Sede administrativa da ilha passa por modificações nas suas dependências e terá um memorial para visitação (Foto: Eloíde Araújo)
O Palácio de São Miguel, sede administrativa de Fernando de Noronha, está na reta final da sua requalificação. Foram feitas intervenções em toda a coberta, restauro dos tacos originais do piso e dos móveis antigos, alguns deles de meados do século XX. O vitral que fica localizado na parede posterior do edifício, da escola do artista alemão Heinrich Moser, feita pela vitralista Aurora Lima, também está sendo totalmente restaurado. Toda a escadaria do prédio também está em fase de conclusão da requalificação, como também a pintura de todo o prédio.
Além disso, novos mobiliários estão sendo colocados para atender melhor as demandas dos setores administrativos, com mudanças no layout, que contará com novas ornamentações. Além da requalificação do Palácio de São Miguel, o monumento doado pelo governo português, construído em homenagem aos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que fica em frente ao palácio, está em processo de restauro. Da mesma forma que os dos canhões do século XVIII, retirados do Forte do Bom Jesus do Leão e duas Baterias Antiaéreas, do século XX, da II Guerra Mundial, instalados ao lado do monumento.
O prédio de 550 metros quadrados fica localizado na Vila dos Remédios e é tombado como Patrimônio Histórico, por isso que toda a execução da requalificação teve que ser autorizada pelo Iphan. Após as intervenções no Palácio, um espaço será reservado para a criação de um memorial com as fotografias de todos os ex-administradores de Fernando de Noronha e que será aberto ao público.
“Essa requalificação era de extrema urgência, porque já estava em processo muito avançado de desgaste nas suas estruturas. Principalmente o telhado, que não estava conseguindo conter as chuvas, e o piso de taco original com sérios problemas. Vamos entregar para a população noronhense no dia 11 de dezembro um Palácio de São Miguel mais bonito e aconchegante, com um espaço para visitação contando um pouco sobre a história do local”, comenta o administrador de Fernando de Noronha, Luís Eduardo Antunes.
História
Importante prédio isolado, de um só pavimento, possuía quatro fachadas e era circundado por terraços. Na fachada principal, o acesso se dava por uma escadaria em forma de leque. O prédio servia como “Directoria do Presídio”. Na década de 1940, a administração do Território Federal funcionava, precariamente, no “Q.G.” da guarnição, instalado na a antiga “casa paroquial”. Havia o interesse em aproveitar as paredes principais da velha “Directoria” onde, de 1942 a 1945, tinha sido aquartelado o comando do Grupo Antiaéreo do Destacamento Misto, da II Guerra Mundial.
Em 24 de setembro de 1945, tiveram início as adaptações e ampliações do antigo prédio, feitas por pessoas da própria ilha, sob a coordenação do ex-preso político comunista Mariano Lucena. A “Festa da Cumieira” aconteceu em 25 de dezembro daquele ano, com bênção do Capelão Militar, Padre Hipólito Pedrosa.
De 1945 a 1947, o casarão colonial foi sendo restaurado e ampliado (na sua parte posterior) e acrescido de mais um pavimento, passando, assim, a ter terraços cobertos nos dois pavimentos, telhado em dois vãos de quatro águas, platibanda e janelas. A inauguração aconteceu em 1º de dezembro de 1947, com bênção do Capelão militar Padre Joaquim Oliveira, que teve como acólito o franciscano Frei Caetano. No Palácio de São Miguel, foi então instalada a sede do Governo do Território Federal Militar, com seus órgãos civis e militares, no tempo do Governador Major Mário Fernandes Imbiriba.
Em alguns períodos de governo, o pavimento inferior serviu também como residência do Governador militar. Desde essa época, passou a ser chamado Palácio São Miguel. E ali funcionou – no andar térreo - um pequeno Museu e Arquivo Histórico, bem como a sede do primeiro banco instalado na ilha – o Banco Real – em 1975. No seu interior, na parede de uma das salas do andar térreo, foram deixadas evidências da construção anterior, em pedra, fruto da mão-de-obra carcerária então existente.
Uma tela de valor ornamental e de grande porte, obra do pintor Wash Rodrigues, levado a Noronha em 1947, que registra a possível entrega pacífica da ilha pelos holandeses aos portugueses, em 1629, junto à Baía Sueste, está instalada na sala do Administrador do Distrito.
Ney Anderson/Fernando de Noronha e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade
Ney Anderson/Fernando de Noronha e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade
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