o mundo todo, fazer parceria com o mundo todo. Jogar pesado na questão da insegurança pública. Fazer com que as mulheres se sintam protegidas no Brasil. Dessa forma é que nós pretendemos governar o país e dessa forma nós pretendemos construir o futuro da nossa pátria maravilhosa.
William Bonner: Candidato, no mês passado, durante uma palestra, o seu vice, o general Hamilton Mourão, disse que a Constituição brasileira de 1988 foi um erro. A chamada Constituição Cidadã, como a Renata acabou de dizer há pouco, que é aquela que garante a nossa democracia e que completou recentemente só 30 anos. O general Mourão disse que a elaboração de uma Constituição nova, eu vou abrir aspas para as palavras dele, a elaboração de uma Constituição nova “não precisa ser feita por eleitos pelo povo”. Isso poderia ser feito por um conselho de notáveis, nas palavras usadas pelo seu vice, e apenas referendada, depois, pelos eleitores. De novo, nós temos que dizer, juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma Constituinte, não há uma previsão para isso. Existe uma previsão de reforma por emenda constitucional, que precisa de aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas, o senhor sabe, não podem mudar, as chamadas cláusulas pétreas - essas não podem ser alteradas de jeito nenhum, como a Renata também já disse aqui. Bom, também em setembro, numa entrevista à Globonews, o general Mourão admitiu a possibilidade de o presidente da República perpetrar o chamado autogolpe. O que o senhor diria aos seus críticos que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?
Jair Bolsonaro: Ele é general, eu sou o capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova Constituinte até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe? Não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe. Se estamos disputando as eleições é porque nós acreditamos no voto popular. E seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. Quem nos auxiliará, sim, o general Augusto Mourão. E ele... Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice. Nós queremos demonstrar com isso que precisamos, sim, ter um governo com autoridade e sem autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular. E tenho certeza que uma vez eleito, o que falta um pouco ainda ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política. E ele rapidamente se adequará à realidade brasileira e à função tão importante que é a dele. General Augusto Mourão, agradeço a sua participação, mas nesses dois momentos ele foi infeliz. Deu uma canelada. Mas repito: o presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido.
William Bonner: Candidato, o senhor ainda teria 30 segundos para complementar a sua resposta. O senhor abre mão deles?
Jair Bolsonaro: Eu posso... Não. Eu posso complementar. Quando você fala em Constituição, uma Constituinte, não podemos admitir isso. Até porque não teríamos autoridade para tal. Vamos manter e sermos escravos da nossa Constituição. Algumas propostas pontuais, sim, poderemos propor. Como, por exemplo, a redução da nossa maioridade penal, que o povo quer e deseja.
William Bonner: Candidato, então, agora, o senhor tem mais 30 segundos para se despedir dos eleitores.
Jair Bolsonaro: Vamos pacificar e unir o povo brasileiro. Sob a bandeira verde e amarela, sob o nosso hino nacional, juntando todos que foi dividido no passado pela esquerda. Dessa forma, podemos mais que sonhar. Temos a certeza que faremos um Brasil diferente do que foi feito até o momento. Não aceitaremos o “toma-lá da-cá” e nem imposição partidária para escolher o nosso time de ministros. Será um time, aí sim, de notáveis, competentes, e com autoridade para buscar o que é melhor para o Brasil e não para agremiações político-partidárias.
William Bonner: Candidato Jair Bolsonaro, muito obrigado também ao senhor pela participação no Jornal Nacional.
William Bonner: Obrigado ao candidato Haddad.
Por: G1/Jornal Nacional
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