A poucas horas do início do julgamento que poderá tirá-lo da eleição de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta terça (23) em Porto Alegre um discurso recheado de ataques. Um mercado com "yuppies", uma "elite perversa" e uma "imprensa mentirosa" foram os principais alvos do petista na Esquina Democrática, praça em Porto Alegre.
A ex-presidente Dilma Rousseff também esteve presente no movimento em defesa de Lula e afirmou que, assim como o impeachment que a tirou do poder, o plano de inviabilizar a candidatura de Lula tem como objetivo acabar com programas sociais e privatizar a previdência. Reforçando as palavras de Dilma Rousseff, Lula começou seu discurso afirmando que não iria falar sobre seu julgamento, uma vez que seus advogados já provaram sua inocência. "Quero falar sobre soberania, enfraquecimento de leis trabalhistas e da 'safadeza' que querem fazer na previdência".
Lula ainda criticou os rumores sobre a candidatura do apresentador Luciano Huck à presidência da República, em 2018. "Eles estão tentando criar o candidato que vai representar o Brasil numa coisa chamada Caldeirão”, disse o ex-presidente, que também atacaou a imprensa nacional. “Eu duvido que os jornalistas que escrevem mentiras a meu respeito, Bonner durma todo dia com a consciência tranquila. Eu sei que não cometi crime e ele sabe que está mentindo”, concluiu.
As críticas fazem parte estratégia do ex-presidente em concentrar seu discurso não no julgamento, mas defender-se publicamente como forma desviar as atenções do público para a sua candidatura à presidência, este ano. “Eu duvido que tenha um magistrado mais honesto que eu nesse país. Por isso a minha tranquilidade, a tranquilidade dos inocentes”, disse em sua defesa.
“A direita não tem candidato, está tentando construir um candidato, querem qualquer coisa que não seja o Lula. E quando vejo isso, de quererem qualquer um menos o Lula, penso que sou bom para caramba. Eles, tranqueira por tranqueira, arrumaram um Temer”, disse o petista, que ainda criticou os apoiadores do governo, afirmando que eles "inventaram uma doença chamada PT". "Essa doença causava um mal que era a ascensão dos mais pobres (...) As pessoas ficaram tão focadas que não queriam mais andar de ônibus, queriam andar de avião".
Por fim, Lula, que será julgado amanhã pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator do processo; Leandro Paulsen, o revisor e Victor Laus, afirmou que "qualquer que seja o resultado" continuará "lutando para que as pessoas tenham respeito e dignidade" no país. "Quando vocês estiverem desanimados, lembrem de mim. Tenho 72 anos com energia de 30 e tesão de 20 para lutar”, disse Lula, no desfecho de seu discurso em Porto Alegre.
Diário de Pernambuco
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