"A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção", afirmou Segóvia, completando: "É um ponto de interrogação que fica hoje no imaginário popular brasileiro e que poderia ser respondido se a investigação tivesse mais tempo", completou.
O diretor da PF afirmou ainda que alguns fatos da delação premiada da JBS precisam ser melhor explicados. "Quando acontece na quarta-feira o anúncio de toda a exposição na PGR o que se descobriu em seguida foi que a JBS havia ganhado muito dinheiro no mercado de capitais de maneira ilegal. Foram fatos que aconteceram e que talvez tenham que ser melhor explicados. E talvez seria bom, para que o Brasil inteiro soubesse, que houvesse uma transparência maior sobre como foi conduzida aquela investigação", declarou, acrescentando: "Quem pôs esse deadline, que finalizou a investigação, foi a Procuradoria-Geral da República. Ela seria a melhor a explicar por que foi feito aquilo naquele momento e por que o senhor Joesley [Batista] sabia que ia acontecer para que ele conseguisse ganhar milhões no mercado de capitais".
O presidente Michel Temer foi denunciado por Rodrigo Janot, então procurador-geral, por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa em decorrência da delação de Joesley Batista, dono da JBS. Uma das provas usadas na denúncia foi a filmagem do ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures saindo de uma pizzaria em São Paulo carregando uma mala com R$ 500 mil, entregue pelo empresário da JBS.
Contudo, Segóvia também frisou que dará celeridade ao inquérito em que Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas irregularidades no decreto dos portos. "Ele (Temer) continuará sendo investigado, sem nenhum problema. Terá toda celeridade, como os demais inquéritos no Supremo Tribunal Federal", disse.
Troca
Formado em direito pela Universidade de Brasília UnB), Segóvia está há 22 anos na Polícia Federal. Foi superintendente regional no Maranhão e adido policial na África do Sul. Em boa parte de sua carreira, exerceu funções de inteligência nas fronteiras do Brasil.
Leandro Daiello estava no cargo desde 2011, nomeado na gestão do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e já havia manifestado interesse em deixar o cargo.
Fonte: Jornal do Brasil
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