Apesar do revés que o ex-presidente Lula (PT) sofreu na Justiça, comprometendo a sua candidatura à Presidência e pondo em risco o peso do Partido dos Trabalhadores na disputa nacional, o PSB ainda considera estratégica a aliança com os petistas para a eleição desse ano, tendo Pernambuco como palco principal dessa união.
O cálculo da aliança envolve questões regionais e nacionais. O PT está interessado em dar palanques competitivos a Lula, em estados como Pernambuco, além do suporte para a ampliação da bancada federal, que se vê ameaçada, uma vez que a sigla não dispõe mais da máquina poderosa do Palácio do Planalto.
Por outro lado, o PSB espera ter Lula como cabo eleitoral para turbinar a reeleição de Paulo Câmara, caso o ex-presidente supere os obstáculos jurídicos, e também conta com o tempo de rádio e televisão que o PT, com 57 deputados federais, dispõe enquanto segunda maior bancada na Câmara dos Deputados.
Se havia qualquer possibilidade de resistência na Frente Popular, o maior opositor dos governos do PT no Congresso, o deputado Jarbas Vasconcelos (MDB) já mencionou que não fará óbice à aliança com os petistas.
Gestos dos dois lados não faltam para concretizar essa aliança. O camarote do prefeito Geraldo Julio (PSB), que reuniu, em sua maioria, pessoas do núcleo do PSB, contou com as presenças do ex-coordenador do Mais Médicos no governo Dilma, Mozart Sales (PT), e do ex-vereador do Recife Henrique Leite (PT).
Houve sinalizações, inclusive, de que o próprio governador Paulo Câmara estaria pessoalmente empenhado em concretizar essa afinidade. Por outro lado, o senador Humberto Costa (PT) vem amenizando as críticas ao Governo do Estado, direcionando sua atenção aos “aliados do governo Temer”.
No âmbito da Câmara de Vereadores do Recife, o tom do PT está mais tênue nessa legislatura, restando apenas à Marília Arraes (PT) a tarefa de bater no PSB – algo que ela realiza muito mais por questões individuais do que partidárias.
Para o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), que é líder do governo e já foi do PT, qualquer definição depende do resultado do processo de Lula.
“Eu, particularmente, sou favorável a alianças que ajudem os candidatos a governador do PSB. A grande maioria tem uma visão favorável (à aliança com o PT), agora não pode ser uma decisão por pontos, tem que ser algo coletivo. Nós não temos nenhuma posição do partido. Só teremos essa posição no congresso do partido, em março”, assegura, dando uma justificativa parecida com a dos petistas.
“A minha posição é de fazer o que for melhor para a candidatura do presidente Lula. Isso passa pelo crivo do nacional”, diz João Paulo, ex-prefeito do Recife (PT). É como se nenhum dos dois lados quisesse dar o braço a torcer antes da justiça bater o martelo sobre o ex-presidente.
Segundo informações de bastidores, o grande entrave, em Pernambuco, é o projeto de candidatura ao governo do Estado de Marília Arraes – que pode se transformar num projeto para deputada federal ou estadual.
No próprio PT, em reserva, petistas afirmam que Marília não tem sintonia com a cúpula partidária em Pernambuco. Ela poderia ameaçar a posição de Humberto, se saísse candidata a federal, ou a posição de Teresa Leitão (PT), se concorrer a estadual.
Aliados de Paulo Câmara, da mesma maneira, ironizam a tentativa da vereadora de disputar o governo tendo o apoio de apenas uma prefeitura, a de Serra Talhada. “Paulo tem a máquina do Estado, tem o Recife, tem Olinda, tem Paulista. Ela só tem Serra Talhada, não vai dar conta da estrutura que o governador tem para concorrer”, afirma um socialista, em reserva.
Folha de Pernambuco
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