Por Fernando Batista
Este caso, creio, alterou nossa rotina, nossas conversas, despertou a voz da consciência moral muitas vezes abafada em nós. Quem não fitou para seu filho pequenino e se fez a pergunta: “como pode?!”
Indefesa, PR quantas vezes teve que passar pelas mãos insanas que teriam o dever de proteger? Quanta dor, quanto sofrer, sem sequer saber explicar por palavras o que o corpo já denunciara, o repúdio, o nojo... Ocorre que nem toda criança espera com alegria um beijinho de boa noite. O beijo lascivo, as mãos grandes que a tocaram em nada lembram os atos amorosos e protetores; ao contrário, foram gestos animalescos, dilaceradores, acompanhados de um silêncio angustiante e irracional da vítima contraposto àquele sádico e criminoso agressor.
Sejam quais forem as explicações científicas, psicológicas, psico-sociais, forenses, nenhuma delas servirá para tirar o abusador (pedófilo) do grupo mais abjeto de agressores de que se tem notícia.
Finalmente, desde o princípio não me posiciono como advogado, tampouco como juiz, também não hipoteco minha solidariedade ao acusado. Meu desejo é o de refletir. Mas que a reflexão não paire apenas no “mundo das idéias”. Esta criança não foi a primeira e gostaria sinceramente que fosse a última. No entanto, há muitas realidades violentas de toda sorte [ inclusive contra crianças] na penumbra de muitos lares de nossa cidade. Parafraseando uma canção do Barão Vermelho, despeço-me lançando minha lembrança ao sorriso daquela tenra vida. “Foi o meu inferno, foi o meu descanso, a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva. Faz do amor uma história triste. O bem que você me fez nunca foi real. Da semente mais rica, nasceram flores do mal (...)”.
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