A postura de ataque ao PT é parte da estratégia dos partidos na tentativa de deslanchar nas pesquisas. Geraldo Alckmin, do PSDB, e João Amoêdo, do Novo, tentam crescer na centro-direita. Para isso, o confronto com os petistas é inevitável. Jair Bolsonaro, do PSL, construiu uma narrativa na esteira “anti-PT” e, hoje, lidera as pesquisas nos cenários sem Lula. Tucanos e a “onda laranja” sabem que o impulsionamento na corrida eleitoral passa por abocanhar parte do eleitorado não cativo de Bolsonaro e de outros indecisos identificados com a direita política.
Em campanha em São Bernardo do Campo (SP), berço político do PT, Alckmin classificou a propaganda petista como uma tentativa de “esconder” o “real candidato”. No julgamento de sexta-feira, o TSE julgou Lula inelegível e definiu que ele não pode fazer campanha. Por isso, os tucanos entendem que a propaganda petista deveria apresentar Haddad como presidenciável. “O que o PT está fazendo é uma coisa absurda, porque é uma enganação para a população. Eles sabem que o Lula não vai ser candidato e o que estão fazendo é tentar, artificialmente, vitimizar alguém que foi condenado e, de outro lado, esconder o candidato”, criticou.
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A propaganda do PT informa o eleitor de que a Organização das Nações Unidas (ONU) entende que Lula pode ser candidato. Ao longo de toda a publicidade, Haddad e Lula enaltecem a candidatura do ex-presidente. Na ação movida pelo Novo, a legenda enumera que Haddad fala de Lula durante 31 dos 143 segundos. A defesa da legenda ainda ressalta que a imagem de Lula é veiculada durante 43 segundos e há 20 referências diretas a ele na peça publicitária.
O tempo destinado a Haddad na propaganda é, na avaliação do Novo, desproporcional para alguém que deveria figurar como o real candidato. “Quem assiste à propaganda nem sequer sai com a informação de que ele é o candidato a vice-presidente”, assinalou a advogada Marilda de Paula Silveira. Para ela, há um “evidente desvio da utilização” da publicidade, que infringe dois artigos da legislação eleitoral. Por esse motivo, a defesa sustenta a suspensão da veiculação com fixação de multa em caso de descumprimento. “E a perda de tempo equivalente ao dobro do usado na prática do ilícito (todo o tempo de propaganda), no período do horário gratuito subsequente, dobrada a cada reincidência.”
Laboratório
O raciocínio não é muito diferente da centro-esquerda liderada pelo PDT. Atrás nas pesquisas, Ciro sabe que disputa parte do eleitorado da esquerda com os petistas. Para isso, também foi ao ataque e mirou Haddad, possível substituto de Lula na disputa. Em campanha em Jundiaí (SP), Ciro o classificou como mais uma “experiência” do “laboratório” petista. “A gente precisa ter um pouquinho de responsabilidade para saber que o Brasil não é um laboratório. O Brasil não aguenta mais experiências. A Dilma, afinal de contas, começou esse desastre que nós estamos vivenciado no país”, declarou.
A candidata da Rede, Marina Silva, adotou um tom mais comedido. Potencial herdeira de votos de Lula, ela acredita que tudo ainda será “adequado”. “Há uma decisão que já foi tomada e provavelmente tudo isso será adequado de acordo com as notificações judiciais. A Justiça está fazendo seu trabalho. Eu não tenho nenhuma ansiedade tóxica em relação ao processo político”, destacou, em campanha no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), zona norte de São Paulo. Procurados, Bolsonaro e Alvaro Dias, candidato do Podemos, não se posicionaram.
Apesar da decisão do TSE, o PT continua associando Lula como o principal candidato das eleições. Ontem, o partido veiculou um vídeo de 30 segundos em que apresenta eleitores se afirmando como “Lula”. Haddad reforça o coro. “Não adianta impedir que Lula ande o país, pois somos milhões de Lula”, declarou. Em Maceió, o vice-candidato petista ressaltou que qualquer mudança na campanha será discutida somente após uma reunião que ele terá hoje com o ex-presidente, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Por: Correio Braziliense
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