domingo, março 18, 2018

Delegado de Pernambuco é afastado para investigação de suposto post sobre morte de vereadora Marielle Franco


Secretaria de Defesa Social informou neste domingo (18) que afastou o delegado Jorge Ferreira, da Polícia Civil de Pernambuco, dos plantões na Delegacia da Mulher (DPMul) do Recife, após uma publicação atrubuída ele a respeito do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro na quarta-feira (14). O delegado nega ter escrito os comentários sobre a parlamentar.

Imagens enviadas ao WhatsApp da TV Globo e que vem sendo compartilhadas em oturas redes sociais mostram um comentário em que o delegado teria chamado a vereadora de "mulher de bandido" e outras ofensas.


Em um vídeo publicado neste domingo, no Facebook, o delegado se defende das acusações e diz que "aquilo me apavorou, porque em momento algum eu postei uma coisa daquela natureza, quem me conhece, sabe". Ao G1, ele disse ter acionado a Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) e que vai prestar queixa sobre o ocorrido.


Em nota, a SDS informou que há um mês o delegado dava plantões na Delegacia da Mulher de Santo Amaro, no centro do Recife, mas sem exercer cargos de chefia ou coordenação na unidade. Nas redes sociais, o conteúdo foi compartilhado por milhares de pessoas, gerando uma série de comentários contrários à suposta postura do delegado.

A publicação, segundo a secretaria, foi encaminhada à Corregedoria Geral da SDS, que iniciou uma investigação preliminar. Caso haja procedência na apuração, será instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar, no qual o delegado terá direito a defesa. Até a conclusão da investigação, o delegado fica à disposição do setor de recursos humanos da Polícia Civil.

A nota enviada pela Secretaria de Defesa Social diz, ainda, que o teor das afirmações é "incompatível com o posicionamento do governo, da Secretaria de Defesa Social e da Polícia Civil, que prezam e focam todos os seus esforços na preservação da vida, proteção dos cidadãos, tolerância e paz social".

Em nota divulgada nas redes sociais, a Adeppe afirmou que "Jorge Ferreira é um profissional responsável e extremamente dedicado à missão a que foi incumbido, na defesa dos direitos da mulher", e que o temperamento do delegado é "completamente incompatível com o conteúdo chulo e grosseiro do texto publicado". A entidade também informou que está apurando o caso.

Defesa

Em entrevista ao G1, o delegado Jorge Ferreira negou ter escrito o comentário a respeito do assassinato de Marielle e o atribuiu a montagens ou invasões ao seu perfil pessoal. Ele diz ainda não ter sido comunicado, oficialmente, da suspensão dos plantões na DPMul.

“Mudei de foto no perfil, porque aquilo, com meu rosto, me marcou muito. Vasculhei todas as minhas postagens sobre o assunto e este comentário não existe em lugar algum, porque vai contra tudo o que acredito. Vi, também, que havia no meu perfil um acesso feito no Crato, no Ceará, uma cidade que nunca fui. Além disso, eu estava no plantão quando isso aconteceu. Como poderia ser eu?”, questionou o delegado.

O delegado diz, ainda, ter postado uma série de publicações acerca do assassinato de Marielle, mas sempre “para fomentar a discussão”.

“Eu sempre digo que há que se investigar os fatos e não pular para conclusões de que a polícia matou Marielle. Todo dia se mata mulheres e não necessariamente é a polícia. Por causa dessa postura, devo ter muitos inimigos, dentro e fora da corporação. O que posso dizer perentoriamente é que sou pautado pela lei e que de forma alguma escrevi esse comentário”, disse o delegado.

Confira a nota divulgada pela Adeppe na íntegra:

"A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (ADEPPE) vem a público esclarecer que a postagem que circulou nas redes sociais, com um comentário supostamente publicado pelo Delegado de Polícia Jorge Ferreira, lotado no plantão da 4ª Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, referente à vereadora carioca Marielle Franco, não é de autoria do referido Delegado. Jorge Ferreira é um profissional responsável e extremamente dedicado à missão a que foi incumbido, na defesa dos direitos da mulher. Aqueles que o conhecem minimamente sabem que Jorge possui um temperamento completamente incompatível com o conteúdo chulo e grosseiro do texto publicado. A Adeppe assevera, ainda, que está apurando como se deu a fraude perpetrada, se através de uma conta falsa ou se houve invasão da conta do delegado Jorge Ferreira."

G1 PE

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