A polícia da Nicarágua informou nesta sexta-feira (27), ter detido um homem suspeito de ser o autor da morte da médica brasileira Raynéia Lima, um caso atribuído às forças paramilitares que perseguem manifestantes contrários ao governo, informou uma fonte oficial.
"Foi capturado Pierson Gutiérrez Solís, de 42 anos, suposto autor dos disparos que privaram da vida a cidadã Raynéia Gabriela da Costa Lima Rocha". O suspeito possuía uma "arma de fogo do tipo carabina M".
As evidências contra o detido "serão remetidas às autoridades competentes", acrescenta o comunicado, sem revelar as informações que incriminam Solís.
Raynéia Lima, 30 anos, foi morta por um tiro que perfurou tórax e abdome.
A polícia anunciou a captura após o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, criticar a falta de informação por parte das autoridades da Nicarágua sobre a morte da estudante de medicina.
"As informações entregues até agora são extremamente insuficientes. A informação fornecida pelo governo da Nicarágua é que "o autor do tiroteio" foi um segurança particular", declarou Aloysio Nunes à estatal Agencia Brasil, em Joanesburgo, onde participa de uma cúpula do grupo de potências emergentes BRICS.
"Quem foi? Qual era o calibre da arma? Em que circunstancias ocorreu? Não houve até agora um esclarecimento desse episódio e vamos insistir porque nos parece um assunto absolutamente inaceitável", enfatizou o diplomata.
Raynéia foi baleada enquanto voltava de carro para sua residência no sudoeste de Manágua, por volta da meia-noite de segunda-feira, disse à AFP o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina.
Segundo testemunhas, paramilitares dispararam contra seu carro. Ela foi levada por seu namorado para o hospital, mas "as feridas eram fatais" e ela faleceu durante a madrugada, segundo o depoimento de Medina.
A região onde aconteceu o incidente "é dominada por grupos paramilitares" ligados ao presidente Daniel Ortega, segundo Gonzalo Carrión, diretor jurídico do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).
Os grupos paramilitares agem como força de repressão aos protestos que sacodem o país desde abril para exigir a saída de Ortega, que já deixaram mais de 300 mortos.
Por: AFP
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