Dirigentes petistas dizem que o isolamento é inédito desde a década de 1980, quando o PT ainda era um coadjuvante nas disputas eleitorais e tinha postura restritiva em relação à política de alianças.
Levantamento feito pelo Estado com dirigentes nacionais e estaduais do PT mostra que o partido pode ficar isolado nas disputas por governos em ao menos oito das 27 unidades da Federação, que somam quase a metade do eleitorado brasileiro.
Luiz Marinho, em São Paulo; Marcia Tiburi, no Rio; Miguel Rossetto, no Rio Grande do Sul; Dr. Rosinha, no Paraná; Décio Lima, em Santa Catarina e Humberto Amaducci, no Mato Grosso do Sul, até agora não conseguiram apoio de nenhuma outra sigla. No Mato Grosso e no Distrito Federal, o PT não definiu nomes até o momento, mas a tendência também é de isolamento.
Juntas, estas unidades federativas representam 70,9 milhões de eleitores ou 49,3% do total de brasileiros aptos a votar no dia 7 de outubro.
Dirigentes petistas dizem que o isolamento é inédito desde a década de 1980, quando o PT ainda era um coadjuvante nas disputas eleitorais e tinha postura restritiva em relação à política de alianças.
Segundo líderes petistas, a situação é um resquício da série de tombos que o partido levou desde as manifestações de junho de 2013, passando pela Operação Lava Jato, o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e culminando com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no caso do triplex do Guarujá (SP).
Além disso, o cenário nos Estados onde os petistas estão isolados repete o quadro nacional. Decidido a manter até o fim a candidatura de Lula, mesmo condenado em segunda instância e preso em Curitiba, o PT ainda não conseguiu fechar uma aliança nem sequer para a disputa presidencial. Em 2014, a coligação que reelegeu Dilma tinha nove legendas.
"O debate sobre alianças ainda está em curso e há tempo para aumentar as nossas coligações", disse o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos vice-presidentes do PT e integrante da Comissão Eleitoral do partido. "As possibilidades de apoio é um ativo político. Por isso ninguém quer revelar as conversas que teve", completou.
De acordo com Teixeira, vários partidos têm manifestado interesse no apoio do PT, principalmente por causa do tempo de TV (a sigla tem a maior bancada da Câmara) e da liderança de Lula nas pesquisas, mas o calendário eleitoral que permite definições até o início de agosto tem atrasado as definições.
O isolamento é maior na Região Sul, onde a onda antipetista, iniciada em 2013, teve mais força. No Rio Grande do Sul, Estado governado duas vezes pelo PT, o ex-ministro Rossetto é pré-candidato a governador em uma chapa "puro-sangue".
"O quadro no Estado é muito dependente do cenário nacional que está muito complexo", disse o vice-presidente do PT-RS, Carlos Pestana. "Não é só o PT. O MDB, PSDB e (Jair) Bolsonaro também", completou.
O partido que governou o País por 13 anos deve lançar 16 candidatos a governador neste ano, um a menos do que nas eleições de 2014, quando o PT teve 17 candidatos e elegeu cinco (MG. BA, CE, PI e AC).
No quadro atual, o PSB, com quem o PT tenta uma aliança nacional é o principal parceiro e deve receber apoio petista em ao menos 12 Estados (AM, AP, ES, PB, SE, RO e TO). Por outro lado, o PT espera ser retribuído em outros cinco: BA, CE, AC, PI e GO. Em Minas Gerais e Pernambuco, onde o petista Fernando Pimentel e Paulo Câmara (PSB) tentam se reeleger, ainda não há definição.
Em Minas, o PT acena com a vaga de vice na chapa presidencial ao ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), que insiste em manter a pré-candidatura ao governo.
No fim de semana passada, a Executiva nacional petista aprovou o adiamento do calendário de encontros estaduais para ganhar tempo em Pernambuco, onde a vereadora Marília Arraes busca a candidatura própria, e tentar convencer o partido a apoiar Câmara. O objetivo é garantir uma aliança com o PSB em nível nacional.
No entanto, líderes do PSB têm dito que a estratégia petista de manter o nome de Lula atrapalha o entendimento. Em entrevista ao Estado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse preferir o ex-prefeito Fernando Haddad.
PCdoB
Com o PCdoB, outro aliado histórico, o PT negocia alianças em nove Estados (MG, BA, CE, PI, AC, MA, GO, RN e PA). Além disso, o PT deve apoiar Renan Filho (MDB) em Alagoas e Belivaldo Filho (PSD) em Sergipe.
Apesar do isolamento em unidades regionais, o PT espera manter ou até aumentar o número de governadores. Em quatro dos cinco Estados governados pelo partido, o candidato petista é favorito (Minas é a exceção). O partido tem grandes esperanças de eleger a senadora Fátima Cleide no Rio Grande do Norte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado/Diário de Pernambuco
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