Dos 184 municípios, somente 51 estão cumprindo a legislação com a destinação correta do lixo em aterros sanitários. Atualmente existem cinco aterros sanitários privados e oito públicos. "Um aterro pode atender a mais de um município. O sistema pode ser feito por convênio ou consórcio para dividir as despesas. A distância é um fator importante e o recomendável é de no máximo 35km para não encarecer o transporte", explicou Pedro Teixeira, auditor de controle externo de obras.
Na Região Metropolitana do Recife (RMR) apenas Camaragibe, São Lourenço da Mata e Ipojuca ainda não se adequaram à legislação. "Ipojuca está com o aterro controlado, mas ainda não é o ideal. E São Lourenço da Mata deu sinais de que pretende resolver essa questão. O relatório aponta a situação até o fim de 2017", revelou Paulo Henrique Cavalcanti, gerente de auditoria de obras municipais da região Sul.
A situação mais grave é no Sertão do estado. Apenas dois municípios dispõem de aterro sanitário atualmente: Petrolina e Petrolândia. O restante deposita o lixo a céu aberto. "No Sertão, as distâncias chegam a 100km de um município para outro e isso inviabiliza o compartilhamento dos aterros existentes", explicou o auditor Pedro Teixeira.
Um levantamento feito pelo governo do estado em 2012 mapeou a necessidade de 54 aterros sanitários para atender aos 184 municípios. Por enquanto só existem 13 que atendem a legislação. E há 19 aterros públicos controlados, uma versão melhorada do lixão. "O aterro controlado é uma transição para o aterro sanitário", explicou Andréa Coelho, gerente de auditoria de obras da região Norte.
A gestão do lixo é um processo dinâmico. Os municípios que dispõem de aterro sanitário podem perder essa condição a qualquer momento. "Basta um ano sem uma gestão correta do lixo, que a situação regride drasticamente", ressaltou Andréa Coelho. Foi o caso de Garanhuns que contava com aterro sanitário em 2012 e 2013 e perdeu a condição desde 2014. "O aterro sanitário de Garanhuns atendia a outros municípios vizinhos, mas como ele perdeu a condição e não se recuperou os outros municípios voltaram depositar os resíduos em lixão", afirmou Andréa Coelho.
SOCIOAMBIENTAL
Os municípios que cumprem a legislação podem receber 2% do valor do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) para tratar o lixo. A parcela socioambiental é depositada a cada dois anos. "O município tem obrigação de tratar o lixo e recebe esse incentivo, que cobre a maior parte dos gastos e em alguns casos chega a cobrir 100% das despesas. As prefeituras acham que o custo é alto, mas há um retorno ambiental e financeiro", explicou Marcos Loreto, presidente do TCE.
Segundo ele, o órgão está disponilizando a escola de conta para orientar os gestores a investir de forma correta. "A ideia não é punir, mas criar uma mentalidade social e responsável", ressaltou Marcos Loreto.
MAPEAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM PERNAMBUCO
Dos 184 municípios
51 municípios dispõem de aterros sanitários - 27,7%
19 municípios têm aterro controlado - 10,3%
114 municípios têm lixões a céu aberto - 62,02%
Destinação do lixo
5,6 toneladas vão para aterros sanitários
4,4 toneladas vão para os lixões a céu aberto
368 toneladas vão aterros controlados
Evolução
2014
16,3% dos municípios depositavam em aterros sanitários
2015
17,4% dos municípios depositavam em aterros sanitários
2016
17,9% dos municípios depositavam em aterros sanitários
2017
27,7% dos municípios depositavam em aterros sanitários
Exemplos de custo dos aterros e contrapartida do incentivo ambiental
Recife
R$ 29, 5 milhões foi o custo do aterro em 2017
R$ 20,9 milhões da parcela do ICMS socioambiental (70,9% de cobertura)
Jaboatão
R$ 12,3 milhões foi o custo do aterro em 2017
R$ 7,4 milhões da parcela do ICMS socioambiental (60,4% de cobertura)
Caruaru
R$ 4,3 milhões foi o custo do aterro em 2017
R$ 3,4 milhões foi a parcela do ICMS socioambiental (78,5% de cobertura)
Diário de Pernambuco
Fonte: TCE
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