sexta-feira, setembro 07, 2018

Haddad diz que não será vice na chapa se PT indicar outro nome como candidato a presidente

À GloboNews, afirmou que decidirá na segunda-feira (10) com Lula quem será o candidato do partido à Presidência. Na semana passada, TSE rejeitou candidatura do ex-presidente com base na Ficha Limpa (Foto: Reprodução/GloboNews)

O candidato a vice-presidente da República Fernando Haddad afirmou nessa quinta-feira (6) à GloboNews que não continuará na chapa do PT se o partido decidir indicar outro nome como candidato à Presidência.

Na semana passada, por seis votos a um, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto com base na Lei da Ficha Limpa.

Haddad deu a declaração à GloboNews, que, nesta semana, entrevista os postulantes ao cargo de vice-presidente das cinco chapas mais bem colocadas nas pesquisas de opinião (clique no nome do candidato para saber como foi a entrevista):

Segunda-feira (3/9): Kátia Abreu (PDT), vice de Ciro Gomes (PDT);
Terça-feira (4/9): Ana Amélia (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB);
Quarta-feira (5/9): Eduardo Jorge (PV), vice de Marina Silva (Rede);
Sexta-feira (7/9): General Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL).

"Se o PT indicar um outro nome para disputar como candidato a presidente, o senhor continua na chapa como vice?", perguntou o jornalista Merval Pereira.

"Não continuarei na chapa como vice. Terça-feira vamos aguardar o resultado do Supremo, vamos decidir com o presidente [Lula] na segunda", respondeu Haddad.

Indagado então por Miriam Leitão se aceitará ser "cabeça de chapa", ou seja, o candidato a presidente, Haddad respondeu: "Isso que vamos discutir na segunda-feira".

'Falhas' na gestão econômica

Fernando Haddad também afirmou na entrevista à GloboNews que vê "falhas importantes" do PT na gestão das políticas econômicas, mas acrescentou que os "erros" não explicam a derrocada econômica.

Para Haddad, o governo petista foi alvo de "sabotagem institucional" por parte do senador Aécio Neves (PSDB-MG), do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e da oposição, que, afirmou, se aliou a um vice-presidente com caráter "frágil".

"De 2003 a 2012, a meados de 2012, eu penso que, se cometemos erros na questão econômica, foram muito laterais. Não foram importantes. Em 2013 e 2014, alguns erros importantes, mas que não explicam a debacle de 2015 e 2016", afirmou Haddad.

"Considero que, em 2013 e 2014, houve falhas da condução econômica. Mas o que aconteceu em 2015 e 2016 foi sabotagem institucional, que gerou clima de incerteza que os empresários todos recolheram, e pararam de investir. Queriam saber como ia terminar", completou.


Para Fernando Haddad, o governo Dilma Rousseff tomou decisões "equivocadas", como desonerar a folha de pagamento de alguns setores da economia e reduzir o valor da tarifa de energia "num momento em que os projetos não estavam maduros".

Outros temas

Saiba abaixo outros temas abordados pelo candidato durante a entrevista:

Integrantes do PT investigados: "Nós criamos mecanismos contra a corrupção como nenhum partido criou. O que diferencia um governo que combate a corrupção de um governo que não combate? Na minha opinião, os governos se diferenciam por uma regra simples. Fortaleceu a Polícia Federal? Fortaleceu a Controladoria Geral da União? Fortaleceu o Judiciário? Fortaleceu o Ministério Público? Essas são as instituições que combatem a corrupção. Todas essas instituições foram fortalecidas nos nossos governos. E quem foi pego vai pagar. É assim que se combate a corrupção".

Ministério Público: "Estamos entrando num processo muito perigoso em que você pode, por simpatia ou antipatia, macular a reputação de uma pessoa do nada faltando 15 dias para a eleição. 'Vou entrar contra o Haddad, contra o Alckmin". Faltando 15 dias? Cadê o processo? Depois a gente vê? Teve três anos para entrar com ação e entrou agora por que? Não defendo isso contra mim e não defendo contra meus adversários. O Ministério Público é uma instituição séria e precisa tomar cuidado com esse tipo de procedimento faccioso".

Delações: "Há casos em que as pessoas que erraram estão pagando, há erros jurídicos em outros casos e há injustiças. A Justiça funciona assim. Por isso você recurso e direito de defesa, mas parece que o direito de defesa acabou no Brasil. Um delator bandido vem e fala mal de você. Outro dia, me perguntaram sobre a delação contra o Alckmin, um pilantra falou que pagou não sei o quê. Entre o pilantra e o Alckmin, fico com o Alckmin, porque ele [delator] não apresenta uma prova do está falando".

Mea culpa dos que votaram a favor do impeachment: "Está havendo um mea culpa de quem aprovou o impeachment da Dilma. O PSB, por exemplo, se reposicionou completamente. Vários pessebistas saíram do partido e o PSB se posicionou no campo progressista. No campo que, na minha opinião, é o campo popular, democrático, que pensa em direitos sociais, políticos, trabalhistas. Isso vai acontecer cada vez mais porque deu errado o plano. O plano fez água. Eles imaginaram que tiravam a Dilma e, em três anos, arrumavam o país com uma cartilha que não está funcionando".
Relações internacionais: "O Brasil fez uma política externa durante os nossos governos muito importante para fortalecer os laços que nos unem à América Latina, América do Sul, em particular, e ao Mercosul, em especial. Eu entendo que fizemos grandes parcerias de integração continental [...]. Eu entendo que nós não devemos tomar partido e ingerir na política interna dos países [...]. Só que hoje o Itamaraty sumiu. Você pega o que o Itamaraty está fazendo na Venezuela é um absurdo. Está tomando partido. Está se posicionando".

G1 Brasília

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