Candidato do PDT ao Planalto deu declaração à GloboNews. PT apoiará candidatos do PSB em alguns estados em troca da neutralidade do partido na eleição presidencial; Ciro tentava atrair legenda (Foto: Reprodução GloboNews)
O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou nesta quarta-feira (1º) ter sido "extremamente leal" ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, por isso, se declarou surpreso com o tratamento "hostil" que o PT tem dado a ele.
A declaração foi feita em entrevista à GloboNews, que, nesta semana, entrevista postulantes ao Palácio do Planalto nas Eleições 2018.
Em acordo costurado nesta quarta, o PT se comprometeu a apoiar os candidatos do PSB aos governos de Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco em troca da neutralidade da legenda na eleição presidencial. A campanha de Ciro tentava atrair o PSB para formar uma chapa.
"O PT entrou numa que eu tenho que respeitar, tenho que ter paciência. Mas, francamente, eu não sei o que eu fiz para merecer esse tipo de conduta, de desapreço e de hostilidade. Porque, se nós olharmos, eu até pago um certo preço, eu apoiei Lula todos os dias sem faltar nenhum ao longo dos últimos 16 anos", afirmou o candidato.
"Não sei o que fiz para merecer esse tipo de tratamento. [...] Mas a vida é assim. O trabalho do cidadão é viabilizar-se e inviabilizar os adversários. [...] Eu fui extremamente leal ao Lula", acrescentou.
Em seguida, Ciro afirmou ser alvo de "radicalismo" do PT: "Me surpreendeu". Ele disse também saber que, ao entrar para a disputa, seria o "cabra marcado para morrer". "Trabalham juntos para me isolar", completou.
Preso desde abril em Curitiba (PR) em um processo relacionado à Operação Lava Jato, Lula é o pré-candidato do PT à Presidência e terá a candidatura confirmada pelo partido no próximo dia 4, na convenção nacional.
Mas, no entendimento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Fux, por já ter sido condenado por órgão colegiado da Justiça, Lula está inelegível, conforme prevê a Lei da Ficha Limpa.
'Anarquia institucional'
Durante a entrevista à GloboNews, Ciro Gomes avaliou que o Brasil vive um momento de "anarquia institucional" porque os prefeitos, na visão dele, por exemplo, têm sido "tutelados por um jovem garoto do Ministério Público que faz e acontece".
Na avaliação do candidato do PDT à Presidência, integrantes do MP têm levado pessoas à "execração pública" e, por isso, se eleito, "organizará a casa" e fará com que os poderes "voltem para a caixinha".
"Organizar a casa significa restaurar a funcionalidade dos poderes do Estado brasileiro. Voltar para a caixinha é a metáfora de cada um voltar para as suas atribuições institucionais. Porque tudo o que se quer é que o povo fique de fora da jogada", afirmou.
Questionado sobre se proporá a redução do poder do Ministério Público caso seja eleito, Ciro Gomes disse que não, acrescentando: "Aos técnicos cabe guardar os direitos das minorias, vigiar formalidades. Não podem tutelar o poder político."
Outros temas
Saiba abaixo outros temas abordados pelo candidato na entrevista à GloboNews:
Prisão após 2ª instância: "[Defendo] desde que corrijamos a estupidez brasileira de dar quatro graus de jurisdição a crimes comuns. Olha a aberração que estamos produzindo no Brasil. [...] Sou a favor de que, ao segundo grau de jurisdição, encerrou-se o assunto para crime comum. Hoje temos quatro graus, aí fazemos puxadinhos malucos".
Redução da maioridade penal: "Se um menino de 17, 16 anos, que já não é mais um menino, comete um crime qualquer, ele é segregado por até três anos. Nós podemos agravar a pena para a reincidência. Isso não tem nenhum problema. Mas não precisa reduzir, porque, na hora que você reduzir, o narcotráfico vai buscar criança de 12. Reduziu para 12, ele vai buscar a de 10 anos".
Tributo sobre lucros e dividendos: "O mundo inteiro cobra tributos sobre lucros e dividendos empresariais. Só o Brasil e a Estônia não cobram. Eu vou propor cobrar. [...] Lucros e dividendos é o seguinte: se a empresa investe, zero tributação. Se ela saca da empresa lucros e dividendos, no mundo inteiro, menos no Brasil e na Estônia, se paga e se paga progressivamente como o Imposto de Renda. É simples de tratar".
Incentivos fiscais: "Vou cortar todas as despesas que eu achar ociosas. Vou passar uma lupa. [...] R$ 354 bilhões, da dona Dilma para cá, foram dispensa de imposto para os ricos, por ano, [ou seja], renúncia fiscal. Eu vou passar uma lupa de um por um, [vou cortar] o que não for coisa absolutamente central para estimular a indústria do país, que será a minha grande prioridade".
Acordo Boeing/Embraer: "Vai ser desfeito [se for eleito]. A Boeing está fazendo o serviço sujo do Mister [Donald] Trump [presidente dos EUA]. [...] A Embraer, com a Força Aérea, desenvolveu o [avião] KC-390, que tem fila de compra de US$ 20 bilhões. Por isso a Boeing tá comprando: para destruir a Embraer. Estão comprando para fechar a Embraer".
Déficit público: "Ninguém vai para frente, nem em casa, nem na empresa, nem na família, muito menos em uma nação, gastando mais do que pode. [...] A sanidade fiscal é um valor. [...] Se me deixarem trabalhar, em dois anos, eu zero [o déficit] com a mão nas costas. Se não me deixarem trabalhar, eu vou governar o Brasil, não vou reformar. Porque comigo vão ser seis meses de reformas. E não é um dia, são seis meses".
O candidato também disse ser favorável à redução de ministérios e de cargos comissionados; afirmou que apresentará um plano de privatização, excluindo petróleo; e não disse qual a opinião sobre legalização da maconha.
G1
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