quinta-feira, janeiro 18, 2018

Polícia conclui que marido ajudou suspeita a matar rival por causa de emprego

Angélica esfaqueou e matou a vizinha Érica, segundo a polícia, em Santos, SP (Foto: Arquivo pessoal)

A Polícia Civil em Santos, no litoral de São Paulo, decidiu indiciar nesta quinta-feira (18), por homicídio e tentativa de homicídio, o marido de Angélica da Cruz, de 27 anos, por ajudá-la a matar a facadas a vizinha Érica Oliveira da Silva, de 24, e ferir uma das irmãs dela. O delegado do caso avalia a prisão dele.

O crime ocorreu no sábado (13), no bairro Monte Cabrão. Segundo a polícia, Angélica matou a facadas a vizinha e desafeta Érica e feriu duas irmãs da vítima fatal, Débora, de 22 anos, e Danielle, de 29. Testemunhas afirmam que parentes da autora também estariam envolvidos no crime, mas o pai dela disse que é uma "grande mentira".

A motivação, além de ambas estarem brigadas, supostamente ocorreu por conta de uma colocação no mercado de trabalho. Angélica desejaria a vaga de assistente administrativa ocupada por Érica em uma empresa no bairro. A vítima chegou a postar em uma rede social um "meme" provocativo um dia antes do assassinato.


"Eu ouvi as vítimas que sobreviveram e, a partir do que cada uma disse, podemos concluir que o marido de Angélica, identificado como Ronaldo, vulgo Dinho, ajudou a matar Érica e a ferir uma das duas. Por isso, ele também será indiciado", afirmou o delegado Marcos Alexandre Alfino, responsável pelo caso.

Alfino também vai pedir a prorrogação da prisão de Angélica, que venceria ao fim desta semana, por mais cinco dias. "Cada família apresenta uma versão antagônica, mas estamos ouvindo testemunhas para entender o que houve. Sabemos, por hora, que o companheiro da presa foi o único que ajudou efetivamente".

O delegado ainda avalia a necessidade de solicitar à Justiça a prisão de Ronaldo, cuja identidade completa não foi informada. Ao lado do pai, da madrasta e do irmão dela, de 11 anos, ele é esperado no 1º Distrito Policial da cidade para prestar novos esclarecimentos a respeito do que ocorreu naquela ocasião.

Se entregou

Acompanhada de um advogado, Angélica se apresentou no 1º DP de Santos, após a Justiça decretar sua prisão temporária, na segunda-feira (15). Ela prestou depoimento e, em seguida, foi encaminhada à Cadeia Pública Feminina anexa ao 2º Distrito Policial de São Vicente, também no litoral paulista.

"Ela alegou legítima defesa, mas disse que não se lembra de ter esfaqueado as irmãs. Ela também não acusa ninguém de tê-lo feito. A Angélica fala, sim, que pegou uma faca para se defender, mas que não feriu ninguém", explicou o delegado Marcos Alexandre Alfino, que acredita que ela foi a autora do crime.

"A Angélica e a Érica eram brigadas, mas ela nega que almejava o emprego da vizinha. Ela confirma ter entregado o currículo no local, mas diz que não queria pegar a vaga da outra", afirmou o delegado. Alfino vai solicitar que o gerente da empresa preste depoimento para falar sobre as circunstâncias da seleção.

O caso

Segundo a polícia, por volta das 20h de sábado, Érica e mais três irmãs voltavam para casa quando Angélica, que trabalhava em uma barraca de frutas, as viu na rua e começou a provocar a vítima. "Elas começaram um bate-boca e o pai, o irmão e o marido da agressora saíram para ajudar", contou Rafaela Oliveira da Silva, uma das irmãs da vítima, a única das quatro que não se feriu na confusão.

Segundo ela, durante a discussão, o pai de Angélica segurou Érica para que ela ficasse imóvel enquanto a filha esfaqueava a vítima. A faca foi entregue à suspeita pelo próprio marido que, segundo testemunhas, também teve participação no crime.

Érica deu entrada no Pronto Atendimento Médico (PAM) da Rodoviária de Guarujá já sem vida. Débora e Danielle também foram levadas para a mesma unidade de saúde e em razão da gravidade do caso foram transferidas na mesma noite para o Hospital Santo Amaro.

Segundo a polícia, logo após a briga, Angélica fugiu do local e não foi mais vista, até terça-feira (16). Os familiares da suspeita foram até a Delegacia Sede de Santos prestar depoimento sobre o caso e, em seguida, foram liberados.

Familiares da vítima fatal realizaram uma passeata no início da noite de terça-feira nas rodovias Cônego Domênico Rangoni e Rio-Santos, pedindo justiça. "A Angélica entrou em um carro e fugiu, mesmo com a Polícia Rodoviária já ali. A ambulância para salvar as minhas irmãs demorou duas horas para chegar".

Segundo o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, as irmãs de Érica permanecem internadas em quartos distintos, em condições clínicas estáveis, e são acompanhadas por equipes multidisciplinares em razão dos ferimentos. A polícia continua investigando o caso para verificar a real participação dos envolvidos no crime.

Por G1 Santos

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