quarta-feira, setembro 05, 2018

Devinho Novaes no G1: guiado pela avó, 'boyzinho do arrocha' conquista Wesley Safadão, Marília Mendonça e fãs pelo Brasil


Sergipano de 21 anos que canta 'Alô dono do bar' e 'Como a culpa é minha' tem show com a avó compositora no palco, arremessos de celular e toalhas suadas, sofrência e frenesi. Devinho tem o nome da avó tatuado na mão direita (Foto: Divulgação/Página oficial do cantor no Facebook)
Devinho conheceu o Lago de Itaparica, em Petrolândia-PE, antes de show realizado na cidade em março deste ano. 

Todo mundo quer um pouco de Devinho Novaes - não só as fãs que jogam o celular no palco em busca de uma foto ou brigam por toalhas com o suor dele. Até ídolos como Wesley Safadão, Marília Mendonça e Gusttavo Lima colam no carisma do sergipano com parcerias em estúdio e ao vivo.

O cantor de 21 anos está em alta com o arrocha dos hits "Alô dono do bar" e "Como a culpa é minha (oi nego)". O primeiro foi regravado em dueto com Wesley Safadão. O segundo foi cantado ao vivo com Gusttavo Lima em Petrolina (PE). O próximo hit pode ser "Coração blindado", dueto com Marília Mendonça.

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O G1 passou uma noite no palco com o "boyzinho", como ele mesmo se intitula, no Centro de Tradições Nordestinas (CTN) em SP. O show tem:
  • Devinho cantando para o CTN lotado pela 2ª vez em dois meses. Os 7 mil ingressos para a noite de 17 de agosto com ele, Aldair Playboy e Xand Avião se esgotaram 15 dias antes.
  • A avó de Devinho, dona Lourdes, sentada no fundo do palco. Ela é compositora de algumas músicas do repertório e mentora da carreira do neto.
  • Uma mistura de tristeza, com letras de amor trágico, e alegria, com bases dançantes da banda de som vigoroso - nada de playback ou improviso ali.
  • Momentos de frenesi, como o arremesso de celulares e toalhas, e jogo de cena, como Devinho tomando uísque no gargalo em "Alô dono do bar".
Boyzinho bonzinho


O ato mais transgressor de Devinho no palco foi o consumo de bebida alcoolica no final do show. No mais, ele faz o estilo bom moço, que atrai ainda mais compaixão com as músicas sobre coração partido.

Ele tem duas tatuagens nas costas das mãos. Na esquerda está escrito "Deus". Na direita, o nome da avó: "Lourdes".

Até as referências musicais são coerentes com o fato de que ele foi criado pela avó. "Eu sempre gostei de brega, né? Júlio Nascimento [maranhense de bregas apaixonados como 'Dinalva', 'Leidiane' e 'Luana' e visto como precursor do arrocha], Adelino Nascimento [falecido 'cantor apaixonado do povão' sergipano]", ele diz.

Devinho começou a cantar e tocar aos nove anos, quando ganhou em uma promoção de rádio seu primeiro instrumento: um cavaquinho. Mesmo com pouco dinheiro, a avó fã de brega incentivava o menino.

"Ela me ajudou, puxou minha orelha, falou: 'Você vai ficar aqui no negócio de música'. Ela me criou desde os nove meses e batalhou bastante por mim. Para meu primeiro CD, gastou o dinheiro todinho da aposentadoria dela e investiu no neto", conta Devinho.

"Fui para o violão e depois para o teclado. Fazia shows em festa de aniversário por 50, 80 reais e comecei a fazer vídeos em redes sociais. Minha avó e um amigo me ajudaram e gravei um disco e começou a espalhar o sucesso", ele resume.

"Desde 9 anos de idade eu já acreditava nele, e Deus deu a resposta", diz Dona Lourdes, 64 anos, no camarim do neto. Ela mora em Aracaju, mas costuma acompanhá-lo em turnê. "Viajo o máximo que posso. Na viagem passada eu fiquei por sete shows direto", ela conta.

Dona Lourdes tem cadeira cativa em cima do palco, escondida lá atrás entre o baixista e o tecladista. Vez ou outra, até aparece na frente para dar uma palhinha, como em show neste ano na Paraíba. No show presenciado pelo G1, ela ficou só no fundo mesmo.

Além disso, Lourdes compôs algumas músicas do repertório de Devinho. Ela não é autora dos maiores sucessos, mas compôs faixas como "Perdi a paz" e "Mulher". A segunda é introduzida assim pelo neto: "Essa é mais uma da minha avó Dona Lourdes, a boyzinha do sucesso. Puxe, menina!"

Outra mulher no palco em SP é a namorada, Aylle Santiago. A modelo de 19 anos é baiana e mora em Aracaju. "Já conhecia as músicas dele, cantava e me arrepiava. Fui a um show, mandei mensagem a um amigo em comum e a gente começou a conversar lá", ela conta, no camarim ao lado da dona Lourdes.

Sofrência angolana

O maior sucesso atual de Devinho, "Como a culpa é minha (oi nega)", nasceu em Angola em 2009 e fez escala em Pernambuco em 2011.

A música original é do cantor de r&b Anselmo Ralph. Ele é famoso em Angola e em Portugal: já foi mentor do "The Voice" português e cantou em festa de aniversário de Cristiano Ronaldo. Chegou a cantar com brasileiros como Claudia Leitte e Alexandre Pires.

"Não vai dar", a faixa de origem, faz parte de uma trilogia de faixas do angolano. A terceira parte foi regravada pela banda recifense Torpedo, com a conversa por telefone sobre traição acrescentada na versão assinada por André Black. Assim nasceu "Como a culpa é minha" (2011).

Devinho reivindica apenas uma palavra como mérito de sua versão estourada em 2018. "A letra era originalmente 'alô, oi amor'. 'Oi nego' já foi por causa da galera baiana. As backing vocals da gente são de Feira de Santana (BA). O povo diz muito 'oi nego' e isso ajudou a pegar".

'Fica alegre, chora'

Como boyzinho explica o êxtase do público no CTN com músicas de histórias tão chorosas? "A música da gente traz alegria e ao mesmo tempo tristeza", ele diz.

Devinho tenta explicar o poder do arrocha. O gênero romântico e ao mesmo tempo dançante surgiu na Bahia no começo da década passada. O arrocha se misturou ao sertanejo no resto do país, e também se manteve em alta no Nordeste com sua face de mais "sofrência"- vide o sucesso de Pablo.

"Com o arrocha a galera fica alegre, curte, chora lembrando da mulher que se separou. Puxa uma pessoa para dançar, mas também fica lembrando de quem perdeu."

"Eu ouço muita reclamação no Instagram: 'Ô, Devinho, você é o culpado de meu fígado estar tão ruim, tô bebendo muita cachaça lembrando da minha ex'", ele brinca

"Mas fico feliz que a galera está valorizando o arrocha". Ele calcula que o público, mesmo em SP, ainda é "80%" de pessoas do Nordeste. Mas vê o sucesso se ampliar. "A gente está com a agenda cheia até o fim do ano. Trinta, trinta e cinco shows por mês. Estou conseguindo realizar meu sonho", diz.

Fonte: G1
Blog de Assis Ramalho

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