Desde que deixou o PSB, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho (sem partido), adotou o silêncio e optou por uma desfiliação discreta da legenda. Em entrevista exclusiva, ao vivo, concedida na manhã de quinta-feira (04) ao radialista e blogueiro Assis Ramalho, no programa "Acordando com as Notícias", transmitido pela Web Rádio Petrolândia, o deputado federal licenciado abriu o jogo e comentou o assunto. Na oposição ao governador Paulo Câmara, Fernando Filho teceu críticas e falou sobre os motivos que o levaram a romper com o governo do Estado. Também comentou a polêmica briga pelo comando do PMDB-PE entre seu pai, senador Fernando Bezerra Coelho, e o deputado federal Jarbas Vasconcelos.
Na entrevista, conforme adiantamos em matéria já postada neste Blog, o ministro mandou seu recado aos que o criticam pelo projeto de privatização da Eletrobras, e, por extensão, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). Em resposta a ouvintes que enviaram suas perguntas por whatsapp, Fernando Filho defendeu a privatização como a melhor maneira de garantir um programa de eficiente de revitalização do Rio São Francisco, além de rebater e "alfinetar" os críticos à privatização.
Sobre sua atuação em Petrolândia, de acordo com o ministro, foram colocados à disposição do município mais de três milhões e oitocentos mil reais, de 2014 a 2017, por meio de emendas parlamentares de sua autoria.
Abaixo, a segunda parte da entrevista com o ministro Fernando Filho, disponibilizada na íntegra em áudio (link no final desta matéria)
As possibilidades são grandes. Agora, como nós aprendemos que na política a gente não faz nada sozinho, a gente faz sempre somando e ouvindo, como falei, no campo das oposições tem outras candidaturas colocadas, como a do próprio senador Armando Monteiro [PTB], como a do ministro e deputado Mendonça Filho [DEM], do próprio senador Fernando Bezerra Coelho [PMDB] e também tendo a possibilidade do meu nome. Cada um está fazendo o seu trabalho, cada um está fazendo a sua movimentação, para que, no momento oportuno, que deve ser ao longo do mês de março para abril, a gente possa unir todas essas forças, e apresentar um nome. O que eu posso lhe dizer é que da nossa parte não vai faltar nenhum esforço para que a gente possa estar todos unidos nesse projeto.
Perguntamos os motivos do rompimento com o governo Paulo Câmara
Assis, nós estivemos no projeto de Eduardo (Campos) desde o começo, mas é visível a diferença do que foi o governo Eduardo Campos, e do que é hoje o governo de Paulo Câmara. Esse rompimento veio por discordância da forma de trabalhar, da forma de conduzir as coisas em Pernambuco. Pernambuco, que conseguiu o protagonismo no Nordeste, passando da Bahia, passando do Ceará, e infelizmente foi perdendo, ao longo desses últimos anos, essas posições. Então, tomamos essa decisão. Também houve o fato de a gente não poder participar nem opinar do governo Paulo. Diferente do que foi no governo de Eduardo, em que a gente teve sempre ao lado dele em todos os momentos.
Perguntamos se o ministro, junto com seu pai, o senador Fernando Coelho, sentiram-se isolados do governo de Paulo Câmara
Sim, nos sentimos isolados e a gente entendeu que era melhor apresentar um outro caminho, começar a marchar em uma outra estrada, e é isso que a gente está fazendo. No momento oportuno, a gente vai ter a chance de fazer as nossas colocações, apresentar as nossas propostas, mas, uma coisa é certa, Assis, [Pernambuco] não pode continuar como está. A insegurança que vive a população de Pernambuco, a frustração da população saber que o Estado não está crescendo mais, as dificuldades que as prefeituras estão vivendo na demora dos repasses dos recursos do governo do Estado. Assis, nós estamos em 2018 e tem cidade recebendo, ainda, o FEM [Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal] de 2014, de 2015, três anos atrás. O repasse na saúde também está bastante atrasado. As condições da segurança, agora, antes da eleição, estão entregando viaturas, como se com simples viaturas fosse resolver a situação. Precisa das viaturas, mas precisa dar condições ao policial. Você vai na área dos professores, também, está da mesma forma. Pernambuco, que ainda tem bons índices na área da educação, mas se a gente não mantiver o professorado todo animado, vamos perder tudo que nós conseguimos conquistar no governo Eduardo Campos. Então, nós estamos aí, juntos à oposição, com diversos nomes, porque nós vamos apresentar um projeto alternativo para que a gente possa devolver a Pernambuco a força e o protagonismo, a partir do ano que vem.
