Agentes da Polícia Civil prenderam, no Recife, responsável pelas pirâmides financeiras, durante a Operação Necrópole de Gizé (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Ao contrário do que foi informado inicialmente pela Polícia Civil de Pernambuco, de que o golpe das pirâmides financeiras investigado pela Operação Necrópole de Gizé, deflagrada na quinta-feira (4) no Recife, prejudicou 103 pessoas, o número de vítimas ultrapassa três mil investidores. A informação atualizada foi repassada para o G1 na tarde desta sexta-feira (5) pelo delegado Carlos Couto, responsável pelas investigações, após a corporação encontrar um cofre com duas listas com mais dados de vítimas do golpe dentro da residência do idealizador da pirâmide financeira, Antônio Ferreira de Araújo Júnior, de 41 anos, em Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana.
De acordo com o delegado, Araújo Júnior, após ser preso, havia afirmado que desconhecia a quantidade de pessoas que investiram no esquema. “Ele tinha dito que não sabia a totalidade dos investidores porque tinha perdido o acesso ao servidor com todos os dados. Porém, encontramos duas listas impressas dentro de um cofre em sua casa. Uma delas tem 453 nomes, a outra 2.653, totalizando 3.106”, pontuou Carlos Couto.
Com a descoberta de um maior número de investidores, o delegado acredita que a perspectiva do alcance do esquema muda completamente. Ainda nesta sexta-feira (5), Carlos Couto apontou que foram identificadas, ao menos, duas vítimas em Portugal.
“Vemos que o esquema era bem maior do que imaginávamos. Araújo Júnior e outros três investigados, em conluio, arquitetaram tudo isso com técnicas de marketing multinível. Eles faziam palestras e tinham muitas pessoas nas redes sociais. Eles tinham um grande potencial em captar pessoas”, completou.
Os documentos encontrados nas casas dos quatro investigados já foram analisados. Agora, os investigadores aguardam a quebra do sigilo bancário deles para realizar um trabalho em conjunto com o laboratório de combate aos crimes de lavagem de dinheiro da Polícia Civil.
“Já temos a ideia do alcance do esquema, sabemos que tinha investidores em outros estados, mas não temos noção do valor total que circulou. Vamos fazer o rastreio das contas bancárias para identificar os destinatários de todos esses recursos”, adiantou o delegado.
O crime
Além de prender Araújo Júnior, a polícia identificou mais três possíveis envolvidos na fraude. Todos tiveram contas bancárias bloqueadas e o valor chega a R$ 1 milhão. Para a polícia, Araújo Júnior é quem gerenciava a distribuição dos recursos. O G1 não conseguiu localizar a defesa do suspeito.
Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, os prejudicados pela organização eram investidores de classe média alta. Eles aplicaram entre R$ 10 mil e R$ 50 mil. Ainda de acordo com a corporação, Araújo prometia uma rentabilidade anual de 188%, em 12 meses. Quem aplicava R$ 50 mil, após um ano sem fazer retirada, lucrava R$ 144 mil. O investidor também ganharia por levar outras pessoas para o esquema. (Veja vídeo acima)
Os integrantes da pirâmide financeira investiam dinheiro em espécie, apenas em real. As pessoas recebiam a proposta de alta rentabilidade para não retirar nenhum montante em um prazo de um ano. Além de garantir alta rentabilidade, o responsável pela pirâmide financeira informava aos investidores do Recife que tinha uma empresa no Reino Unido.
“Eles funcionavam como uma corretora de valores, oferecendo um fundo de investimento baseado em Forex. Eles diziam ter um andar inteiro alugado num edifício comercial num empresarial do bairro do Pina, ao custo mensal de R$ 14 mil, além de uma equipe de operadores financeiros em Londres, não uma empresa. Na verdade, tinham apenas um escritório virtual, cujo acesso era limitado a uma reunião por mês”, contou Carlos Couto.
Esta instituição atuou normalmente até setembro de 2016. Naquele mês, Araújo Júnior encerrou os serviços do banco de investimentos e entregou todas as salas.
Por G1 PE
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