O ex-presidente da Petrobras foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para facilitar contratos entre a empreiteira e a estatal.
Moro determinou o início de cumprimento da pena em regime fechado — ele já está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com a sentença, a progressão do regime fica condicionada à devolução do “produto do crime”.
Outras quatro pessoas também foram condenadas na mesma sentença. Entre elas, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, com penas somadas de dez anos e seis meses de reclusão, também por corrupção e lavagem de dinheiro.
Como ele firmou acordo de delação premiada, no entanto, o juiz adotou as penas previstas na colaboração. Ele foi preso em junho de 2015, ficou preso por dois anos e meio e, desde dezembro do ano passado, cumpre prisão domiciliar.
Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, denunciado na ação, foi absolvido por Moro por falta de provas.
Veja quem são os condenados:
Aldemir Bendine - condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a 11 anos de reclusão em regime fechado
André Gustavo Vieira da Silva – condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a 6 anos, 6 meses e 20 dias em regime semiaberto
Marcelo Odebrecht – condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a dez anos e seis meses de reclusão
Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis - condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a oito anos e seis meses de reclusão
Álvaro José Galliez Novis – condenado por lavagem de dinheiro a quatro anos e seis meses em regime semiaberto
Por terem firmado acordo de colaboração com a Procuradoria Geral da República, Fernando Reis e Álvaro José Novis têm benefícios no cumprimento das penas, como a progressão para regimes especiais.
O que dizem as defesas
A defesa de Aldemir Bendine afirmou que vai recorrer da sentença porque ele não é culpado das acusações e pelo caráter elevado da pena, visto que, segundo a defesa, Bendine foi absolvido das acusações de integrar organização criminosa, de obstruir a Justiça, de duas das três acusações de corrupção e de seis das sete acusações de lavagem de dinheiro.
O G1 entrou em contato com as defesas de Marcelo Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, mas ainda não teve retorno. Os advogados de Álvaro José Galliez Novis e André Gustavo Vieira da Silva não foram encontrados.
Preso desde julho
O ex-presidente da Petrobras está preso desde o dia 27 de julho de 2017, quando a força-tarefa da Lava Jato deflagrou a 42ª fase da operação, denominada "Cobra".
Bendine é o único ex-presidente da Petrobras que virou alvo de processo na Operação Lava Jato.
Ele assumiu a presidência do Banco do Brasil em abril de 2009, a convite do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os bons resultados na administração do banco fizeram com que Bendine ganhasse a confiança da então presidente Dilma Rousseff.
Bendine foi nomeado para o comando da Petrobras em fevereiro de 2015, no lugar de Graça Foster, com a missão de recuperar a estatal, abalada pela Lava Jato.
Denúncia
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os crimes ocorreram de 2014 a 2017.
Em 2015, Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo delatores da Odebrecht, Bendine já cobrava propina no Banco do Brasil e continuou cobrando na Petrobras.
Quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição.
Mas Marcelo Odebrecht e eis disseram, em delação premiada, que não pagaram o valor por acharem que Bendine não teria capacidade de influenciar no contrato.
Na véspera de assumir a presidência da Petrobras, em 6 de fevereiro de 2015, Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Odebrecht e Reis, segundo o MPF.
Investigadores dizem que o pedido foi feito para que a empreiteira não fosse prejudicada em seus interesses na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.
Segundo os delatores, a Odebrecht optou por pagar os R$ 3 milhões pelo Setor de Operações Estruturadas, como era chamada a área responsável pelas propinas na empresa.
Por G1
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