quarta-feira, maio 02, 2018

UFRPE apresentará hoje estudo sobre novas potencialidades hídricas e alimentares no Sertão de PE


Nesta quarta-feira (2), em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga, a Universidade Federal Rural de PE (UFRPE ) receberá a climatologista Francis Lacerda, coordenadora técnica do Laboratório de Mudanças Climáticas, do Instituto Agronômico de PE (IPA), para demonstrar novas potencialidades hídricas e alimentares no Sertão a partir do replantio da vegetação nativa associado ao uso da energia solar, que tem se ampliado com o aquecimento planetário. Em outras palavras, a pesquisadora, que lidera uma rede de pesquisadores no país (Ecolume) para estudar estas questões através de um projeto financiado nacionalmente pelo CNPq, tem defendido que através do recaatingamento é possível "plantar água" dentro do semiárido, "comer caatinga" e "irriga-la através do próprio sol".

O evento, que começa às 13h30 e será no auditório da Pró-Reitoria de Atividades de Extensão, contando com demais temas e palestrantes, é uma realização da própria UFRPE, tendo o Comitê Estadual da Reserva Brasileira da Caatinga de Pernambuco (CERBCAA) como um dos responsáveis. "Embora seja o único bioma mundial 100% brasileiro, tendo uma das maiores biodiversidades e a maior população vivendo no seu interior, a Caatinga, por está localizando numa região semiárida e economicamente pobre, continua sendo subjulgada, mas se conservada e havendo seu uso de forma sustentável, seu potencial socioeconômico e ambiental é incrível", diz Rita de Cássia, coordenadora do CERBCAA.

E, curiosamente, um desses potenciais, apesar do advento da mudança do clima que tem elevado as altas temperaturas no Sertão do NE, região que já convive secularmente com a escassez de água, é a possibilidade de "plantar água", como o projeto da Ecolume já começou os estudos e o trabalho de campo na cidade de Ibimirim em Pernambuco. O projeto, que continuará pelos próximos dois anos, será demonstrado por Francis a partir das 14h50 na UFRPE. Embora fale de forma metafórica, ela que também é doutora em Recursos Hídricos diz que é possível alcançar resultados hídricos significativos, atenuando o maior dos problemas da região através do recaatingamento, termo usado para tratar do replantio da vegetação nativa, a qual tem benefícios alimentares e de negócios.


"A flora da Caatinga, a qual é totalmente adaptada a altas temperaturas, está em plena conexão entre a água do solo com a da atmosfera, sendo naturalmente já inteligente para regular o micro clima do local e reter água em sua volta, trazendo, com isso, benefícios diversos à natureza e às populações", diz Francis, explicando a metáfora sobre o plantar água.

Este, porém, é somente um dos benefícios. Outros eixos do projeto da Ecolume, associado ao recaatingamento, demonstram potencialidades diante dos desafios ambientais e socioeconômicos postos pela alteração climática numa região já semiárida. Além da questão hídrica, a rede tem investigado as oportunidades alimentares da Caatinga. "Toda civilização do mundo se desenvolveu através do habitat natural. É preciso comer a Caatinga", diz Tião Alves, professor da unidade educacional do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), em Ibimirim, entidade que compõe o Ecolume. Potenciais nutritivos e gastronômicos estão sendo analisados pela rede. A professora de Bioquímica da UFPE, Márcia Vanusa, que é integrante da Ecolume, defende que a alimentação escolar no Sertão deveria incluir no cardápio a vegetação local já devidamente estudada.

Para o climatologista Paulo Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, as possibilidades no campo energético são expressivas na região da Caatinga a partir do sol. "Será possível irrigar as plantas com o sol", diz metaforicamente Nobre que também é do Ecolume. Segundo ele, a transformação e uso da energia solar para o recaatingamento oportunizará a tríade de benefícios em busca da soberania hídrica, alimentar e energética dentro do bioma.

Além do IPA, Serta, UFPE e do Inpe, a rede Ecolume é formada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Instituto Federal do Sertão, Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Por: Robério Coutinho
Assessoria de Imprensa Ecolume/IPA

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