A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por unanimidade no TRF4, ontem (24), acrescentou ao cenário eleitoral em Pernambuco dois ingredientes: se de um lado as chapas petistas podem sair fortalecidas com o sentimento de que Lula foi vítima de perseguição, por outro, pode levar o partido a buscar a sobrevivência eleitoral no palanque do governador Paulo Câmara (PSB), caso as candidaturas percam musculatura com uma eventual prisão de Lula. A principal razão do último aspecto está relacionada, sobretudo, à eleição proporcional. Isso porque o partido precisa eleger deputados federais para garantir o fundo partidário das próximas eleições municipais.
Apesar da resolução do diretório pela candidatura própria, sem nomes mais robustos, a não ser o do ex-prefeito João Paulo, a saída mais viável pode ser procurar uma coalizão que dê coeficiente (mínimo de 170 mil votos) para montar uma bancada federal. Hoje (25), o PT se reúne, em São Paulo, com lideranças para definir novas táticas e a pauta eleitoral dos estados deve entrar no debate. Embora os dois partidos saiam ganhando com a aliança - o PSB ganha tempo de propaganda na televisão e rádio -, de acordo com o cientista político Hely Ferreira, o PT precisa mais do PSB que o contrário.
"Na eleição passada o PT não fez nenhum deputado federal. O grande problema é que quem são os nomes do PT em Pernambuco? Praticamente se resumem a João Paulo e o senador Humberto Costa. O PT precisa de um palanque que tenha visibilidade para sobreviver", opinou o especialista. Ele pondera, no entanto, que mesmo que Lula não seja candidato, ele continua como um potencial puxador de votos.
Na mesma linha, o analista político Elton Gomes afirmou que não haverá eleição sem o ex-presidente. "Ele continuará atuando como cabo eleitoral, continuará investindo na estratégia eleitoral. O que se discute agora é quanto ele transfere. O PT Pernambuco já vinha amargando muito antes da crise política começar a valer. A rigor foi desde que o PSB ganhou a prefeitura e agora a única chance que resta ao PT é que ele esteja atrelado à Frente Popular", avaliou. Segundo ele, a questão mais importante é ter uma frente para conseguir eleger deputados na Câmara já que o tamanho da bancada é o que definirá o fundão que vai financiar as eleições de 2020.
Para o ex-prefeito do Recife e primeiro-secretário do PT, João da Costa, as chances eleitorais do PT ficarão maiores com a condenação de Lula. "O TRF não apontou nenhum crime de Lula. Não tem nada que materialize uma condenação e o povo percebe essa perseguição ao PT e a Lula. Isso dará mais gás para militância, com a possibilidade de consolidar uma frente com movimentos sociais e abre perspectivas fortes de disputa para as eleições", disse o ex-gestor.
Sobre a vantajosidade de uma eventual aliança com o PSB, João da Costa falou que o partido conseguiu unificar vários partidos na luta contra a condenação de Lula e que a aliança vai depender dos desdobramentos. "Vamos ver como se comportam os partidos. O que é central é lutar pela revogação da condenação. Vamos lutar politicamente e em Pernambuco vai estar articulado com a luta nacional, em que o PSB se posicionou em apoio a Lula. A direção nacional estará dialogando com a regional. Vamos ver se o PSB nacional continuará na frente".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.