E, curiosamente, um desses potenciais, apesar do advento da mudança do clima que tem elevado as altas temperaturas no Sertão do NE, região que já convive secularmente com a escassez de água, é a possibilidade de "plantar água", como o projeto da Ecolume já começou os estudos e o trabalho de campo na cidade de Ibimirim em Pernambuco. O projeto, que continuará pelos próximos dois anos, será demonstrado por Francis a partir das 14h50 na UFRPE. Embora fale de forma metafórica, ela que também é doutora em Recursos Hídricos diz que é possível alcançar resultados hídricos significativos, atenuando o maior dos problemas da região através do recaatingamento, termo usado para tratar do replantio da vegetação nativa, a qual tem benefícios alimentares e de negócios.
"A flora da Caatinga, a qual é totalmente adaptada a altas temperaturas, está em plena conexão entre a água do solo com a da atmosfera, sendo naturalmente já inteligente para regular o micro clima do local e reter água em sua volta, trazendo, com isso, benefícios diversos à natureza e às populações", diz Francis, explicando a metáfora sobre o plantar água.
Este, porém, é somente um dos benefícios. Outros eixos do projeto da Ecolume, associado ao recaatingamento, demonstram potencialidades diante dos desafios ambientais e socioeconômicos postos pela alteração climática numa região já semiárida. Além da questão hídrica, a rede tem investigado as oportunidades alimentares da Caatinga. "Toda civilização do mundo se desenvolveu através do habitat natural. É preciso comer a Caatinga", diz Tião Alves, professor da unidade educacional do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), em Ibimirim, entidade que compõe o Ecolume. Potenciais nutritivos e gastronômicos estão sendo analisados pela rede. A professora de Bioquímica da UFPE, Márcia Vanusa, que é integrante da Ecolume, defende que a alimentação escolar no Sertão deveria incluir no cardápio a vegetação local já devidamente estudada.
Para o climatologista Paulo Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, as possibilidades no campo energético são expressivas na região da Caatinga a partir do sol. "Será possível irrigar as plantas com o sol", diz metaforicamente Nobre que também é do Ecolume. Segundo ele, a transformação e uso da energia solar para o recaatingamento oportunizará a tríade de benefícios em busca da soberania hídrica, alimentar e energética dentro do bioma.
Além do IPA, Serta, UFPE e do Inpe, a rede Ecolume é formada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Instituto Federal do Sertão, Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Por: Robério Coutinho
Assessoria de Imprensa Ecolume/IPA
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