A vazão do Lago de Sobradinho, no norte da Bahia, foi reduzida para 550 metros cúbicos de água por segundo (m³/s), segundo informou a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). “A prioridade do Rio São Francisco não vem sendo a geração de energia, mas o abastecimento humano, os usos múltiplos da água. É importante que esse caminho que está sendo construído respeite as outorgas concedidas”, disse João Henrique Franklin, diretor de Operação da Chesf, em palestra realizada no Workshop de Energia, realizado pela Fiesp, em São Paulo, na última quarta-feira (7).
O diretor afirmou que cada redução de vazão é concedida a partir de uma série de condicionantes ambientais que não têm cobertura de receita e ainda geram demandas judiciais por parte de múltiplos usuários do rio.
A geração de energia pelas usinas hidrelétricas da Chesf foi reduzida nos últimos cinco anos em até 71% devido à crise na Bacia Hidrográfica do Velho Chico. Atualmente as hidrelétricas estão atendendo apenas 15% da carga do Nordeste. Não há, entretanto, risco de desabastecimento energético, por conta da geração térmica, eólica e o intercâmbio de energia com outras regiões pelo Sistema Interligado Nacional. A Chesf tem nove usinas no Rio São Francisco.
De acordo com a Chesf, o reservatório Sobradinho, no último dia 7, estava com 23,6% de volume útil, apresentando sensível melhora nas últimas semanas – em fevereiro, chegou a 13%. Não há previsão de aumento de vazão, embora tenha havido chuvas no Rio São Francisco nas últimas semanas.
João Henrique Franklin disse que a Companhia vem absorvendo competências, com custos associados, que não estão contemplados na sua receita, acrescentou. Por isso, foi solicitado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que a Receita Anual de Geração (RAG) contemple também os custos relacionais a melhoria e às exigências ambientais por conta da crise.
Impactos no rio
Por conta da redução da vazão de Sobradinho, pesquisadores da Agência Municipal do Meio Ambiente de Petrolina (AMMA), em parceria com a Marinha do Brasil, estão fazendo uma análise sobre os impactos que essa redução pode ocasionar no Rio São Francisco. A ação faz parte do Projeto Orla Nossa, desenvolvido pela Prefeitura de Petrolina.
Ao percorrerem todos os trechos das Orlas I e II, as equipes perceberam a extensão dos impactos ambientais e na navegabilidade nessas áreas causados pela baixa vazão. De acordo com diretor de Projetos da AMMA, Victor Flores, quem navega pelo Velho Chico deve redobrar a atenção. “Nossa análise visa, também, averiguar como está o assoreamento nessas áreas. Há locais no meio do Rio São Francisco que a profundidade chega a 50 cm. Quem navega por aqui, deve prestar mais atenção para riscos de acidentes, até que a vazão aumente“, alerta.
Por conta da redução da vazão, segundo a AMMA, as embarcações que fazem a travessia Petrolina- Juazeiro voltaram a encalhar. Um flagrante foi feito durante o período de estudos. Uma das barcas que faz o transporte fluvial entre as duas cidades, encalhou próximo à parada de embarque e desembarque. Pescadores e membros da equipe da Marinha tiveram que puxar a embarcação para que os passageiros pudessem descer.
O diagnóstico de profundidade, juntamente com a pesquisa de qualidade de água, iniciada na semana passada, devem nortear as próximas ações do projeto.
Carlos Britto
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