Perguntamos sobre as reais possibilidades de o ministro ou o senador Fernando Bezerra Coelho ser candidato ao governo do Estado na eleição deste ano.
Perguntamos sobre a disputa entre seu pai e o deputado federal Jarbas Vasconcelos pelo comando do PMDB em Pernambuco.
Na verdade, o senador Fernando Bezerra Coelho e a minha pessoa, nós recebemos o convite para poder se filiar ao PMDB de Pernambuco. E a gente sentiu, da direção nacional do PMDB, uma necessidade de renovação por parte do PMDB em Pernambuco. Com todo respeito que a gente tem pelo ex-governador e deputado Jarbas Vasconcelos, mas, ele aqui [em Pernambuco] criticava o PMDB nacional, e lá [no Congresso Nacional] passa a dizer que defende o PMDB nacional. E hoje, nessa era das informações digitais em que a gente vive, essas notícias também chegaram até Brasília de que aqui, ele, aliado ao governador Paulo Câmara, é um ferrenho crítico ao próprio partido, e lá quer se passar como se nada tivesse acontecido. E com o convite feito e aceito pelo senador Fernando Bezerra Coelho, se iniciou esse processo de troca no comando da sigla, que está ocorrendo nas instâncias partidárias.
Entre o ministro e o senador Fernando Bezerra Coelho, perguntamos quem teria mais chance de sair como candidato ao governo do Estado.
Eu sou [pré-]candidato a deputado federal, estou trabalhando para isso, para poder renovar o meu mandato [pela 4ª vez]. Agora, é lógico que, dentro dessa discussão que as oposições estão fazendo, com outros nomes, como eu falei aqui, mas, principalmente, eu e o senador Fernando Bezerra Coelho, nós vamos, no momento certo, ver quem é que tem as melhores condições para poder ir para essa disputa. Mas, hoje, eu trabalho com a possibilidade de disputar o mandato de deputado federal.
Perguntamos se, na visão do ministro, existe possibilidade de o presidente Michel Temer sair como candidato a reeleição. E, se não, quem seria o candidato indicado pelo governo.
Assis, eu não acredito nessa possibilidade [de Temer buscar a reeleição]. O presidente Temer assumiu como governo de transição, de poder fazer as reformas que o Brasil precisa que sejam feitas, de reorganizar a casa e, como ele mesmo diz, ele vai entregar o governo em 1º de janeiro de 2019 ao sucessor, um Brasil muito melhor do que ele recebeu. O desemprego que estava crescendo, agora, graças a Deus, está caindo o número de desempregados. A inflação já era mais de 10%, e hoje está a menos de 3%. Os juros já eram mais de 10%, hoje já está em aproximadamente 7% ao ano. Então, o país está voltando a crescer e ele vai cumprir esse papel, como ele disse, até o final, mas, o candidato a presidente apresentado, por enquanto, eu acredito que ele ainda vai aparecer aí nos próximos dias.
Agradecemos a atenção do ministro com a reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia, e pedimos as considerações finais do ministro.
Assis, eu gostaria de agradecer o convite que você me fez, mais uma vez, como eu falei. Nós, hoje [quinta-feira, 04] vamos visitar associações, a Associação Café com Arte, vamos fazer entrega de trator [Brejinho da Serra], entrega da Casa do Mel [Agrovila 03 do Bloco 04, Icó-Mandantes] e, depois, seguir para outros municípios. Eu queria agradecer a todos que prestigiaram a nossa reunião ontem à noite [no Restaurante Donna Júlia], agradecer a acolhida de todos de Petrolândia na pessoa do empresário Geraldo (Melinha), que me recebeu em sua casa nesta manhã, agradecer aos meus amigos vereadores, com quem tive oportunidade de conversar, principalmente o Dedé [de França, do PSB] e o Delano [presidente da Câmara, também do PSB), mas, também mantive conversa com o vereador Eudes [Fonseca, do PV], com o meu amigo, de longas datas, seu Amadeu [Lima, ex-prefeito de Petrolândia], Armando Rodrigues [empresário do Grupo Sanfrancisco], e queria aproveitar para desejar a todos os nossos votos de um feliz 2018, na certeza que esse ano vai ser muito melhor do que foi o ano de 2017. E, quem sabe, Assis, a gente não vai ter uma outra conversa neste seu programa, com mais calma, para que a gente possa melhor se expressar.
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Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Lúcia Xavier/BlogAR
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