Mestre Suíno calcula que já existem cerca de 30 'ministérios' de capoeira, ou seja, grupos diretamente ligados a igrejas (Reprodução BBC Brasil)
Estavam presentes o berimbau, o atabaque, a ginga e os saltos mortais. Quase tudo fazia lembrar um jogo de capoeira típico, mas, em vez dos cânticos que enaltecem os orixás ou trazem referências à cultura negra, os versos faziam louvor a Jesus Cristo e a roda era alternada com momentos de pregação e oração.
"Não deixa seu barco virar, não deixa a maré te levar, acredite no Senhor, só ele é quem pode salvar", cantavam as cerca de 200 pessoas, reunidas na quadra de uma escola para o "1º Encontro Cristão de Capoeira do Gama" (cidade satélite de Brasília), numa tarde de sábado.
Era mais um evento de capoeira evangélica, também chamada de capoeira gospel, vertente que ganha cada vez mais adeptos no Brasil, principalmente por meio da palavra e do gingado de antigos mestres que se converteram à religião.
Se antes a prática enfrentava resistência dentro de igrejas, agora, nessa nova roupagem, é cada vez mais considerada uma eficiente ferramenta de evangelização.
"Hoje é difícil você ir numa roda que não tenha um (capoeirista evangélico), e vários capoeiristas viraram pastores. É um instrumento lindo de evangelização porque é alegre, descontraído, traz saúde, benefícios sociais", afirma Elto de Brito, seguidor da Igreja Cristã Evangélica do Brasil e um dos palestrantes do evento.