Foto: Reprodução Blog do Finfa
Durante a manhã de sexta-feira (27), comunidades ribeirinhas do Rio Pajeú participaram do seminário final do projeto ‘Elaboração do Diagnóstico Ambiental e Plano de Ações em Trechos da Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú ’ para a região do alto ao baixo curso da bacia – desde São José do Egito a Floresta, em Pernambuco. O projeto foi financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e tem a finalidade de, ao apontar as deficiências e problemas vivenciados na bacia do Pajeú, envolver as comunidades no seu processo de recuperação e preservação.
De acordo com a empresa Inovesa, responsável pela elaboração do diagnóstico, com foco inicial sobre o uso de agrotóxico na região, o estudo apontou que além deste aspecto, o que mais afeta a qualidade da água trata-se da contaminação por orgânicos, ou seja, pelo despejo inadequado de efluentes domésticos.
O levantamento teve a contribuição direta das comunidades dos municípios no entorno da bacia. Para isso, além das oficinas de capacitação, também foram aplicados questionários sobre o cenário do Rio Pajeú. “Realizamos a coleta de solo, sedimento e água para avaliação. Com isso, confirmamos a contaminação pontual relevante por uso de agrotóxico, em localidades como São José do Egito. Também detectamos outras várias fontes de contaminação no leito do Rio onde há forte processo de eutrofização artificial das águas, provocado por esgoto ou produtos agrícolas”, afirmou o biológo Fabiano Alcisio Silva.
Além disso, de acordo com o diagnóstico, devido a pouca diversidade de culturas e métodos de produção, mais de 70% das propriedades visitadas utilizam apenas da técnica de arar o solo, o que o torna empobrecido. “Se o solo fica mais pobre, é necessário a utilização do agrotóxico, com isso se reforça toda a cadeia de poluição que incide diretamente na qualidade da água”, acrescentou Silva.
A bacia hidrográfica do Rio Pajeú, afluente contribuinte do Rio São Francisco, é o maior curso d’água do estado de Pernambuco, com uma área aproximada de 16.685,63 km², compreendendo 27 municípios, ou seja, cerca de 16,97% do estado. Entendendo a dimensão da bacia, a agricultora Maria do Carmo Damasceno afirmou a necessidade de capacitação para os agricultores. “É preciso capacitar o agricultor para que todos tenham o entendimento sobre a necessidade das boas práticas assegurando a sustentabilidade e a durabilidade dos recursos”.
De acordo com o plano de ações é necessário a melhoria do processo produtivo; manejo e uso racional de defensivos agrícolas; conservação dos solos; sistema de proteção de mananciais; monitoramento limnólogico de macrófitas aquáticas e cianobactérias; balanço hídrico e inventário batimétrico. “Esta é uma bacia muito impactada que necessita deste diagnóstico para que os investimentos e ações que venha a surgir sejam baseados nas soluções apontadas. Vale ressaltar a importância de acompanhar a aplicação dos recursos, por parte do poder público, em demandas ambientais”, acrescentou o secretário da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco do CBHSF, Almacks Luiz.
O evento que aconteceu no auditório do Instituto Federal de Educação de Floresta contou também com a presença de representantes de comunidades quilombolas e da tribo Pankará, além de moradores dos municípios de Floresta, Itacuruba, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.
CBHSF
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