quarta-feira, julho 25, 2018

"Assassinaram ela sem motivo", diz mãe de médica pernambucana morta na Nicarágua


O pai da médica residente Raynéia Gabrielle Lima, Ridevando Pereira, contou que soube da morte da filha por meio de uma ligação da Embaixada brasileira em Manágua. A brasileira foi morta a tiros na noite da segunda-feira (23/7) em Manágua, capital da Nicarágua.

Segundo ele, a família tem poucas informações e ainda não sabe sob quais circunstâncias Raynéia morreu. "Estamos em contato com a embaixada para saber alguma coisa", disse.

As autoridades brasileiras já notificaram o governo de Daniel Ortega sobre o caso e pediram explicações. A embaixadora nicaraguense em Brasília também foi convocada pelo governo, segundo uma diplomata brasileira em Manágua ouvida pelo Estado de S. Paulo.

Entrevista concedida ao Diario com a mãe de Raynéia

Chorando muito ao telefone, a mãe de Raynéia, a enfermeira aposentada Maria José da Costa, 55 anos, conversou com o Diario de Pernambuco. Segundo ela, a filha tinha se mudado para a Nicarágua em 2013, depois de tentar medicina duas vezes em faculdades públicas de Pernambuco. Medicina era o grande sonho de Raynéia, que estava terminando a residência e voltaria para o Brasil no começo do próximo ano.

Raynéia, segundo a mãe, passou dificuldades para terminar o curso e chegou a vender brigadeiro para custear a vida na Nicarágua, para a qual também recebia ajuda financeira dos ex-sogros. A última vez que Maria José e Raynéia se falaram foi na manhã de segunda-feira (23/7), quando a estudante afirmou que estava de plantão e que, ao chegar em casa, à noite, ligaria para a mãe.

Como vocês ficaram sabendo do ocorrido?

Hoje (terça-feira) pela manhã, por volta das 7h30, meu ex-sogro me ligou. Neste momento, deu um aperto no meu coração. É difícil ele me ligar e quando vi a chamada imaginei que houvesse acontecido algo com a minha filha. Foi quando ele disse que ela tinha levado vários tiros e que não resistiu. Até agora, não sei mais de nada. Ainda não recebi ligação da embaixada.

Como era a rotina dela na Nicarágua?

Era de casa para o hospital. Ela tinha terminado a faculdade em dezembro e estava agora apenas na residência. Queria muito voltar ao Brasil. Tinha ido para lá porque, na época, o ex-sogro era engenheiro da Odebrecht. Assassinaram a minha filha sem motivo algum. Ela nunca foi de fazer manifestação, não era de acordo. Por que fizeram isso com ela? Quero justiça.

Ela já havia chegado a comentar dos protestos que estavam acontecendo na Nicarágua?

Já faz uns seis ou sete meses que ela comentou desses protestos. Disse que o país estava em conflito, que estava um caos. A primeira vez, ela contou: "já faz 10 anos que o governo está no poder e ninguém quer ele, mãe. Chega policial ferido, gente ferida, o tempo todo no hospital". Eu dizia para ela ter cuidado ao sair de casa e voltar, para não ir sozinha. Ela tinha medo, dizia que era mais seguro ficar no hospital do que em casa. Na segunda, disse de novo para ela ter cuidado. Mas na volta do plantão aconteceu isso.

Por Correio Braziliense

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