O título, de logo, sugere que tudo o que for escrito agora será o minimamente palpável ante a complexidade e as subjetividades que dele parte. Fruto de histórias de vida e de mundo, de terras que só podemos caminhar com a permissão de quem as guarda. São hectares vastos e de sulcos profundos. Corações colonizados que sofreram o mesmo que sofreu a nossa pátria. Há amor que também coloniza. Arranca o ouro, devasta reservas e outorga misérias que frutificarão no futuro.
Quando amar é perder a pertença, quando é ser invadida por outro, quando é perder a decisão de cruzar a esquina, de realizar o simples da vida... É desastroso amar assim. Quantas vezes quis gritar independência, correr para ser alforriada e não pôde. Os braços dele não permitiam esse movimento. É metáfora. Ele nunca precisou colocar trancas nas portas. Acorrentou-a de outro modo. Os grilhões foram colocados na morada ontológica.
A devastação deixa marcas. A alma e o corpo denunciam a masmorra psicológica. O olhar perdido no vácuo existencial, as marcas na pele, o roxo a denunciar violência. O tempo passou. A clausura do amor a envelheceu. Mesmo assim a infeliz agoniza dia e noite o medo de perder seu amor algoz. É contradição! É amor que empobrece. Ela sofre diariamente de inseguranças. Ele, sádico que é, a devastou de tal forma que aleijou sua alma.
Pablo Neruda, poeta Chileno, parece saber do que estamos tratando quando ele escreve: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das conseqüências”. Aliás, aconselho nunca perdermos de vista essa frase, quem sabe em algum momento da vida ela bata à nossa porta. Ahhh! o amor e os seus pés de barro. A partir dele ela desaprendeu a ser quem era. Essas foram as conseqüências de suas escolhas. Essa foi a sua prisão sem grades.
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